ARTE

Em Paris, para Marielle

Sandro Del Pires, pintor de Campinas, faz retrato de Marielle Franco a la Gioconda, às portas do Louvre

Renato Piovesan
03/09/2018 às 21:50.
Atualizado em 22/04/2022 às 12:24
Del Pires trabalha ao ar livre, diante do Louvre, em Paris, na obra em homenagem Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio: autores do crime ainda não foram apontados (Divulgação)

Del Pires trabalha ao ar livre, diante do Louvre, em Paris, na obra em homenagem Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio: autores do crime ainda não foram apontados (Divulgação)

Marielle vive. E em Paris. Para homenagear a vereadora do Rio assassinada em março, o artista plástico Sandro Del Pires, de Campinas, atraiu olhares curiosos de turistas do mundo todo, na manhã de segunda-feira, ao expor um quadro na praça em frente ao famoso Museu do Louvre, na capital francesa, retratando Marielle Franco com os traços de Monalisa, ou La Gioconda, como também é chamada a personagem mítica do retrato mais famoso da história da pintura e a principal atração do riquíssimo museu parisiense. Del Pires está em turnê pela Europa, onde já havia feito trabalhos artísticos na Espanha. Em Paris, ele conta que foi surpreendido por um dos coordenadores do Museu do Louvre enquanto fazia outras pinturas em frente à Torre Eiffel. “Eu já tinha em mente fazer uma singela homenagem para a Marielle. E como estava na França, resolvi me inspirar numa das mulheres mais marcantes do Louvre. A repercussão estava sendo muito bacana enquanto eu pintava perto da torre, até que um dos coordenadores do Louvre me autorizou a expor o trabalho na fila em frente ao museu”, diz o campineiro, que espera aproveitar a boa repercussão de sua obra para expor em outras galerias de Paris. A vereadora Marielle Franco (Psol) e o motorista Anderson Gomes foram assassinados no Centro do Rio de Janeiro no dia 14 de março deste ano. O crime chocou o Brasil porque, além de envolver uma vereadora, mulher, negra e com origem humilde, ainda se tratou de uma execução ousada e planejada, ocorrida numa das capitais mais importantes do país. Até hoje o crime não foi esclarecido e não se sabe quem matou a vereadora e o motorista. Para Del Pires, além da satisfação de prestar uma homenagem a Marielle em frente a um dos museus mais importantes do mundo, ver seu trabalho exposto para milhares de pessoas foi especial, por contrastar com o sentimento de luto pelo incêndio do Museu Nacional no Rio, no domingo. “Fiquei encantado com o convite. E ao mesmo tempo, nesse momento trágico para a nossa arte e cultura, o que eu puder fazer para realçar a arte brasileira num contexto geral é sempre válido”, afirma. Aos 8 anos Del Pires iniciou seu caminho rumo ao mundo da arte aos 8 anos, quando se mudou para Montevidéu, no Uruguai. Lá, arriscou seus primeiros desenhos, que já despertaram a atenção das pessoas com as quais convivia. Formou-se em artes plásticas no Instituto Universitário Nacional de Artes (Iuna), em Buenos Aires, na Argentina, e já fez trabalhos para artistas como Jorge Ben Jor, Seu Jorge, Alcione, além de Arun Manilal Gandhi (neto do Mahatma Gandhi) e do empresário português Armindo Dias, dono do hotel The Royal Palm Plaza, que faleceu neste ano.

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