MUSICAL

Em Paulínia, Marília Pêra brilha no espetáculo Alô, Dolly!

Alô, Dolly! é um clássico da Broadway, teve sua estreia em 1964 e é detentor de dez prêmios Tony

Fábio Trindade
08/08/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 06:06
Atriz Marília Pêra em cena do musical adaptado para os palcos nacionais porr
Miguel Falabella, que também integra o elenco ( Divulgação)

Atriz Marília Pêra em cena do musical adaptado para os palcos nacionais porr Miguel Falabella, que também integra o elenco ( Divulgação)

A afirmação “um musical da Broadway” está ficando cada vez mais frequente por aqui, pois estampa os cartazes das muitas montagens importadas que não param de aportar no País. Mas, o que exatamente a frase quer dizer? A grosso modo, é como se a peça trouxesse com ela um “certificado de qualidade”, já que, em alguma época, ela foi encenada no mais prestigiado mercado teatral do mundo. E, de quebra, é grandiosa e com muito luxo — quesitos praticamente obrigatórios nas produções novaiorquinas. Alô, Dolly! é um clássico da Broadway, teve sua estreia em 1964 e é detentor de dez prêmios Tony (o Oscar do estilo), incluindo Melhor Musical. Portanto, dizer que sua versão nacional, assinada por Miguel Falabella e que chega nesta quinta-feira (8) a Paulínia para curta temporada — fica em cartaz até domingo —, é uma obra vinda da terra do Tio Sam está correto. Mas, nesse caso, merece ressalvas.A começar, justamente, por seu idealizador no Brasil. Falabella não esconde de ninguém que gosta de adaptar as produções que levam seu nome para uma forma mais próxima do brasileiro, e isso quer dizer incorporar elementos tipicamente nacionais no texto, na produção e nas canções. Ele garante que a mistura de nossas referências às peças estrangeiras ajuda o público a se aproximar da realidade do musical. “Faço questão de dar um toque brasileiro, dar uma temperada. O meu personagem, por exemplo, poderia ser perfeitamente do interior de Minas Gerais. E Marília (Pêra) apresenta uma Dolly com um humor nosso, inteligência e um charme que facilmente encantam o público. Em nenhum momento quis fazer igual a Broadway ou ao filme (de 1969, com Barbra Streisand)”, explica.A peça, que se passa em 1890 no estado de Nova York, conta a história da casamenteira Dolly Levi (Marília Pêra), que, ao ser contratada pelo avarento comerciante Horácio Vandergelder (Falabella) para lhe arranjar uma mulher na cidade grande, arruma as mais absurdas confusões — propositalmente. A cotada é Irene Molloy (Alessandra Verney), que nada mais é do que uma vítima das armações de Dolly, já que a casamenteira decide que ela mesma conquistará o bom partido para ficar rica.“Alô, Dolly! é um musical para a toda a família e acho que esse sucesso se deve, sobretudo, às letras e músicas de Jerry Herman, que são incríveis. Na Broadway, costuma-se brincar que, se a plateia não sair assobiando do teatro, o espetáculo não será bem-sucedido. E é impossível não sair assobiando desse espetáculo que fala de um tema comum até hoje, que é a busca do dinheiro e do amor”, completa Falabella.O problema é que o diretor, ator e autor tem um estilo muito peculiar, e todas as piadas e trejeitos, querendo ou não, caem no estilo Sai de Baixo de ser. Seu personagem, por exemplo, tem um sotaque caipira fortíssimo, incrementado com uma voz bem fina. O problema é que Falabella não segura o papel e perde, e altera, o sotaque inúmeras vezes, tanto que, na hora de cantar, ele usa seu característico tom grave. Não convence. Até aquelas paradinhas no meio do palco, virando-se para a plateia para falar frases de efeito, ao estilo “como você é baixa”, ele solta. Os demais atores também são extremamente caricatos e caem na mesmice. Destaque para a talentosa Alessandra Verney. Com uma delicadeza apurada, ela interpreta a canção mais interessante do musical, no final, ao lado de Frederico Reuter (Cornélio Hackl).EstrelaEspelhando-se na famosa expressão americana “save the best for last”, Alô, Dolly! não seria nada sem Marília Pêra. Além do enorme carisma, a atriz é assustadoramente brilhante no palco, capaz de nos conduzir para um universo cênico paralelo ao que acontece ao ser redor. Dolly está sempre pronta para salvar qualquer um de situações constrangedoras, oferecendo os mais variados serviços. Marília promove tudo isso com um tempo perfeito, o que nos deixa com vontade de correr para pegar um de seus muitos cartões de visita, cada um com uma atividade diferente. É algo tão impressionante que ela consegue puxar todo o elenco para o seu ritmo, incluindo Falabella, que, após assistir a várias de suas peças, fica claro que ele se perde facilmente em cena. “É um grande prazer estar no palco com a Marília. Ter um elenco bom, amigo, permite criar, construindo algo bacana ao lado dessa turma”, lembra Falabella.Ele está certo. Marília, aos 70 anos e com uma carreira que começou aos 4, desliza pelo palco, canta e dança como nenhum outro ali. E saiba que são 29 pessoas em cena. Alô, Dolly! tem a grandiosidade e o luxo — muito bons, aliás — dos musicais da Broadway, como a frase no cartaz citada no começo afirma. Mas não poderia levar o “certificado” sem Marília. De jeito nenhum.AGENDE-SEO quê: Musical Alô, Dolly!Quando: Quinta e Sexta, às 21h, sábado, às 18h e 21h30h, e domingo, às 17hOnde: Theatro Municipal de Paulínia (Av. José Lozano Araújo, 1.551, Parque Brasil 500, fone: 3933-2140)Quanto: As sessões de hoje, amanhã e sábado, às 18h, são viabilizados pelo programa Petrobras Distribuidora de Cultura, tendo como valorR$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada). Para as demais sessões, os ingressos vão deR$ 45,00 a R$ 140,00

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por