Orquestra Sinfônica se apresenta na Concha Acústica, no Parque Taquaral, um dos espaços culturais mais importantes da cidade (Cedoc)
Quando se pensa em espaços culturais, logo se lembra do Centro de Convivência Cultural, no Cambuí; da Concha Acústica, no Taquaral; da Estação Cultura, no Guanabara; e do Teatro Castro Mendes, na Vila Industrial. É fato que estes são importantes endereços sob a gestão do município — também chamados de equipamentos de grande porte —, mas Campinas conta com outras localidades abertas para abrigar as mais diversas manifestações culturais. De shows musicais a espetáculos de dança, de apresentações de peças teatrais a exposições, de festas populares a performances artísticas... sempre há um endereço para que a arte seja mostrada.
Segundo Gabriel Rapassi, diretor de Cultura do município, Campinas tem algo muito peculiar quando comparada a outras cidades do mesmo porte, que é uma rede de iniciativas culturais, grupos e coletivos que se organizam e têm os próprios espaços. No entanto, ele frisa que isso não é uma novidade. "No começo do século passado, já tínhamos alguns espaços, clubes e organizações que mostravam essa tendência muito forte. A Banda dos Homens de Cor, a Banda Carlos Gomes e o Clube Machadinho são exemplos e têm muita história de organização de determinadas comunidades para criar espaços de convívio com cultura", afirma.
Ele cita que, com essa característica, hoje existem a Casa de Cultura Ibaô, um espaço público gerido por uma comunidade na Vila Padre Manoel de Nóbrega; o Espaço Maloca, na Vila União, conduzido pelo grupo Margem Cultural. Com perfil semelhante podem ser citados também o Pavão Cultural, em Barão Geraldo, a Casa de Cultura Fazenda Roseira e o Instituto Anelo, que nasceu da vontade de uma pessoa que foi estudar na Unicamp e quis voltar para sua comunidade para transformá-la pela música. "Podemos dizer que é uma característica da cultura de Campinas: grupos que conseguem se organizar e criar sustentabilidade em seu trabalho cultural e gerir um espaço, um lugar para as pessoas se expressarem, renovarem e reproduzirem a sua identidade", completa.
O gestor cultural cita ainda o Centro Cultural Casarão, também em Barão Geraldo, e o Espaço Cultural Maria Monteiro, na Vila Padre Anchieta, que "são verdadeiros estuários, onde grupos podem desenvolver um produto cultural e uma prática de convivência para depois sair mostrando para o Brasil inteiro".
Cultura na periferia
A periferia conta atualmente com dois CEUs, o da Vila Esperança, na região do São Marcos, que abriga também o Instituto Arnea, com aulas de dança para crianças e jovens, e do Jardim Florence, que tem algumas salas utilizadas pelo Instituto Anelo.
Para fomentar a cultura nas regiões menos favorecidas, a Secretaria de Cultura e Turismo aposta em parcerias. Segundo Gabriel Rapassi, o grupo Urucungos, a Casa de Cultura Tainã e a Casa de Cultura Itajaí são alguns exemplos. "Na região do Campo Grande, deu pra gente seguir um método para atuar com espaços próprios e parceiros. Pretendemos ampliar a ação na região do Ouro Verde, onde fica a Casa de Cultura Andorinhas, e também na região Sul, do Oziel até Viracopos", afirma. "Por enquanto, estamos atuando através de financiamento de projetos e enquanto não se constrói equipamento próprio, vamos reforçar os parceiros", completa.
Para o futuro, ele destaca que as principais apostas são a conclusão da obra do CCC, prevista para 2024 — a licitação da 2ª etapa deve acontecer ainda neste semestre —, e a recuperação da Estação Cultura, um local de 15 mil m2 cobertos, com boa infraestrutura e com agenda de eventos, mas que também precisa de reforma. "Estamos trabalhando para captar recursos e fazer a intervenção e atualização por lá", ressalta.
