DIÁLOGO DAS ARTES

Diretores levam técnicas de cinema para palco de teatro

O contrário também vem acontecendo: cineastas usam técnicas teatrais em muitos de seus filmes

Agência Estado
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09/05/2013 às 15:35.
Atualizado em 25/04/2022 às 16:57

Marcelo Serrado ((à direita) e Rafael Infante em cena da peça 'Rain Man', que tem direção de José Wilker (Divulgação)

Virou lenda a história segundo a qual Alain Resnais exortava Marguerite Duras a fazer literatura enquanto escrevia o roteiro de Hiroshima, Meu Amor. A autora exasperava-se, porque seu sonho nada secreto era o cinema e Resnais lhe dizia que dele se ocuparia depois. Uma história parecida é contada por Anne Consigny. Ela faz uma das Eurídices na peça dentro do filme de 'Vocês Ainda não Viram Nada'. E Anne relatou como Resnais pedia a seus atores que fossem teatrais, como se a vida fosse um palco.

Pegando carona em 'Vocês Ainda não Viram Nada' e em alguns filmes do Festival Varilux que ainda rodam pela cidade, pode-se falar nas relações entre teatro e cinema, mas não no sentido tradicional. O cinema sempre recorreu à fonte do teatro, muitas vezes sob a forma de adaptações. Mas agora a questão é um pouco mais complexa. Resnais, e também Jean-Pierre Améris, diretor de 'O Homem que Ri', e Philippe Le Guay, que assina 'Pedalando com Molière', querem fazer teatro no cinema, ou pelo menos invadir seus domínios. Inversamente, José Wilker e Monique Gardenberg incorporam técnicas de cinema a peças que dirigem e estão em cartaz. A de Wilker baseia-se num filme de sucesso - 'Rain Man', de Barry Levinson, que venceu os Oscars de filme, direção e ator (Dustin Hoffman) de 1988.

Na peça que dirigiu anteriormente - 'Palácio do Fim', de Judith Thompson -, Wilker já usara a iluminação como câmera, estabelecendo cortes, em cena, por meio da luz. Em 'Rain Man', ele contou ao repórter que se valeu de outro procedimento de cinema e criou travellings com objetos de cena para contar a história de Charlie e seu irmão autista, Raymond, o 'Rain Man'. Monique adapta cinco contos de Haruki Murakami, compondo um espetáculo de teatro com material basicamente literário, do livro 'O Desaparecimento do Elefante'. São histórias triviais de homens e mulheres, mas a trivialidade é subvertida pelo humor - levemente nonsense.

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