Série documental 'Câmera Selvagem', que estreia neste sábado (16) no canal Nat Geo, enfoca o esforço para se conseguir a imagem perfeita
Ser um cinegrafista de natureza exige, antes de mais nada, paciência. Quem diz isso é o fotógrafo e documentarista brasileiro Cristian Dimitrius, vencedor do Emmy 2013 de Melhor Fotografia na categoria News & Documentary pelo documentário 'Untamed América', da National Geographic. Segundo ele, muitas vezes passa-se mais tempo procurando os animais do que os filmando. Não é incomum, por exemplo, ficar uma semana à espreita para registrar momentos únicos que levam segundos para acontecer. A questão, sempre, é estar no lugar certo e na hora certa. Mas obviamente ninguém sabe exatamente quando e onde é isso. O negócio então é tentar e esperar. Porém, atualmente, programas e pesquisadores voltados à vida selvagem querem mais que um registro: eles querem captar momentos ímpares de ângulos diferentes, inusitados, que mostrem detalhes que não podem ser vistos a olho nu. Pensando nisso, a nova empreitada no canal Nat Geo, 'Câmera Selvagem', visa mostrar justamente esse lado: o que os profissionais que percorrem a vida selvagem precisam fazer para conseguir a imagem perfeita. A produção, estrelada por Cristian, estreia neste sábado (16), às 21h. E mesmo quem não tem TV por assinatura pode conferir o programa: o primeiro episódio entra no Nat Geo Play (aplicativo disponível no Google Play e App Store) amanhã, com acesso livre, sem necessidade de login ou senha. Ele fica disponível durante 30 dias. A série tem oito episódios, de 30 minutos cada, e a reportagem conferiu o segundo, quando eles tentam pegar detalhes de macacos-prego quebrando cocos com uma pedra utilizando a técnica bullet time (que causa efeito espacial em câmera lenta, popularizada pelo filme 'Matrix' na década de 90). Como a ideia do show é mostrar, mais do que a imagem em si, como eles a conseguiram, dois terços do programa foca em Cristian e sua equipe (Bulba, o engenheiro, e Daniel, o “nerd”, aquele com ideias mirabolantes). A ideia da vez é criar um arco com 24 câmeras para tentar fazer o registro do macaco quebrando o coco. Algumas vezes, os diálogos forçados e o tempo em excesso explicando as engenhocas incomodam, mas o resultado da empreitada vale o esforço. O programa deixa claro, desde o começo, que nada é tão simples como parece quando assistimos aos documentários comuns sobre vida selvagem. Prova disso é que eles viajam mais de 2 mil quilômetros de carro, de São Paulo até a Serra da Capivara, no Piauí, para fazer uma tentativa com os macacos de lá. Os animais da caatinga têm a característica de usar pedras para quebrar o alimento. Ou seja, o lugar ideal para o experimento. Porém, depois de alguns dias tentando, nada sai como o esperado. Eles abortam a missão e decidem visitar uma reserva em São Paulo, com macacos que demonstram a mesma característica, e depois de algumas tentativas, chegam ao resultado, com imagens realmente muito bacanas. “Tendo os elementos certos, a gente consegue a imagem que a gente precisa”, resume o fotógrafo. E esse é só um tema. Prepare-se para acompanhar, entre outras coisas, câmeras na cabeça de um jacaré para vê-lo em 360º e um dia inteiro de uma barreira de corais através do timelapse.