Dia da Escola de Samba

Escolas se preparam para retomar os desfiles do Carnaval de rua

Hoje é o ‘Dia da Escola de Samba’ e Campinas debate como viabilizar a volta do Carnaval de rua com novas propostas de participação das comunidades

Cibele Vieira/ cadernoc@rac.com.br
11/04/2024 às 10:30.
Atualizado em 12/04/2024 às 10:34

Depois de serem transferidos para vários locais diferentes, os desfiles das escolas de samba deixaram de ser realizados em Campinas e restaram apenas saudades dos áureos tempos em que essa tradição reunia um público de milhares de pessoas na Avenida Francisco Glicério (Cedoc/Pesquisa William Ferreira/Cedoc Rac)

A Região Metropolitana de Campinas já foi um polo efervescente dos desfiles de Carnaval, mas desde 2015 as festividades ficaram restritas aos blocos que desfilam em suas comunidades. A Liga das Escolas de Samba de Campinas (Liesca) está discutindo com a Secretaria de Cultura formas de viabilizar o retorno dos desfiles das escolas na avenida, a partir de 2025, e conta para isso com seis agremiações. Antes disso, porém, pretende participar das comemorações dos 250 anos do aniversário de Campinas com um desfile no dia 13 de julho com alas das seis escolas que estão em atividade na cidade atualmente.

DESFILE DE ANIVERSÁRIO

“Estamos nos organizando para um desfile comemorativo nas festividades de aniversário de 250 anos de Campinas”, anuncia Edson Joia, o presidente da Liesca. “A ideia é unir todas as escolas aptas a participar em um desfile único, onde cada uma se apresentaria como se fosse uma ala dentro de uma única escola, sob a temática dos 250 anos”, explica. Este seria um desfile para marcar formalmente a volta oficial das escolas às ruas, em 2025, mas se ele não se consolidar, a ideia é promover uma festa na Estação Cultura. Os detalhes sobre como será viabilizada essa ideia, inclusive formas de patrocínio ou financiamento, ainda estão sendo discutidos.

Hoje há seis escolas de samba atuantes na cidade, sendo quatro atuantes em suas comunidades: Estrela Dalva, Rosa de Prata, Leões da Vila Padre Anchieta e Unidos do Shangai. E há duas escolas novas: a Império do São Fernando (que desfilou uma vez) e a Majestade do Samba, que ainda não participou de nenhum desfile oficial. Edson Joia comenta que existe uma discussão nacional sobre as formas de subvenção dessas agremiações, já que o sistema de repasse de verbas foi suspenso e agora o debate envolve uma legislação mais especifica sobre esse tema.

“Queremos profissionalizar as escolas, com cursos, oficinas e atividades que ampliem as informações de organização e gestão para os dirigentes das escolas”, afirma. Nesse sentido, ele lançou a campanha “Amigos da Liesca” para doações voluntárias de qualquer valor para viabilizar a profissionalização das escolas, que pode ser consultada no Instagram da entidade @liescaocficial.

SAUDADES DE OUTRORA

Edson Joia, que já foi Rei Momo da cidade, conta que acompanhou, ainda criança, um pouco dos desfiles de rua nos bairros e, depois, os tempos áureos dos desfiles na Avenida Francisco Glicério. “As famílias se reuniam para ir assistir, era muita emoção. As pessoas levavam bancos e almofadas, a avenida era toda enfeitada, tínhamos participação de artistas cariocas”, conta. O desfile era realizado pela Glicério, começando na Avenida Aquidabã e seguindo até a Orozimbo Maia, “um percurso extenso, mas bonito e animado”, ressalta.

Ele lamenta que esse desfile foi sendo desmobilizado e, pessoalmente, acredita que a decadência aumentou “quando saiu da Avenida Francisco Glicério e levaram para o Tancredão, ali acabou a magia”, comenta. Edson conta que, em 2007, o local foi novamente alterado, desta vez para o túnel Joá Penteado, “onde teve um carnaval grandioso, mas ainda muito aquém da festa tradicional”. Depois disso, relembra, “entrou na fase do Carnaval cigano, mudando de lugar várias vezes, teve desfile até passando em frente ao Cemitério dos Amarais”.

TEMPO DE FORTALECER

O diretor de Cultura, Gabriel Rapassi, comenta que o modo de fazer Carnaval mudou ao longo do tempo. “Antigamente, os moradores se organizavam nas escolas de samba do bairro e se reuniam, em torno de 600 pessoas, para desfilar no Carnaval. Nos últimos anos em que houve desfiles de escola de samba, os registros mostram que tinha diminuído drasticamente a participação da população nesse tipo de evento, enquanto crescia o Carnaval de blocos”, diz. E explica que a Secretaria de Cultura propôs para as escolas de samba fortalecerem a ligação com suas comunidades, realizando eventos de samba regularmente em suas regiões, para que a população volte a participar mais e amplie sua ligação afetiva com essas agremiações.

A partir do fortalecimento desses vínculos, complementa Gabriel, “nós poderemos desenvolver passo a passo, atividades como encontros de baterias, depois retornar a tradição dos casais de porta-bandeira e mestre-sala que vem se perdendo. Podemos apoiar oficinas de casais de portabandeira e mestre-sala e, no futuro, também um encontro de pavilhões (que são encontros desses casais). Queremos manter isso vivo e, gradativamente, recuperar uma tradição que foi sendo abandonada pela população, mas que é muito bonita e faz sentido manter viva”.

ORIGEM DA DATA

Comemorado em 11 de abril, o “Dia da Escola de Samba” foi criado para homenagear a fundação do bloco de carnaval ‘Ouro sobre Azul’, criado por Paulo da Portela em 1923. O bloco se tornou, em 1935, o ‘Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela’ no Rio de Janeiro.

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