Local recebe atividades como oficinas de batuque, dança, grafitti, desfile de escolas de samba e shows
A entrada para o evento é gratuita, mas é incentivada a doação de um quilo de alimento não perecível por pessoa (Divulgação)
Embora ainda não tenha sido oficializado em forma de lei, o Dia Nacional do Samba é comemorado em 2 de dezembro. Para celebrar a data, a Liga Independente das Escolas de Samba de Campinas (Liesca) promove neste sábado, entre 9h e 19h, uma série de atividades na Estação Cultura, celebrando o ritmo e, também, antecipando a volta das escolas de samba à avenida. Estão programados shows, desfiles, oficinas e manifestações do hip-hop, como a dança e o grafitti. As atividades são abertas e gratuitas, mas o ingresso solidário na forma de 1kg de alimento não perecível é incentivado.
"A comemoração é salutar para refletir sobre o samba, sobre a dificuldade que é manter viva essa cultura popular em uma cidade que ainda guarda resquícios da época da escravidão", afirma o presidente da Liesca, Edson Joia. Ele salienta que os sambistas precisam fazer a sua parte e isso envolve chamar os jovens para conhecer e se envolver com as diferentes manifestações do samba. E afirma que mais do que colocar as escolas na avenida, a entidade quer profissionalizar as agremiações, oferecer cursos e promover eventos durante o ano e para isso tem buscado apoios.
EVENTOS MULTICULTURAIS
A festa campineira do Dia do Samba começa às 9h no Barracão de Lata da Estação Cultura (ao lado do estacionamento), com uma vivência promovida pelo Núcleo Cupinzeiro, que existe há 23 anos e trabalha com pesquisa e criação musical, rodas de samba, espetáculos cênico-musicais, um bloco carnavalesco e espaços de formação em Barão Geraldo. Segundo Anabela Leandro, uma das fundadoras, o objetivo da oficina é inserir as pessoas - mesmo as que não sabem música - na dinâmica do bloco. O Cupinzeiro é formado por 70 pessoas e promove esses encontros como um processo de aprendizado coletivo, onde os participantes aprendem pela observação, fazendo, experimentando e entendendo o diálogo entre os instrumentos. Quem quiser participar é só chegar e se inscrever. Serão 35 vagas oferecidas para a vivência, que dura cerca de 1 hora.
Às 10h começa a intervenção artística do Samba de Bumbo, evento que integra a Jornada do Patrimônio do Estado de São Paulo. A iniciativa pretende enriquecer o conhecimento sobre conservação patrimonial, mas também fomentar a troca de experiências e boas práticas nas comunidades, incentivando a memória e o pertencimento do conhecimento cultural da cidade. Das 10h às 13h, vários movimentos tomam conta do espaço com intervenções culturais como a grafitagem, a turma do passinho (movimento dos anos 1980 que ensina danças ritmadas), as apresentações de hip hop e do samba rock. Durante todo o evento haverá um espaço para exposição de artesanato, área kids e praça de alimentação.
SHOWS E DESFILES
O projeto Samba de Guiné abre às 13h a série de shows para festejar o samba. O grupo é de Hortolândia e traz uma nova vertente, mais jovem e voltada ao samba de terreiro, que celebra as religiões de matriz africana. Às 14h ocupa o palco o grupo campineiro Casa Caiada, criado em 2008 e composto por Silo Sotil (voz principal), Gustavo Moscardini (voz e violão) e Bruno Sotil (voz e percussão).
Os músicos reverenciam a tradição com arranjos modernos e têm um repertório diferenciado que inclui sambas de breque, sincopados e sambas autorais. O músico Silo Sotil diz que entre tantas datas comemorativas e oficiais, poucas representam tanto quanto o Dia do Samba. Ele comenta que "da sua origem e a sua adequação nestas terras tão nobres, se fez cultura de um povo e modo de vida. Na sua fina cadência, nasceram os tantos personagens e os estereótipos que perambulam no imaginário e bailam diante da realidade. O tanto que sofreu e o tanto que se escondeu, mas a sua força e o seu tamanho impossibilitaram a manutenção de qualquer tipo de esconderijo. Mesmo oprimido e relegado aos fundos dos quintais, ele sobreviveu. Mesmo relegado à vadiagem, ainda assim resiste (só quem vive dele sabe o trabalho que dá). O samba é nosso. Do jeito que se toca, do jeito que se faz". E diz mais: "o samba é religião, é alegria e a tristeza que resvala o cotidiano. É saída do oprimido que samba com a graça que só ele consegue encontrar. É inevitável. Seja de coturno ou bota de couro, seja com ostentação ou com uma viola na mão, seja por um instante, com vergonha ou entre gargalhadas se ainda não sambou, você ainda há de sambar".
Às 16h terá início o mini desfile das escolas de samba na plataforma da estação, cada uma se apresentando por 15 minutos com pequenas representações das alas, como uma minibateria, mestre-sala, porta-bandeira e passistas. A abertura segue a tradição espiritual de homenagem aos ancestrais, com a participação do Bloco Afoxé Ilê Ogum, o primeiro bloco de samba afoxé criado em Campinas (1982), no Jardim Nova Europa. Ele será seguido pelas escolas Império do São Fernando, Majestade do Samba, Estrela Dalva, Unidos do Shangai, Rosa de Prata, Leões da Vila Padre Anchieta e finaliza por volta das 18h, com show das agremiações.
O sambista carioca Renato da Rocinha põe o ponto final na comemoração com o show que começa às 19h. Ele é um sambista da nova geração que tem mantido a tradição do samba e atrai a juventude. Nascido e criado na Rocinha, famosa favela do Rio de Janeiro, frequenta desde criança as rodas de samba e pagode, criando uma paixão que com o tempo e vivência entre os bambas do samba carioca, foi consolidada no lançamento de dois discos independentes (2009 e 2015) e um EP gravado em 2017. Ele tem 44 anos e uma voz que lembra os grandes intérpretes desse gênero.
SOLIDARIEDADE
A entrada para o evento é gratuita, mas é incentivada a doação de um quilo de alimento não perecível por pessoa, que será destinado à Central Única das Favelas (Cufa) de Campinas.
PROGRAME-SE
Dia do Samba
Quando: sábado, 2/12, das 9h às 19h
Onde: Estação Cultura - Estacionamento gratuito na Rua Francisco Deodoro, 1050, Vila Industrial
Entrada: 1kg de alimento não perecível
Informações: Instagram @edtacaoculturacampinas @liescaoficial