Dez cordas, infinitos sons

As inúmeras sonoridades presentes na viola caipira vão embalar os primeiros dias de junho no Centro Cultural Casarão, em Barão Geraldo. A partir desta quinta-feira (8) a domingo (11), a primeira edição do 'Casarão das Violas', idealizado pelo violeiro João Arruda, terá shows, encontros, contação de causos, apresentações folclóricas e lançamento de disco, de violeiros e grupos vindos de diversas partes do Brasil, entre eles Paulo Freire, Levi Ramiro, Renato Caetano, Catira de São Gonçalo e o grupo mineiro Vento Viola. “Tinha a ideia de juntar os violeiros, e a coisa foi acontecendo naturalmente. O Renato Caetano, que é de Belo Horizonte, estaria por aqui, o Vento Viola queria fazer o lançamento do novo disco, os outros também estavam disponíveis e deu certo promover esse encontro. De quinta a domingo terá muita viola no Casarão”, diz João Arruda, também curador do evento. “Esse encontro nasce de uma vontade antiga de reunir diversos violeiros no Casarão, já que o espaço vem sendo um importante reduto de violas e cantorias e de promoção da cultura popular. Por isso, o objetivo desse 'Casarão das Violas', que será o primeiro de muitos outros, é dialogar com artistas que estão pensando, tocando, estudando e sonhando com esse instrumento tão precioso para a nossa cultura popular. Trata-se de uma vivência entre plateia e músicos que tem o intuito de celebrar os inúmeros sons e as várias possibilidades da viola caipira”, destaca Arruda Ele cita ainda que dentro da programação ocorre a participação da Caravana Musical Dandô (Circuito de Música Dércio Marques), criado pela cantora Kátya Teixeira, que circula por todo o Brasil e presta uma homenagem ao cantador Dércio Marques, morto em 2012. No 'Casarão das Violas', o palco será ocupado nesta quinta pelos violeiros João Arruda (anfitrião) e Rodrigo Zanc (convidado). Beatles Renato Caetano, violeiro, compositor, professor e mestre em música pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresenta um show baseada no álbum instrumental 'As Dez Cordas de Liverpool - Um Tributo', em que toca sucessos do The Beatles no ponteado da viola. Violeiro e contador de “causos”, Paulo Freire tira a viola da sacola para embalar os ouvidos do público com canções de 'Pórva', seu mais recente álbum, com histórias coletadas em suas andanças pelo quatro cantos do Brasil e composições que marcaram sua carreira. O Catira de São Gonçalo nasceu em 2016, num encontro de violeiros, catireiros e foliões de reis no Centro de Cultura Caipira e Arte Popular de Campinas. O grupo resgata músicas conhecidas do público caipira, além de compor as próprias modas de viola e os recortados. O violeiro e luthier Levi Ramiro, vencedor do Prêmio Rozini 2010 de Excelência da Viola Caipira, convida Jackson Ricarte para uma dobradinha musical. Ramiro vai mostrar canções de seus álbuns 'Maracanãs', 'Prosa na Base do Ponteio' e 'Capiau', e Ricarte, músicas do disco 'Estrada Afora', que passeia entre o cururu e o baião. Vento Viola Um dos destaques da programação do 'Casarão das Violas' é o show de lançamento do disco 'Em Nome do Vento', segundo CD do grupo mineiro Vento Viola, que apresenta show com as 13 canções do álbum. Entre uma canção e outra os integrantes contam histórias da época da fundação do grupo e revelam curiosidades sobre algumas canções do disco. Criado em 1999, o grupo se consolidou entre os laços de amizade dos componentes Aidê Fernandes (voz e percussão), César Dameire (voz, viola e violão requinto — com menos casas que o convencional), Clayton Roma (voz, violão, viola e baixolão — baixo acústico em formato de violão) e Lúcio Lorena (voz e percussão). Os encontros, aliás, são a marca do grupo. Tanto que o primeiro disco, 'Viola de Todos os Cantos' (2001), gravado em parceria com o violeiro e luthier Levi Ramiro, faz uma devoção à viola, ao violão e à voz. 'Em Nome do Vento' foi gravado entre 2015 e 2016, em Cristina, Sul de Minas, em um estúdio montado na chácara de um dos integrantes. Para o quarteto, o disco é resultado do empenho da “família” Vento Viola. “Todo mundo colaborou no processo. Enquanto fazíamos os arranjos e gravávamos no estúdio, os filhos e as esposas estavam nos fotografando, cozinhando ou participando de alguma forma na construção das faixas. O disco foi feito por nós, feito pela disponibilidade e pela colaboração de todos”, destaca Clayton Roma. O batismo 'Em Nome do Vento' realça essa forma do Vento Viola se manter, que é a proximidade. “Essas são as nossas verdades, é o nosso jeito de ser, que tem a ver com a intuição musical, com os arranjos que também nascem de improvisos e com os encontros das histórias e das vozes de cada um dos integrantes”, afirma César Dameire. Ao contrário do primeiro álbum, em 'Em Nome do Vento' o grupo buscou extrapolar os limites da viola e do violão e mostrar a pluralidade artística presente nas raízes do quarteto, pautada pelo domínio de vários instrumentos. “O violão e a viola sempre foram a base do nosso grupo. Porém, nesse segundo disco, resolvemos mostrar nossa ousadia em propor novos arranjos escritos para contrabaixo, guitarra, baixolão e até para violeta, instrumento criado pelo Levi Ramiro, espécie de violinha, que mistura cordas de aço e de náilon”, explica Roma. O álbum teve participações de Levi Ramiro, Ronaldo Chaplin (cantor e um dos compositores de 'Cheiro de Minas', que abre o disco) e do Grupo Telhado, de Itajubá (MG).  AGENDE-SE O quê: 'Casarão das Violas' Quando: a partir desta quinta-feira (8) até domingo (11) Onde: Centro Cultural Casarão (Rua Maria Ribeiro Sampaio Reginato, s/nº, Terras do Barão, Barão Geraldo, fone: 3287-6800) Quanto: valor a critério do público; os convites serão distribuídos uma hora antes das apresentações PROGRAMAÇÃO Nesta quinta 20h - Projeto Dandô, com Rodrigo Zanc e João Arruda Sexta  20h - As Dez Cordas de Liverpool, com Renato Caetano 20h30 - O Violeiro Descoberto, com Paulo Freire Sábado 20h - Show e lançamento do CD 'Em Nome do Vento', do Grupo Vento Viola Domingo 18h - Catira de São Gonçalo 19h - Levi Ramiro e Jackson Ricarte