Entrada gratuita

Espetáculo aTERRAr estreia em Campinas nesta sexta no CIS Guanabara

Cláudia Millás e Érica Tessarolo utilizam dança, vídeo, música e fotografia para sensibilizar o público a pensar e agir criticamente frente ao colapso ambiental

Do Correio.com
31/08/2023 às 10:13.
Atualizado em 31/08/2023 às 10:13
O espetáculo em multilinguagens convoca o público a um pensamento crítico e a urgente necessidade de agir para a construção de outros mundos (Karina Couto)

O espetáculo em multilinguagens convoca o público a um pensamento crítico e a urgente necessidade de agir para a construção de outros mundos (Karina Couto)

A atividade humana sobre o planeta Terra, seus impactos no clima, biodiversidade e sociedade já é reconhecida por diversos pensadores e cientistas como uma nova época geológica, chamada de Antropoceno. Com o objetivo de levar esta informação científica para além do meio acadêmico e do círculo de ambientalistas, as artistas da dança Cláudia Millás e Érica Tessarolo criaram o espetáculo “aTERRAr - E se deixássemos de ser Humanos?”, que será apresentado nos dias 01 e 02 de setembro (sexta e sábado), às 20h no Cis Guanabara (Rua Mário Siqueira, 829. Bairro Botafogo. Campinas - SP), com entrada gratuita. 

O espetáculo em multilinguagens (vídeo, música, fotografia e dança) convoca o público a um pensamento crítico e a urgente necessidade de agir para a construção de outros mundos.  O processo criativo de aTERRAr se deu a partir do diálogo fluido e criativo entre a  performer e criadora Cláudia Millás, a diretora Érica Tessarolo, o  compositor da trilha sonora Daniel Dias e o  artista de vídeo Lucas Reitano. A dramaturgia que remete à uma palestra, combina as informações objetivas/científicas sobre o Antropoceno com as poéticas corporal, sonora e imagética que se sobrepõem em cena. 

O texto dramatúrgico do trabalho foi escrito por Cláudia Millás, a partir da revisão técnica dos estudos mais recentes publicados por pesquisadores das mais diversas áreas sobre o tema, e que faz parte do seu projeto de Pós-Doutorado “aTERRAr: criações artivistas no Antropoceno”, que desenvolve no LUME UNICAMP. A intenção de Cláudia com a dramaturgia deste espetáculo é evocar a necessidade urgente de mudanças na forma como a humanidade se relaciona com o planeta, assim como uma das obras de referência do processo criativo, o livro “O decênio decisivo – propostas para uma política de sobrevivência” (Editora Elefante), recentemente lançado pelo professor aposentado da Unicamp e pesquisador, Luiz Marques.

“Assim como no último livro de Luiz Marques, buscamos despertar no público consciência e lucidez frente à emergência ambiental e climática que estamos vivendo. No livro, Luiz Marques afirma que essa década é decisiva para tentarmos reverter situações em relação ao clima, biodiversidade, entrada de novos poluentes e isso já impacta diretamente nossas vidas. Por isso, a importância e urgência de tomarmos medidas não somente para agora, mas mudanças que vão ficar por milhares de anos no planeta. Não dá para deixar para depois.”, enfatiza a performer e criadora Cláudia Millás.

O subtítulo do espetáculo “E se deixássemos de ser humanos?” é uma provocação para o público refletir sobre nossa conduta enquanto seres humanos. “Que humanidade é esta que está provocando essas alterações, intervenções tão agressivas no mundo que a gente vive? E o quanto essas ações são inconsequentes por levarem à emergência climática que estamos vivendo. Que humanidade é essa que está levando o planeta a viver a 6ª extinção em massa, ameaçando a vida de outros seres, provocando as alterações sem precedentes como a introdução do plástico no planeta, entre tantas outras. Como a gente pode repensar tudo isso? Provocar uma mudança de conduta, com pegada mais ecológica? As intervenções existirão, mas que a gente as faça de maneira mais consciente, suave e leve. Seria deixar de ser humano para ser terrano.”, completa Cláudia Millás.

A obra é uma das ações do projeto de pesquisa “Corpo-em-fluxo: práticas ecológicas para reinventar mundos”, desenvolvido por Cláudia Millás, que é professora adjunta do Departamento de Arte Corporal da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela começou a gestar aTERRAr em 2021, ainda no período de pandemia, dentro do grupo de estudos MUDE - Movimentos Urgentes em Dança e Ecologia, criado pela professora e composto por artistas da dança, como Érica Tessarolo, que assina a direção do espetáculo. 

Versatilidade

Com o objetivo de levar a temática de aTERRAr a um amplo público, as artistas conceberam o espetáculo como uma palestra-performance artivista - unindo arte e ativismo ambiental -  e para ser apresentado fora dos espaços convencionais dos teatros e caixas cênicas italianas, podendo ocupar salas de aula de escolas, salas multiuso de espaços culturais e comunitários de todo o Brasil. 

“Não é uma palestra como estamos acostumados a ver em ambientes escolares ou empresariais, lançando mão de diversos recursos artísticos com o intuito de trazer à tona o que acredita ser urgente dizer, mas o que está sendo colocado verbalmente, carregado de dados científicos, e a própria pessoa falando em cena, tudo isso, tem um peso central na dramaturgia desse trabalho.”, destaca a diretora Érica Tessarolo.

Cláudia Millás observa que o texto de aTERRAr é um texto vivo, porque está aberto para dialogar com os diferentes públicos. “Se estamos apresentando em uma escola  utilizo um repertório de palavras e informações, se estamos no contexto acadêmico,  tenho outro. Além disso, tem a própria atualização dos estudos e pesquisas”, observa Cláudia.

Além das apresentações no Cis Guanabara, como forma de difusão do conhecimento e acesso ao tema do espetáculo, a produção realizou uma live sobre o processo artístico (que pode ser assitida aqui) e serão realizadas apresentações em escolas públicas de Campinas e Bragança Paulista, além de oficinas de formação para os professores das escolas públicas atendidas pelo projeto. Depois das apresentações nas escolas, são realizadas rodas de conversa com o público para que os assuntos tratados na palestra-performance possam ser desenvolvidos com maior profundidade, além de responder às dúvidas e curiosidades dos espectadores. O espetáculo foi apresentado no dia 26 de agosto em Bragança Paulista, na Casa Lebre.

A produção conquistou o apoio do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, Edital ProAC Expresso n°3/2022, para produção de espetáculo inédito de dança. 

PROGRAME-SE

Espetáculo "aTERRAr - E se deixássemos de ser Humanos?"

Quando: 1 e 2/9 (sexta e sábado) às 20h

Onde: Cis Guanabara - R. Mário Siqueira, 829, Botafogo

Duração: 50 min. Classificação indicativa: Livre.

Entrada gratuita com retirada de senhas 1 hora antes do espetáculo

Informações: @projetoaterrar

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