Confissões de um Sofredor

Documentário sobre a vida de Lupicínio Rodrigues estreia em São Paulo

Cineasta campineiro apresenta a obra neste sábado na Mostra Internacional de Cinema de SP, às 20h30, na Estação Itaú de Cinema - Frei Caneca

Aline Guevara/ cadernoc@rac.com.br
22/10/2022 às 17:23.
Atualizado em 22/10/2022 às 17:48

O sambista da "dor de cotovelo nas telonas" (Divulgação)

Ao ser perguntado sobre o porquê fazia "música de dor de cotovelo" - termo que ajudou a cunhar - o cantor, compositor, poeta e sambista gaúcho Lupicínio Rodrigues respondeu: "é que eu sofri demais, meu camarada. Essas minhas dores de cotovelo foram de verdade. Então eu sei traduzir as dos outros". O trecho dessa entrevista é um dos muitos momentos do artista que vemos no documentário "Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor", que se propõe a investigar a sua história, revisitar grandes sucessos e entender porque seu nome é tão pouco lembrado quando sua música ainda ressoa e atravessa fronteiras. O filme é o primeiro longa-metragem do diretor campineiro Alfredo Manevy e estreia sábdao (22) na Mostra Internacional de Cinema de SP, às 20h30, na Estação Itaú de Cinema - Frei Caneca.

O cineasta explica que sua relação com Lupi, como era carinhosamente conhecido o compositor, começou com suas letras interpretadas por outras pessoas, como "Nervos de Aço", na voz de Paulinho da Viola. "Sempre quis entender como as músicas dele saíram do sul do país e chegaram até Hollywood, foram gravadas até no Japão", conta ele, citando os casos exemplificados no filme. Uma de suas composições, "Se acaso você chegasse", virou trilha sonora da produção hollywoodiana "A Dançarina Loura" e foi indicada ao Oscar - no entanto, Lupicínio não a autorizou ou foi consultado, portanto nunca houve crédito a ele. E "Vingança", uma de suas músicas mais famosas, inspirada em um dos muitos amores que o deixaram com o coração partido, rodou o mundo ganhando regravações, desde boleros argentinos até versões nipônicas. "Achei que era importante investigar toda essa história e oferecer essa homenagem", completa o campineiro.

Ao longo dos 97 minutos, "Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor" viaja através da história do compositor a partir de seus próprios relatos em entrevistas recuperadas dadas entre 1968 e 1974, ano em que faleceu. Segundo Alfredo, existe muito material inédito apresentado no longa, que demorou cinco anos para ser produzido, entre pesquisas, recuperação de imagens, novas filmagens e edição. Além do compositor, o documentário também dá voz a parentes, amigos e grandes cantores que interpretaram sua música, como Elza Soares e Gilberto Gil, e resgata curiosidades: autor do hino do Grêmio, seu time do coração, Lupi não ganhou dinheiro com a composição, mas sim uma cadeira especial no Estádio Olímpico. O filme explica que ele nunca usou o assento porque preferia assistir aos jogos na plateia geral. Esta é só uma das muitas histórias relatadas, entre amores e dores. O roteiro também é assinado por Alfredo ao lado de Márcia Paraíso e Armando Almeida, além de ter produção do Canal Curta! e da Plural Filmes. 

O documentário ainda faz mais duas sessões durante o festival da Mostra SP, uma na terça-feira, 25/10, no Cine Marquise às 16h45, e outra no próximo sábado, 29/10, no SPCine Tiradentes às 16h. Quem não conseguir acompanhar as sessões da capital terá que esperar um pouco mais para conferir "Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor", pois ele ainda percorrerá um circuito de festivais por alguns meses antes de chegar aos cinemas comerciais. Alfredo também deseja trazer uma exibição especial para a cidade natal de Campinas em 2023, mas ainda não tem uma previsão de data. Até lá, é possível dar o play nas canções de Lupi sem medo de curtir a nostalgia, até porque, segundo o próprio cantor, não importa quanto tempo passe, "desde a época de Romeu e Julieta, a música de dor de cotovelo jamais morrerá".

PROGRAME-SE

Documentário "Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor"

Quando: sábado, 22/10, às 20h30

Onde: Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, Shopping Frei Caneca, R. Frei Caneca, 569, Consolação, São Paulo

Ingresso: R$ 30 ou R$ 15 (meia entrada)

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