Para celebrar a data a cidade recebe shows de rock no mês de julho
A banda Hoze em apresentação que levantou o público roqueiro: foco em conquistar fãs não só em Campinas (Jonny Ribeiro)
A cidade de Campinas sempre teve seus grupos de rock e esse é um estilo que tem cada vez mais adeptos. Para comprovar isso basta olhar para a história da Central do Rock, entidade sem fins lucrativos que completa hoje seus 15 anos de atividade, e nasceu com a responsabilidade de apresentar e incentivar o rock autoral da cidade em festivais realizados em espaços públicos. Para celebrar a data, a Central realiza na sexta-feira, 14, e no domingo, 16, o Planeta Rock na vizinha Hortolândia e já agendou para o dia 30 de julho um show em Campinas, na Concha Acústica, com a presença do roqueiro Supla.
Nino Fonseca, presidente da Central, lembra que o rock é um estilo de vida e sua produção sofreu uma grande reformulação desde o advento da Internet. "Antes divulgávamos nossas apresentações com cartazes colados pelo Centro da cidade e com convites impressos em papeletas. As mudanças começaram na época do Orkut, quando as comunidades que gostavam dessa música começaram a se juntar no ambiente digital e por ali divulgávamos os shows. Agora, acompanhamos os movimentos das redes sociais que ajudam a mobilizar quem aprecia o estilo".
Outra grande mudança na forma de encarar a produção do rock aconteceu durante a pandemia, quando os músicos tiveram que lidar com ferramentas virtuais para realizar lives, promover shows virtuais e conciliar e mixar as produções caseiras de vários músicos. "Aprendemos muito e tivemos que evoluir também para o aprendizado dos editais, que nos obriga a organizar nosso material, escrever projetos, gerenciar verbas, coisas que antes não estávamos tão atentos. Com a retomada das apresentações presenciais, toda essa experiência tem sido útil", comenta Nino. Ele afirma também que nesse período muitas bandas surgiram, enquanto outras se desfizeram por falta de estrutura.
Entre as referências do rock na cidade ele cita alguns grupos que influenciaram esse estilo na cidade nas décadas passadas, "como Mussarelas, uma banda que levou o nome da cidade para fora, a Cretinos, a Lucrécia Borja. São inúmeras e mantemos o respeito por esse legado", diz. Nino ressalta, entretanto, que é preciso ouvir coisas novas, pois há muitas bandas que tocam o rock autoral e muitas vezes não são valorizadas como deveriam.
Ele cita algumas bandas locais que começam a ganhar notoriedade, como a Cidadão José, que já conquistou espaços importantes no Brasil, e a Fogo 51, que nasceu no ano passado, mas já está fazendo turnês em vários estados e abrindo shows importantes com uma mistura de hip hop com rock. Ele destaca ainda a Kamalla, de metal pesado, que faz turnê pela Europa com repertório autoral e tem quatro álbuns, além da Cura, que tem um som mais industrial e se conecta com a juventude ligada em tecnologia.
É nessa linha de grupos novos e com foco nas plataformas digitais que entra a Hoze, criada em 2019 e com EP autoral lançado em 2020. É nela que o músico Guigo Ribeiro é vocalista e guitarrista, acompanhado de Daniel Penido (baixo) e Gabriel Mourão (bateria). O trio tem traçado estratégias para conseguir projeção fora da cidade e inicia sua primeira turnê pelo interior paulista. "A cidade tem muitos artistas e bandas boas, mas focados em ambientes mais underground, sem a preocupação de expandir para fora dos locais habituais de Campinas. Nós queremos sair e levar nosso som para o cenário nacional", comenta Guigo.
Outras bandas jovens com a mesma proposta de expansão ele cita a Charcot Marrie e a Indigo.