A cantora campineira Ana Paula Moreti é finalista do Prêmio Profissionais da Música, nas categorias de melhor cantora e melhor artista de MPB da região Sudeste
(Divulgação)
O resultado do Prêmio Profissionais da Música, um dos mais importantes reconhecimentos da cadeia criativa e produtiva da música no Brasil, será divulgado apenas no final de junho. Mas em Campinas a torcida já começou, porque a cantora Ana Paula Moreti conseguiu um feito inédito para a história artística da cidade: foi indicada como finalista nas categorias Melhor Cantora e Melhor Artista de MPB da região Sudeste. O concurso recebeu 2.045 inscrições para 198 categorias em seis modalidades, escolhidas por um grupo formado por 82 jurados de todo o País (https://www.ppm.art.br/).
“Receber essas indicações é uma honra e, acima de tudo, um reconhecimento ao caminho que venho trilhando com tanto cuidado e verdade. Esses momentos reafirmam que vale a pena seguir com integridade, apostando na qualidade artística e cercada de pessoas que acreditam na música como uma força transformadora. Mais do que uma conquista individual, eu vejo essas nomeações como um reflexo do trabalho coletivo e da potência da música brasileira — aquela que toca, emociona e resiste”, comenta a cantora.
Integrante da nova geração de vozes femininas da MPB, Ana Paula Moreti faz questão de celebrar os grandes mestres do gênero. Ao longo de sua carreira, iniciada em 1996, ela tocou com grandes nomes da música, como Ivan Lins, Marcel Powell, Jane Duboc, Dominguinhos, Emílio Santiago e outros. “A música brasileira sempre teve um potencial enorme de dialogar com o mundo, pois temos riqueza rítmica, melódica e poética incomparável. E é bonito ver que artistas jovens continuam surgindo, renovando essa tradição e levando nossa arte para diferentes lugares”, diz.
O TRABALHO INDEPENDENTE
Alcançar essa projeção nacional com um trabalho independente não é fácil, reconhece Ana Moreti. “Ser artista independente é, ao mesmo tempo, libertador e desafiador. A liberdade criativa é uma conquista enorme, mas ela vem acompanhada de responsabilidades que, muitas vezes, vão além da arte em si”, revela. Um dos maiores desafios, na sua opinião, é ter que ocupar várias funções ao mesmo tempo: ser artista, produtora, gestora, comunicadora, só para citar algumas. “A gente precisa pensar no projeto artístico, mas também em como viabilizá-lo, divulgálo, administrá-lo. Isso exige muita organização, resiliência e clareza de propósito”, afirma.
Outra dificuldade ressaltada pela artista é o acesso a recursos. A captação de verbas, o contato com editais, patrocínios ou mesmo o alcance do público — tudo isso demanda tempo e energia. “E, às vezes, a sensação de solidão nesse processo aparece, porque nem sempre temos uma estrutura ao redor”, admite. Entretanto, ela complementa que “por outro lado, ser independente também me ensinou a confiar na minha intuição, a construir redes de apoio, a colaborar e a encontrar caminhos próprios — às vezes, até mais verdadeiros — para expressar o que acredito artisticamente”.
A CONSTRUÇÃO DA CARREIRA
A carreira de Ana Paula Moreti foi construída de forma orgânica, e ela revela que nunca teve um único plano fechado, pois sabia que queria se dedicar de verdade àquilo que a tocava profundamente. Apaixonada pela música brasileira, começou a cantar incentivada pelo pai, com quem subiu ao palco pela primeira vez aos 16 anos de idade, participando de uma banda que ele mantinha com amigos do trabalho. “O processo me deu uma certa experiência e a profissionalização foi um algo natural, mas que envolveu muito esforço”, garante.
Seu primeiro passo, conta, foi reconhecer o que realmente a movia. A partir daí, buscou formação, referências, mentores e se jogou nas experiências, mesmo as pequenas. Entretanto, sentiu momentos de dúvida, nos quais buscava a consistência, a escuta atenta (de si mesmo e dos outros), e a coragem de se reinventar. Outro ponto essencial para Ana foi entender que “a construção de uma carreira vai muito além da técnica: envolve afeto, parceria, visão e, principalmente, presença – estar inteira no que faz”.
Ela afirma que, apesar das transformações provocadas pela transição do mercado fonográfico tradicional para o digital, “uma coisa permanece: a música continua sendo esse lugar de encontro, de emoção e de expressão. E é isso que me move até hoje”.
EXPERIÊNCIAS MARCANTES
Formada em licenciatura de música pela Unimep (2011), bacharel em canto na Unis (2021) e com pós-graduação em voz profissional, Moretti busca referências e nuances para pautar seu trabalho de uma forma diferenciada. “A minha obra artística não tem uma definição específica, pois eu tenho várias referências, cultuo os grandes nomes da música brasileira, mas sempre busco cantar e interpretar canções que têm profundidade, contexto, com arranjos diferenciados e de uma forma sublime que nos toca o coração”, diz.
Ela já abriu shows de Almir Sater e Renato Teixeira, chegou a dividir o palco com Emílio Santiago, foi backing vocal da dupla Edson e Hudson e integrou o Grupo Eletropocket, com o qual concorreu ao Prêmio da Música Brasileira em 2013 na categoria melhor CD de grupo. Desde 2010, integra o grupo do baterista Alexandre Cunha, com o qual participou de festivais de jazz e diversas turnês internacionais, passando por Alemanha, Áustria, Holanda, Suíça e Indonésia.
A cantora excursionou em 2017 com o DVD “Alegre Menina – Ana Paula Moreti canta Djavan”; em 2019 lançou o EP “Prepare o Coração”; e em 2023 gravou “Abre Alas: Ana Paula Moreti canta Ivan Lins”. Acompanhe sua agenda de shows pelo Instagram @anapaulamoreti
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