Apresentação montada para ser exibida em ruas e praças sensibiliza o público, por meio da arte, a combater as diferentes formas de violência contra a mulher
Artistas criaram o espetáculo coletivamente em quatro meses e utilizam poesia, teatro, dança e música executada ao vivo para divulgar mecanismos de proteção às vítimas de violência (Fabiana Ribeiro)
Uma montagem que une música, dança, poesia e teatro, mas vai muito além do entretenimento. Assim é "Cabaré das Fortes", um espetáculo de rua caracterizado pelo encontro de mulheres fortes em torno de um único objetivo: defender-se coletivamente. "Elas são trabalhadoras, ativistas, artistas, mães, filhas, cuidadoras, estudantes e o que mais as urgências da vida solicitarem, mas mesmo preocupadas com tantas coisas são capazes de realizá-las todas ao mesmo tempo, porque descobriram que em coletivo vão mais longe", explica Érika Cunha, que idealizou e dirigiu a montagem.
A dramaturgia foi organizada pela diretora Érika Cunha a partir dos textos de 12 mulheres que compartilharam suas experiências artísticas e de vida e, junto com um núcleo de artistas, se dedicou a estudar a lei Maria da Penha e os mecanismos de proteção aos direitos das mulheres. A esses textos foram incorporadas a poesia de Jeniffer Éffe's e um trecho do livro “Liberte-se” de Geysa Júnia Amorim, colocando o público no clima de um cabaré. De uma maneira sensível e bem-humorada as mulheres apresentam as cenas utilizando a poesia, o teatro, a dança e a música executada ao vivo, para divulgar os mecanismos de proteção às vítimas e a importância da rede de apoio para romper o ciclo da violência doméstica.
Um dos momentos cômicos do espetáculo é a batalha de argumentos entre homens machistas e as mulheres cientes de seus direitos, que busca desconstruir mitos e a desinformação sobre a legislação e mecanismos de proteção às mulheres e, assim, conquistar aliados em defesa dos direitos das mulheres. Entre as atrações musicais do Cabaré das Fortes, estão homenagens à Maria da Penha, uma mulher nordestina, ativista do direito das mulheres e que foi vítima de violência doméstica, tendo lutado por décadas pela condenação de seu ex-marido agressor que tentou matá-la por duas vezes.
A artista e Promotora Legal Popular Nil Sena emprestou a melodia da potente canção de Milton Nascimento "Maria Maria" e reescreveu seus versos para enaltecer a ativista. A cantora e compositora Naná Cosme compôs o baião "Yaba Penha", no qual cada uma das seis divindades femininas da religião iorubá são evocadas a proteger diferentes aspectos da vida das mulheres, bem como reverenciar sua força.
A diretora conta que sua inquietação e desejo de colocar o teatro a serviço do combate à violência contra as mulheres teve início em 2019, com um projeto de pós-doutorado na Unicamp e com a montagem de um espetáculo de palco. Depois dessa experiencia compartilhada com o Grupo Matula Teatro, ela resolveu levar a temática para a rua, num trabalho formado 100% por mulheres. O espetáculo foi criado em quatro meses, período que tiveram palestras com médica, psicóloga, advogada e promotora legal popular, que auxiliaram para que a dramaturgia pudesse ser criada de maneira colaborativa. O mesmo aconteceu com a trilha sonora, que é executada ao vivo, com criações de integrantes do grupo. O projeto foi realizado com o patrocínio do Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC).
PROGRAME-SE
Espetáculo "Cabaré das Fortes"
Quando e onde:
✔ Sábado, dia 27/1, às 11h Praça Bento Quirino - Entre as ruas Barão de Jaguara e Thomas Alves, Centro
✔ Domingo, dia 28/1, às 11h Praça Imprensa Fluminense - Feira do Centro de Convivência, Centro
✔ Sábado, dia 3/2, às 11h Praça do Coco - Rua José Martins, 758, Barão Geraldo
✔ Domingo, dia 4/2, às 11h Centro de Lazer Parque Oziel - Esquina das ruas José Pereira dos Santos e Caetano Antonio Milesoli, Jardim Monte Cristo
Acesso Gratuito
Informações: Instagram @cabaredasfortes
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