Um fenômeno de vendas em todas as pesquisas nacionais, o escritor catarinense é autor do best-seller "Café com Deus Pai"
Escritor catarinense Domingos Rostirola Junior, de 42 anos (Alessandro Torres)
Filho de uma família disfuncional, formada à base de alcoolismo, violência e pobreza, o catarinense Domingos Rostirola Junior, de 42 anos, conseguiu ir bem mais longe do que esperava. Autor do best-seller "Café com Deus Pai" - na lista dos livros mais vendidos do Brasil em 2023 - ele desenvolveu uma narrativa envolvente e percorre o Brasil, usando suas publicações, as redes sociais e o podcast como canais de inspiração para motivar pessoas a enfrentarem suas dores e não fugirem dos sonhos. Junior Rostirola, como é conhecido, apesar do sucesso de vendas, garante que não se sente envaidecido e a única coisa que mudou em sua vida foi a agenda. "Nunca pensei em escrever para vender, mas para compartilhar minha própria experiência de vida e fortalecer pessoas fragilizadas", garante. E, para provar, investe em projetos sem fins lucrativos como a Associação Escolhi Amar, que abrange vários trabalhos sociais.
Sua fala está sempre associada a Deus e faz questão de descrever como foi blindado pela fé para transformar suas adversidades em combustível para gerar mudanças. Cita com frequência seu histórico familiar - o pai, alcoólatra e violento, morreu aos 54 anos depois de perder três filhos vítimas de suas agressões. A mãe, apesar de todas as violências que sofreu, está com 75 anos e vive na mesma cidade (Itajaí, SC) onde ele nasceu. Convertido ao cristianismo aos 13 anos, Junior garante ter se curado das dores da infância e construiu família aos 19 anos, quando se casou com Michelle e logo se tornou pai de João Pedro, de 19 anos, e de Isabella, de 14. É bacharel em Teologia e pós-graduado em Teologia Bíblica.
É neste contexto que se posiciona a base das suas publicações. Em Campinas, onde esteve há poucos dias, Junior falou das versões de suas publicações voltadas para adultos, crianças e adolescentes em português e traduzidas para o inglês e o espanhol. Ressaltou que não se trata de livros religiosos, mas de conexão com Deus e garante que tem seguidores evangélicos, católicos e espíritas, entre outras denominações. O autor, que ressalta não ser um escritor profissional, conversou com o Correio Popular e contou mais sobre seus livros.
A que se deve esse recorde de vendas?
"Café com Deus Pai" conquistou o pódio de livro mais vendido do Brasil, com mais de 800 mil cópias vendidas, segundo levantamentos da revista Veja, PublishNews e Amazon. Não sou um escritor profissional, mas os livros fazem sucesso porque as pessoas são tocadas pelas mensagens e conseguem estabelecer uma conexão com Deus. E também pela dinâmica de ter uma palavra diária de fé, esperança e renovação para todo o seu ano, com conteúdo bem eclético e contemporâneo, com temas como luto, bullying, feridas emocionais, relações, traumas, passado e futuro.
O cuidado editorial faz o livro ser mais vendável?
Sou bastante detalhista e tenho cuidado com a excelência da publicação, da apresentação. Isso me fez criar minha própria editora para manter a qualidade que quero. Uso as tecnologias digital e editorial para torná-lo mais atrativo, mas nunca pensei em só produzir para vender. Tudo é feito por mim e por minha equipe, pautado na Palavra de Deus.
Essa qualidade não torna a publicação cara?
Minha missão nunca foi sobre números e valores. Sempre foi propósito. Mas não posso entregar um livro dessa qualidade, de 400 páginas, por qualquer valor. E quem quiser ouvir de graça, é só acessar meu podcast no Spotfy - também um dos mais ouvidos do país - que terá esse conteúdo reproduzido diariamente sem qualquer custo.
Por que o destaque para a figura do "Deus Pai'?
Devido às circunstâncias negativas que vivi na infância com meu pai, eu tinha muita dificuldade de ver Deus como figura paterna e precisei quebrar esse bloqueio. Muita gente sente assim e trago esta afirmação porque precisamos reconhecer nossa filiação e nos apresentar como filhos. Quando você descobre a sua real identidade, nada pode te parar.
Qual sua proposta com essas publicações?
Minha intenção é curar uma sociedade que está doente. As pessoas estão sem sonhos, sem projetos, estão desfocadas, perdidas dentro de si mesmas. E querem preencher seu vazio com muitas coisas. Eu entendo porque já estive desse lado, com meus traumas, depressão, já desejei a morte, e fui curado por Deus. Hoje conto minha história para quem se sente como eu me sentia, há muita identificação.
E de onde veio a ideia de incluir o café?
Sempre quis transformar essa leitura diária em uma experiência multissensorial, por isso associamos ao café, que é muito apreciado pelos brasileiros. Inserimos um aroma bem suave de café na primeira página, para marcar esse momento. Na capa, tem a imagem de uma xícara com um mapa mundi na espuma, porque agora ele será vendido nos Estados Unidos e em países hispanos (por isso foi traduzido também para o inglês e o espanhol).
Este é seu primeiro livro?
Há cerca de cinco anos publiquei minha história autobiográfica no livro "Encontrei um pai", em que abordo paternidade, propósito e destino. Depois lancei uma edição limitada do projeto devocional chamado "Bom Dia Deus Pai", mas não fiquei satisfeito por conta de erros gráficos e quase desisti. Mas retornei com o "Café com Deus Pai", que foi um sucesso. Nesta edição para 2024 mantive o modelo de um tema por mês, e a cada dia coloco um versículo, uma frase e desenvolvo uma mensagem sobre aquele assunto.
Qual é o seu método de escrita?
Não tenho um método, tenho insights que desenvolvo. A última edição escrevi nas madrugadas, foram oito meses de produção. Mas escrevo no avião e em outros ambientes, quando sinto Deus falando comigo.
Como lida com as redes sociais e as críticas ao seu trabalho?
Temos uma equipe que controla as redes sociais (com 425 mil seguidores), mas é muito raro receber críticas. Ainda não enfrento essa dificuldade, mas estou preparado para daqui a pouco acontecer, porque toda vez que você se levanta para fazer algo grande, vêm os opositores. O próprio Jesus foi criticado e chamado de belzebu (diabo). Se não me chamaram de belzebu ainda, estou no lucro!