Mostra 'Arte da Reciclagem em São Paulo - Reciclarte' reúne fotografia, vídeo, teatro e depoimentos
Cerca de 800 mil pessoas trabalham com reciclagem no Brasil, espalhadas em uma extensa e complexa cadeia que vai desde os catadores nas ruas até aqueles que transformam um resíduo descartado em um produto novo. Pessoas que a maior parte da população desconhece. “A grande massa precisa saber quem são essas pessoas. Valorizá-las, porque se trata de um trabalho imprescindível para a sociedade”, acredita Peter Milko, diretor de redação da revista Horizonte Geográfico, publicação dedicada ao meio ambiente, à cultura, ao patrimônio histórico e à sustentabilidade.Para isso, Peter decidiu criar a exposição multimídia 'Arte da Reciclagem em São Paulo - Reciclarte', uma mostra que ressalta, por meio de ensaios fotográficos, vídeo, peças e depoimentos de pessoas que estão por trás da cadeia da reciclagem, a dignidade desse trabalho anônimo que gera riqueza a partir daquilo que se descarta. Depois de uma temporada no Memorial da América Latina, em São Paulo, a exposição entra em cartaz hoje, no saguão da Prefeitura de Paulínia, com entrada franca.“Sempre tivemos como inspiração prestigiar e valorizar esses anônimos, fazer algo que levantasse a autoestima e desse prestígio a esses trabalhadores. Exatamente por isso, o primeiro passo foi mapear essa cadeia e, então, escolhemos 30 personagens. Temos desde o descarte de resíduos, feito por um indivíduo comum em sua casa, catadores, separadores, até aqueles que estão em indústrias”, explica. Tela giganteCada personagem está retratado em uma tela gigante, com 2,2m x 1,8m cada, em ensaios fotográficos de Gustavo Lourenção e Davilym Dourado, e o visitante recebe na entrada da mostra um audioguia para ouvir, diante de cada foto, o depoimento do retratado sobre seu trabalho. “Gosto de dizer que os depoimentos são a cereja do bolo porque, mais do que ver a realidade do trabalhador, você conhece um pouco da sua história”, acrescenta o curador. O público tem à disposição, ainda, um vídeo dos trabalhos realizados com os personagens. Uma espécie de making of da mostra.Entre os anônimos da reciclagem, estão o catador Anesio Antonio de Oliveira, da Associação Raio de Luz, de São Bernardo do Campo, e o técnico de informática Claudio Firmino de Oliveira, 48 anos, do Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática da Universidade de São Paulo (Cedir/USP). Dois trabalhadores de um mesmo setor, mas com trabalhamos completamente diferentes. ArteAlém de retratar a cadeia da reciclagem, a exposição mostra a arte que também é gerada pelo Brasil com produtos transformados. “Entramos em contado com artistas que usam materiais reciclados para desenvolver suas obras de arte e expomos seis biombos apenas com esses materiais. O que mostra a pluralidade desse segmento”, completa Peter Milko. A exposição fica até dia 5 de dezembro em Paulínia e, depois, segue para Sorocaba.ServiçoExposição 'Arte da Reciclagem em Paulínia - Reciclarte' Até 5 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h No Saguão da Prefeitura de Paulínia (Av. José Lozano Araújo, 1.551 - Parque Brasil 500). Telefone: (19) 3874-5600 De graça