"Herbário da memória"

Escritora radicada em Campinas lança livro bilíngue de poemas

Evento de lançamento será nesta quinta-feira, 25 de janeiro, às 18h30, em Campinas

Do Correio.com
24/01/2024 às 13:57.
Atualizado em 24/01/2024 às 13:57
Livro "Herbário da memória / Herbario de la memoria" (Divulgação)

Livro "Herbário da memória / Herbario de la memoria" (Divulgação)

A escritora e poeta radicada em Campinas Katia Marchese, autora de “Mulheres de Hopper” (2021) e mediadora de coletivos literários de mulheres nas regiões do Campo Grande e Aparecidinha, lança em Campinas seu novo livro de poesias na quinta-feira (25), às 18h30, na Livraria Candeeiro. 

Intitulada "Herbário da memória / Herbario de la memoria", a obra bilíngue traz uma seleção de 16 poemas em português traduzidos para o espanhol que, segundo a autora, é uma "coleção de melancolias de tudo aquilo que irá nos faltar". Nela, Katia funde corpo humano e natureza vegetal, explorando as parecenças e encontros dessas duas experiências de vida.

O herbário reúne espécies que vão sofrendo o apagamento progressivo que submete flores, folhas e outros elementos vegetais – o que também aproxima a obra de Katia de um aspecto ecológico ao evocar essas imagens e as urgências de mantê-las vivas. Um dos poemas, Profecia, é inclusive oriundo de um diálogo da autora com o líder indígena e ambientalista Ailton Krenak, e traz como prefácio a frase "quando você sentir que o céu está ficando muito baixo, é só empurrá-lo para cima", de autoria de Ailton.

As metáforas florais ou vegetais (clorofila, buganvílias, tulipas, cebolas, davallias, sarças, chapéu de sol) são uma forma atual e propositiva de entender o mundo, uma espécie de ética contemporânea, traduzida em versos e em registro literário que convida o leitor a participar desse movimento. "O herbário traz as naturezas que estão morrendo em nós - nos nossos corpos e nos corpos vegetais", complementa Katia. 

A poesia da autora comporta imagens ricas e contraditórias. Em Clorofila, o trabalho de produção e distribuição do alimento pelo espécime vegetal é comparado à circulação sanguínea. É assim que se combinam imagens inesperadas como a da seiva, do sol e do sangue, que bombeado demasiadamente ao coração, ameaça explodi-lo.

Sobre a escolha de escrever um livro em português e espanhol, a autora diz querer com isso trazer na sua forma um exercício de tradução consigo mesma, resgatando uma memória ibérica, já que seu avô materno é galego e, ainda que tenha morrido quando Katia tinha seis meses, suas recordações foram repassadas à ela por meio de sua mãe. "Uma das partes do livro evoca justamente essa fusão do corpo com o passado, de fazer partes da nossa existência reviverem pela memória e também olhar a relação das próprias plantas com a ancestralidade", conta a escritora, reforçando que esse herbário de memórias busca as conexões que temos com as plantas e o que elas têm a ver conosco. 

O projeto gráfico do livro, de autoria de Sílvia Nastari, utiliza uma sobrecapa com impressão de flores e folhas secas, um herbário visual que acompanha as duas dimensões poéticas do livro: a memória sentimental, permeada de subjetividade, e a passagem do tempo cronológico e imemorial, afetado pelos elementos naturais e seus impactos materiais e afetivos. 

PROGRAME-SE

Lançamento de Herbário da memória / Herbario de la memoria

Quando: 25 de janeiro, quinta-feira, às 18h30

Onde: Livraria Candeeeiro (R. Dr. Viêira Bueno, 170 - Cambuí, Campinas - SP, 13024-040)

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