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Desafios para proteger as florestas brasileiras

No caso de Aruanas, foi Estela e Marcos que sugeriram a realização do 'thriller' ecológico ambientado entre São Paulo e o interior do Amazonas

Da TV Press
04/07/2019 às 12:42.
Atualizado em 30/03/2022 às 23:36

A aposta da Globo em Aruanas é grande. Além de divulgar a minissérie desde sua pré-produção, a emissora reservou quatro dos maiores nomes femininos de seu “casting” para a série: Débora Falabella, Leandra Leal, Taís Araújo e Camila Pitanga, intérpretes das ativistas Natalie, Luiza e Verônica, e da lobista Olga, respectivamente. Com roteiro de Estela Renner e Marcos Nisti, a produção percorreu um caminho diferente dentro da Globo. Normalmente, a emissora decide os temas que quer abordar na programação e faz encomendas aos profissionais internos e produtoras independentes. No caso de Aruanas, foi Estela e Marcos que sugeriram a realização do “thriller” ecológico ambientado entre São Paulo e o interior do Amazonas, projeto sob o comando de Carlos Manga Jr., que depois de muitos anos dedicado à publicidade e afastado dos Estúdios Globo, voltou a trabalhar na emissora na recente Se Eu Fechar Os Olhos Agora. Em sintonia com a bandeira ambiental de diversas séries que vêm sendo produzidas no exterior, a produção brasileira encontrou lugar no aplicativo Globoplay, onde seus 10 episódios já estão disponíveis. Em uma tensão crescente, Aruanas é uma série feita para maratonar. A estrutura narrativa dribla o tom didático que uma produção de alto viés ecológico poderia carregar e capricha no desenvolvimento de personagens e nos ganchos que valorizam os acontecimentos dos episódios de pouco mais de 40 minutos. Por muitos anos, as produções de curta e média duração da Globo foram criticadas por conta do tom folhetinesco de suas tramas, herança das boas novelas que a emissora produz. Por sorte, o roteiro consegue superar esse “ranço” global ao investir em desdobramentos nada óbvios e, sobretudo, evitar o esquema maniqueísta de suas protagonistas. Embora estejam comprometidas com o meio ambiente, em nenhum momento Natalie, Luiza e Verônica se colocam como heroínas - mesmo que, de alguma forma, sejam. Jornalista renomada, Natalie não consegue ver que seu casamento está por um fio e vive uma relação de aparências. Luiza é o tipo de ambientalista que entra em campo em busca de provas, o excesso de trabalho, entretanto, acaba fazendo-a se sentir culpada como mãe. Advogada de sucesso, Verônica vive os dramas de ter se apaixonado pelo marido de uma de suas melhores amigas. Por fim, Olga poderia ser uma vilã sanguinária por conta do lobby em prol do agronegócio e mineração. A verdade, no entanto, é que ela está apenas sendo boa no que faz e não está muito ligada em bandeiras ecológicas. Pensada para o mercado externo, fato comprovado pelo lançamento oficial da série em cidades como Nova Iorque e Londres, chega a ser corajosa a opção da direção de não mergulhar na imagem “tropical” sempre muito usual em produções que evocam histórias tão brasileiras. Sendo assim, São Paulo e Amazonas têm suas características evidenciadas, mas sem cair no estereótipo. Abusando de um belo contraste de sombras e uma paleta dominadas pelas cores azul, verde escuro, marrom e cinza, Aruanas tem na fotografia um de seus grandes trunfos. É essa boa iluminação que valoriza os cenários urbanos da capital e também os pequenos casebres, estradas, comércios e reservas indígenas das cidades amazônicas. Apesar do elenco principal estrelado, é nítido o cuidado de valorizar atores locais e apostar em nomes em ascensão como Thainá Duarte, Ravel Andrade e Gustavo Vaz. Necessária e bem realizada, Aruanas é um retrato do Brasil de hoje.

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