a ascensão de Muad’Dib

“Duna: Parte 2” estreia nas salas de cinema de Campinas

“Duna: Parte 2” retoma a história de Paul Atreides, iniciada em 2021, aumentando sua escala e discutindo a manipulação das massas através do fundamentalismo religioso

Aline Guevara/ [email protected]
29/02/2024 às 15:56.
Atualizado em 29/02/2024 às 15:56
Filme do diretor Dennis Villeneuve está mais grandioso e épico, não só na escala técnica, mas também na temática (Divulgação)

Filme do diretor Dennis Villeneuve está mais grandioso e épico, não só na escala técnica, mas também na temática (Divulgação)

Quando “Duna” estreou em 2021 – na época em que o cinema estava só iniciando a retomada pós-pandemia –, muitos podem ter se surpreendido com o final inconclusivo e a indicação de que uma sequência viria. Bom, a espera acabou e finalmente estreia nesta quinta-feira “Duna: Parte 2”, concluindo a adaptação do livro de mesmo nome de Frank Herbert, obra que ao ser publicada em 1965 foi um marco para a literatura de ficção científica. O filme está mais grandioso e épico, não só na escala técnica, mas também na temática.

Como o primeiro, o filme é longo. As 2h46, no entanto, são bem utilizadas para completar a narrativa desse épico com a profundidade que ele pedia. Timothée Chalamet volta no papel do protagonista Paul Atreides e lidera o elenco estelar que ainda tem Zendaya, Rebecca Ferguson, Florence Pugh, Christopher Walken, Javier Bardem, Austin Butler, Léa Seydoux, Stellan Skarsgard e Josh Brolin.

O CORREIO JÁ VIU

Enquanto “Duna: Parte 1” toma seu tempo para estabelecer a mitologia extensa e complexa de Frank Herbert, em um ritmo mais lento, a Parte 2 vai lidar com um desenrolar mais acelerado diante da crise decorrente dos acontecimentos anteriores. Paul e sua mãe, Lady Jessica estão entre os Fremen, o povo de Arrakis, e a nova cultura é um refresco diante da sobriedade e rigidez da postura previamente estabelecida no primeiro filme. Diferente do tom gélido e calculista que havia usado com os membros das casas dos Atreides, Harkonnen e da família imperial, o diretor Dennis Villeneuve estabelece os subestimados Fremen como pessoas calorosas, divertidas e humanas. Sofridas também pela vida no deserto, mas especialmente pela exploração estrangeira em seu planeta. No contato com eles, especialmente com Chani, Paul se torna mais interessante e faz com que a gente se envolva com seus dramas. No deserto, o protagonista assume o nome Muad’Dib.

Paul é um messias forjado, como o filme anterior explicou, a partir de um processo de cruzamento de linhagens consideradas superiores com o objetivo de gerar um ser humano excepcionalmente poderoso e controlado pela irmandade das Bene Gesserits. Muito consciente de sua posição, ele sabe que, se desejar, pode assumir o papel para a população Fremen, boa parte dela desejosa daquele que lhes foi prometido na conspiração milenar. Mas há um custo terrível em manipular a força do povo do deserto, mesmo que, em parte, a intenção seja libertálo. A libertação de um povo violentamente oprimido por décadas justifica uma guerra que vai tirar outras incontáveis vidas?

O clichê do predestinado salvador ganha contornos complexos, pois sua ascensão depende da manipulação de uma população através do fundamentalismo religioso. Em determinado momento, o filme coloca grupos de Fremen com opiniões opostas sobre Paul.

Depois de uma participação curta no primeiro filme, Zendaya finalmente tem espaço. Chani, personagem que mais passou por adaptações do livro para as telonas (ainda bem), é mais do que um interesse amoroso de Paul. Ela representa a cultura Fremen sem a intervenção religiosa e consegue enxergar mais criticamente o que ocorre ao seu redor. Alguns outros personagens sofrem com o pouco tempo de tela e a falta de intenção no roteiro de desenvolvê-los. É o caso de Florence Pugh, Christopher Walken e até Rebecca Ferguson, mesmo que a sua Lady Jessica fosse a figura mais interessante de “Duna: Parte 1”. Austin Butler se sai melhor em causar impacto na pele do psicopata FeydRautha.

Todos os aspectos técnicos acrescentam ao roteiro para a criação da intensidade épica da história. Fotografia, design de produção, som e trilha sonora trabalham na mesma sincronia do filme anterior, mas são impulsionados pela narrativa mais urgente. Ter a experiência de assistir ao filme no cinema, aqui, vai fazer diferença.

Indicado do Japão ao Oscar e aventura infanto-juvenil brasileira também entram em cartaz

“Dias Perfeitos”, o filme que representa o Japão na indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional, também chegou aos cinemas de Campinas. O alemão Wim Wenders, um importante cineasta, dirige o popular ator japonês Koji Yakusho. Na história, um homem de meia idade reflexivo vive sua vida de forma modesta como zelador e limpando banheiros em Tóquio.

Uma opção para os mais novos é o nacional “Empirium – Uma Aventura com Einstein”. Ele acompanha um garoto apaixonado por ciência que vai precisar reaver o seu projeto roubado para um concurso de invenções e ainda ter a oportunidade de conhecer o próprio Albert Einstein, trazido para os tempos atuais.

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