Dwayne Johnson estreia nos cinemas como o anti-herói "Adão Negro"

Foram 15 anos de negociações e persistência até que Dwayne "The Rock" Johnson finalmente pudesse se apresentar como Adão Negro no Universo Cinematográfico da DC. O estúdio, aparentemente, queria muito o ator em seus filmes, mas não necessariamente vivendo este personagem. O carismático astro do cinema de ação então, brigou pelo papel até conseguir definir que ele não seria um simples vilão, mas o protagonista de um filme solo. "Foram anos de executivos dos estúdios questionando se 'existia algum outro super-herói da DC que eu queria interpretar'. Minha resposta sempre foi não", revelou ele em uma publicação em suas redes sociais. É com este panorama pregresso que "Adão Negro" estreia nesta quinta-feira.

O personagem que dá nome ao filme foi criado pelo roteirista Otto Binder e pelo desenhista C. C. Beck em 1945, e surgiu para ser o arquiinimigo do herói Shazam, com poderes capazes de permitir que brigasse até mesmo com o Superman. Mas com décadas de histórias e muitas reformulações, o vilão se tornou um anti-herói. A trama do filme mostra que no antigo país de Kahndaq, 5.000 anos atrás, Teth Adam (Johnson) recebeu os incríveis poderes dos deuses, mas depois de usá-los para a vingança e se tornar o Adão Negro, ele foi aprisionado. Em tempos atuais, é libertado, mas diante de suas ações, regidas pelo ódio por causa do seu passado, ele é desafiado pelos heróis modernos que formam a Sociedade da Justiça: Senhor Destino (Pierce Brosnan), Esmaga-Átomo (Noah Centineo), Gavião Negro (Aldis Hodge) e Ciclone (Quintessa Swindell).

Anti-herói e representatividade

As entrevistas e declarações de Dwayne Johnson deixam evidente a enorme paixão do ator por esse projeto. "Adão Negro é algo que tem sido parte do meu DNA e da minha alma [...]eu sempre soube que se fôssemos tornar o filme realidade, isso iria exigir o trabalho mais difícil que eu já tive que fazer na minha vida", revelou ele em materiais promocionais do longa. Além do claro preparo físico, os obstáculos parecem realmente ter sido maiores do lado burocrático. Foi durante este período que o Universo DC se ergueu e ruiu nos cinemas com os lançamentos dos criticados "Batman vs Superman" e "Liga da Justiça", e de filmes individuais como "Mulher-Maravilha" e "Aquaman", que apesar de terem uma boa recepção, não conseguiram firmar os super-heróis do estúdio como os da Marvel fizeram. Já os elogiados "Batman", lançado este ano, e "Coringa", vencedor do Oscar com o ator Joaquim Phoenix, parecem produtos completamente desconectados de um todo. Mas eis que The Rock surge à frente e nos bastidores para tentar redirecionar o caminho das novas produções, propondo aqui algo menos heróico. "Como todos sabemos, os super-heróis têm um código de justiça e não matam os bandidos. Mas Adão Negro mata. A hierarquia de poder no universo da DC está mudando. Anti-herói. Homem de preto. Protetor de seu povo", escreveu ele em seu Instagram.

A representatividade também importa e é presente em "Adão Negro". Os heróis Gavião Negro e Ciclone, retratados nos quadrinhos como caucasianos, são interpretados por atores negros. O próprio diretor, Jaume Collet-Serra (que fez os filmes de terror "A Casa de Cera" e "A Orfã"), é hispano-americano. Para Johnson, a representatividade é inerente ao personagemtítulo: "Ele era um herói de cor que importava para mim na época [que eu era criança], como importa para mim agora. Crianças de todas as cores ao redor do mundo agora poderão se ver em Adão Negro", completou.

Basta uma olhada rápida no gigantesco número de salas de cinemas destinadas para "Adão Negro" para concluir que o estúdio da Warner Bros., responsável pelo filme, espera uma grande bilheteria. Agora, se todo esse esforço de The Rock vai trazer sucesso com o público e grandes valores de arrecadação - talvez indicando um recomeço para o Universo DC -, só os resultados das próximas semanas devem responder.