Evento da Unicamp, gratuito e aberto ao público, reúne leitura cênica, rodas de conversa, oficina e inaugurações de novos espaços de convivência na universidade
Comemoração da data, anteriormente denominada como “Dia do Índio”, contará com roda de conversa, leitura cênica de livro, oficina de ervas e exposições em espaços da Unicamp (Funai)
Abril é um mês marcado por uma data comemorativa que ganhou uma ressignificação. O antigo “Dia do Índio”, celebrado no próximo dia 19, que muitas vezes trazia uma visão estereotipada, folclorizada e até desrespeitosa das nações originárias, desde 2023 é conhecido como o Dia dos Povos Indígenas. De olho nesse período simbólico, a Unicamp está realizando uma série de eventos culturais e acadêmicos dentro da primeira edição do Abril Indígena. Entre as atividades, gratuitas e abertas ao público, estão uma leitura cênica com artistas do Teatro Oficina, roda de conversa, exposição e seminários.
“A presença indígena está muito mais forte dentro da Unicamp e queremos comemorar e dar visibilidade para essa presença”, explica Chantal Medaets, professora da Faculdade de Educação e coordenadora da Comissão Assessora para a Inclusão Acadêmica e Participação dos Povos Indígenas (CAIAPI), órgão que acompanha os estudantes indígenas e que idealizou o Abril Indígena.
Em 2019, a Unicamp iniciou um programa de cotas étnicas raciais com o Vestibular Indígena, para todos os seus cursos, e hoje, cinco anos depois, a universidade é a casa de aproximadamente 500 estudantes de diversas etnias, vindos de todo o Brasil. “A partir dessa iniciativa, a Unicamp tem sido conhecida como um polo indígena dentro do Estado de São Paulo. Estamos super felizes de partilhar essas atividades com a comunidade. A ideia é que seja o primeiro Abril Indígena, mas no segundo semestre já vamos começar a elaborar o Abril Indígena de 2025”, aponta a docente.
DESTAQUES DA AGENDA
Chantal explica que a programação do Abril Indígena foi realizada por muitos envolvidos. “A CAIAPI é um espaço de articulação de diferentes pessoas dentro da Unicamp em torno da questão indígena, inclusive os próprios estudantes, que têm representantes dentro dessa comissão”, detalha. Uma das atividades propostas pelos alunos foi a Leitura Cênica de “A Queda do Céu”, livro de Davi Kopenawa e Bruce Albert, que acontece nesta quarta-feira (10), às 18h. A encenação vai envolver a presença de artistas da Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona, do Corifeu Indígena e também de estudantes indígenas da universidade.
Nesta quarta-feira (10), um pouco mais cedo, às 14h30, acontece a Roda de Conversa “Entrelaces ancestrais: estudantes e mestras indígenas em travessias de nossas raízes”. Vai ser um encontro com seis mulheres indígenas norte-americanas e mexicanas que estão de passagem pelo Brasil para participarem de uma atividade no Museu das Culturas Indígenas em São Paulo e que vão vir até Campinas para participar desse bate-papo.
Outro destaque é a participação do professor José Angel Quintero Weir, da Universidade Autônoma Indígena Wanjirawa, da Venezuela, e que é membro do povo Añuu. O acadêmico realiza um debate amanhã, às 19h, no Salão Nobre da Faculdade de Educação, com o tema “Conocer desde el corazonar indígena: teoría y práctica del conocimiento para la vida”. Já na semana que vem, ele vai para o Campus da universidade em Limeira para um seminário e uma aula aberta. Nenhuma das atividades do Abril Indígena requer inscrição prévia.
Últimos preparativos são realizados para a inauguração do Jardim dos Saberes Ancestrais, com pilares pintados e ornamentados por indígenas de diferentes grupos étnicos (Divulgação)
ESPAÇOS ANCESTRAIS
Dois novos espaços vão ser inaugurados na Unicamp durante o Abril Indígena, marcando essa celebração: a Casa dos Saberes Ancestrais e o Jardim dos Saberes Ancestrais. A Casa dos Saberes Ancestrais, localizada ao lado da Casa do Lago, foi construída a partir de um planejamento de indígenas da etnia Kiriri e visa ser um local de encontro e de atividades ligadas à questão indígena, para ser usado pelos próprios alunos e outros visitantes. Já o jardim é um espaço, em frente à Biblioteca da Faculdade de Educação, com pilares pintados e ornamentados por indígenas de diferentes grupos étnicos, onde será possível estender redes. “Vai ser um espaço de descanso, marcado por esse artefato indígena que é a rede, que herdamos das civilizações originárias”, conta Chantal.
Programação completa: No Campus da Unicamp em Campinas
✔ Quarta-feira, 10/04, às 14h30: Roda de Conversa “Entrelaces ancestrais: estudantes e mestras indígenas em travessias de nossas raízes”
Onde: Casa dos Saberes Ancestrais
✔ Quarta-feira, 10/04, às 18h: Leitura cênica do livro “A Queda do Céu”
Onde: Na saída do trajeto da Casa dos Saberes Ancestrais
✔ Quinta-feira, 11/04, às 14h30: Oficina de ervas do mato com a Mestra Japira Pataxó
Onde: Jardim dos Saberes Ancestrais
✔ Quinta-feira, 11/04, às 19h: Debate “Conocer desde el corazonar indígena: teoría y práctica del conocimiento para la vida”, com o professor José Angel Quintero Weir
Onde: Salão Nobre da Faculdade de Educação
✔ Sexta-feira, 12/04, às 9h30: Inauguração dos espaços Casa dos Saberes Ancestrais e Jardim dos Saberes Ancestrais
Onde: Saída do Jardim dos Saberes Ancestrais
No Campus da Unicamp em Limeira e na cidade de Limeira
✔ Dia 15/04, segunda-feira, às 19h: “Cartografias de la Memoria” – Seminário com o professor José Angel Quintero Weir
Onde: Sala UL04, na Faculdade de Ciências Aplicadas
✔ Dia 16/04, terça, das 8h às 18h: Exposição “Xiñanawahu — pensamento dos povos”
Onde: Faculdade de Ciências Aplicadas
✔ Dia 18/04, quinta, das 8h Às 18h: Exposição “Xiñanawahu – pensamento dos povos”
Onde: Hall de entrada da Secretaria Municipal de Educação de Limeira
✔ Dia 18/04, quinta, das 9h às 16h30: Aula Aberta “Fazer comunidade e pedagogia nóstrica”, com o professor José Angel Quintero Weir
Onde: Teatro Nair Belo, na Secretaria Municipal de Educação de Limeira
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