Em 'Star Trek', tripulantes encaram novos desafios

Os jovens tripulantes da U.S.S. Enterprise evoluíram e, agora, se mostram muito mais preparados para enfrentar os desafios que o universo oferece em 'Além da Escuridão - Star Trek', que estreia nos Estados Unidos na próxima sexta-feira (17). Com isso, tudo nessa nova sequência acaba sendo mais intenso em comparação com a aventura de 'Jornada nas Estrelas' de 2009, como o irreverente humor característico da série original da década de 60 e as pesadas cenas de ação típicas de blockbusters do século 21. Mas não é só isso. Além de puro entretenimento, J.J. Abrams quer emocionar os fãs, pré-existentes ou novos, seja com referências à saga que só trekkers entenderão, ou com cenas realmente dramáticas que devem tocar até o espectador desligado do mundo da ficção científica. “Para a história poder continuar, esse filme tinha que ser mais ambicioso que o primeiro”, enfatiza o diretor. O elenco, questionado pela reportagem do Caderno C, conta ter vivido esse desafio no set, mas que, no final, tudo não passou de uma experiência enriquecedora.

“Eu interpreto um herói fraco em boa parte do filme. E que ator não gostaria de viver alguém confiante, esperto, despojado, frágil, vulnerável, ansioso, tudo ao mesmo tempo”, afirma Chris Pine. “Por isso, o que eu gosto nesse filme é que não há ação o tempo todo. Eu adoro as risadas, eu adoro o humor do meu personagem e o humor que existe na franquia. E, para ele, a emoção está nessa terrível jornada que ele enfrenta fingindo ser alguém forte, mas que, por dentro, é apenas um cara assustado tentando desesperadamente ser um líder. O problema é que ele só se segura pedindo ajuda aos amigos.”

J.J. Abrams, porém, discorda do amigo. “Eu ouço você dizer que Kirk é um herói fraco e eu acho muito engraçado porque nunca pensei assim. Eu sempre achei que ele era um cara, no começo, bem confiante, tão cheio de si, que chega a ser um pouco arrogante. Mas, na segunda parte do filme, eu realmente amo quando ele, literalmente, chega e diz: eu não sei o que fazer. Isso é algo maravilhoso. Eu sinto que a cada passo que ele dá, mesmo que relutante, cheio de dúvidas e cada vez mais incerto, ele sempre está buscando fazer a coisa certa. E isso é algo que o faz ser uma pessoa forte”, contrapõe o diretor, aproveitando para devolver os elogios ao ator. “O que eu mais gosto no Chris é o fato de ele ter algo que muitos atores fogem, interpretando a vulnerabilidade. E isso não significa que Kirk não é durão, corajoso, e sim que é humano. E isso o faz seu um líder espetacular.”

A trama

O capitão James T. Kirk, como não poderia ser diferente, desafia as regras para fazer o que ele acha que é certo em 'Além da Escuridão'. O problema é que essa audácia e atrevimento estão criando conflitos com a Frota Estelar, e a única opção foi puni-lo. Além das questões pessoais, Kirk terá de liderar uma caçada ao homem que representa uma arma de destruição em massa e que está escondido em uma zona de guerra. Esse vilão é o misterioso terrorista intergaláctico John Harrison, vivido por Benedict Cumberbatch (da série Sherlock). O que Harrison faz para chamar a atenção da Frota é explodir uma bomba em um local público, um pesadelo que assombra os Estados Unidos e esteve em foco recentemente em Boston.

“A ideia de ter um vilão no filme que seja um terrorista ‘caseiro’ (que veio do próprio planeta) não foi uma estratégia para mostrar o que nos faz sentir medo. Mas sim o que realmente é real e perverso naquele momento. Nenhum país, nenhuma cidade estão isolados de sofrimento e catástrofes. Ninguém é imune a essas questões e ninguém sabe responder onde algo assustador acontecerá e quem será o responsável”, comenta J.J. Para ele, Gene Roddenberry (o criador de 'Jornada nas Estrelas') sempre teve o claro objetivo de falar de política, cultura, raça, sexo, algo ousado para a década de 60. Mas, agora, era preciso trazer um cara mau extremamente sofisticado. “É uma maneira que encontramos de conectar o vilão John Harrison com o público, tanto que ele nos faz até sentir medo por ele, nos simpatizar por ele. E isso é o que o torna mais intrigante.”

Lado humano

Trabalhar o lado mais humano da tripulação, como dito, realmente é forte em 'Além da Escuridão'. Podemos ver isso, principalmente, no personagem Spock (vivido por Zachary Quinto). E, como o par romântico do meio vulcano/meio humano é Uhura, Zoe Saldaña também sentiu a necessidade de se aprofundar nas emoções. “Nós estamos contando uma história, e não importa se essa história acontece 300 anos no futuro e no espaço, ainda estamos falando de pessoas. E mesmo tendo criaturas diferentes e de outros mundos, nós conseguimos nos identificar com todos. Eu me vejo nessa personagem, eu me vejo em muitas das situações pelas quais a Uhura passa, e isso é o que carrega a história e é o que nos faz ir aos cinemas”, acredita a atriz.

Ela, porém, não esquece que a ideia principal de 'Star Trek' é o entretenimento. “E você terá isso, só que também vai encontrar muito de você mesmo ali. E a única forma de transportar tudo isso das telas é apresentando personagens humanos. Eu sempre serei uma pessoa que gosta de imaginar o inimaginável, mas eu gosto de heróis humanos. Tanto que é difícil para mim entender um homem que não chora quando algo grave acontece, como alguém que ele ama morrer”, acrescenta Zoe, referindo-se a Spock.

A estreia de 'Além da Escuridão - Star Trek' nos EUA é na próxima sexta e o terceiro episódio, mesmo sem os resultados, é praticamente certo, só que não terá J.J. como diretor, apenas como produtor. Mas, lembre-se: ele estará logo ali, brincando de Guerra nas Estrelas.

*O repórter viajou ao México a convite da Paramount