A exposição começa nesta sexta-feira (1) no Espaço 800 com obras que abrem suas janelas para um mundo bucólico e colorido
As obras, da artista Eliete Tordin, retratam cenas do cotidiano na região de Valinhos, mas também reproduz temas infantis e expressões culturais populares (Divulgação)
Uma arte popular e espontânea, que transporta o visitante para um mundo ingênuo, quase inocente. Os quadros são bem coloridos, com desenhos delicados que resgatam a vida do campo com toda sua simplicidade. Esta é a representação dessa vertente, que chega ao Espaço 800 amanhã, às 19h, e permanece aberta para visitação até 13 de maio, com entrada gratuita. O curador Beto Mallmann comenta que "esses artistas autodidatas enxergam o mundo de uma forma pura e bucólica, como todos deveríamos olhar, principalmente nos dias de hoje".
Naïf é uma palavra francesa que tem como significado algo que é ingênuo ou inocente. O termo é usado para designar uma vertente artística espontânea e autodidata muito valorizada no exterior, principalmente as obras dos pintores brasileiros. Nesta mostra serão expostos 10 quadros de cada artista. Eliete Tordin é de Valinhos e Adolfo Bueno, de Santa Cruz do Rio Pardo, mas abandonou a vida na cidade e mora atualmente na Serra da Matinqueira. Ambos se dedicam a uma pintura minuciosa em detalhes e usam cores brilhantes e alegres.
"Reconhecendo-me avessa a métodos e técnicas convencionais de pintura, me tornei autodidata, deixando aflorar nas telas memórias e formas de expressões espontâneas", conta Eliete, que começou a pintar sem saber que aquele era um estilo Naïf, conhecimento que adquiriu depois. Sua primeira exposição foi em 1998, no Salão de Arte Contemporânea de Campinas e, desde então, participa de eventos e exposições nacionais e também em Portugal. Ela mantém seu portfolio no site: http://elietetordin.com.br/
Suas obras retratam cenas do cotidiano na região de Valinhos, mas também reproduz temas infantis e expressões culturais populares. Seu principal diferencial é a grande quantidade de detalhes em todos os quadros que cria."Não imponho normas nem limites às paisagens imaginárias da minha pintura. Apenas deixo-me envolver pelas lembranças de uma infância feliz e pela bela e singular paisagem da região onde moro, mantendo a simplicidade", declara.
Adolfo Bueno usa um denso pontilhismo, uma técnica onde as largas pinceladas são substituídas por pequenos pontos de cores lado a lado (Divulgação)
Vida na roça
Adolfo Bueno também é autodidata e abandonou a vida na cidade grande para viver na roça, em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos, e se dedicar à arte. Por isso, os detalhes da Serra da Matinqueira são o principal cenário de suas pinturas. Ele usa um denso pontilhismo - técnica onde as largas pinceladas são substituídas por pequenos pontos de cores lado a lado -, o que diferencia seus quadros há mais de 20 anos. "É uma pintura terapêutica, com muitos detalhes e imersão, cuja criação vai se modificando durante o processo", diz.
Sua forma de pintar é quase um ritual, uma construção artesanal do Naïf montanhês cheio de luzes e sombras, um reflexo da região que ele escolheu para viver. A subjetividade delicada e contundente de suas obras é revelada pelas cenas cotidianas com montanhas, flores e pássaros e, outras vezes, com personagens locais em temáticas simples, oscilando entre o figurativo e o abstrato. Para saber mais, acompanhe o artista em seu Instagram: @adolfobuenojr
Programe-se
Exposição Arte Naïf: Poesia nos Pincéis
Artistas: Eliete Tordin e Adolfo Bueno
Onde: Espaço 800 - Rua Frei Antonio de Pádua, 800, Guanabara
Quando: de 01/04 a 13/05, com visitação de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h
Entrada franca
O termo arte Naïf aparece no vocabulário artístico como sinônimo de arte original e/ou instintiva, produzida por autodidatas. Se caracteriza pela ausência das técnicas usuais de representação e pela visão ingênua do mundo. As cores brilhantes e alegres - fora dos padrões usuais -, a simplificação dos elementos decorativos, o gosto pela descrição minuciosa, a visão idealizada da natureza e a presença de elementos do universo onírico são alguns dos traços considerados típicos dessa modalidade.
A história da pintura Naïf começa no Salon des Independents (Salão dos Independentes), de 1886, em Paris, e de lá corre o mundo. Soluções da arte Naïf são incorporadas a diversas tendências da arte moderna e hoje desenha um circuito próprio com museus e galerias especializados em todo o mundo. No Brasil, esta tendência surgiu nos anos 1960 e os artistas desse movimento produziram trabalhos com estética e estilo próprios, sempre com liberdade e sem amarras. Hoje já conta com museus próprios no Rio de Janeiro e Goiás.