CADERNO C

'Das sementes que o vento leva'

Memórias da área rural do Paraná são tema de exposição do artista plástico Jerci Maccari

Mariana Camba/[email protected]
16/03/2025 às 08:21.
Atualizado em 16/03/2025 às 08:21
O artista Jerci Maccari nasceu em Santa Catarina, mas ainda criança mudou-se para o Paraná e, desde 1970, vive em Valinhos (Divulgação)

O artista Jerci Maccari nasceu em Santa Catarina, mas ainda criança mudou-se para o Paraná e, desde 1970, vive em Valinhos (Divulgação)

Produzida pelo coletivo Ocupe.Arte, a exposição “Jerci Maccari–das sementes que o vento leva ”foi aberta em Valinhos e prossegue até o dia 5 de abril com 50 obras do artista plástico. Também foi lançado o livro-catálogo sobre Jerci Maccari que, em 160 páginas, faz uma imersão na história do artista, em seu processo criativo e de descoberta de suas diversas facetas no mundo das artes e cultura. A mostra acontece no Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos (Feav) e marca a terceira edição do projeto “Trajetórias”, com pinturas que retratam as memórias da infância de Maccari na área rural do Paraná e em meio ao convívio familiar.

Até o dia 5 de abril, a visitação é gratuita e aberta ao público, de terça-feira a sábado, das 9h às 12h e das 13h às 17h. No dia 22 de março, haverá uma visita guiada pelo próprio artista, que percorrerá suas obras para dialogar com o público. Para encerrar a exposição, no dia 5, haverá um encontro intimista e reflexivo sobre a importância de Maccari e de seus trabalhos, num café da tarde no espaço, com comes e bebes.

O artista Jerci Maccari afirma que, em seu processo de desenvolvimento, encontrou inspiração nas atividades do dia a dia que remetem à sua infância, com uma família grande formada por 10 irmãos, todos envoltos nas atividades do campo. “A cultura do trigo é formada inicialmente por uma haste verde e depois ganha uma cor dourada. Quando bate o vento, formam-se ondas em meio à plantação, que trazem leveza e movimento à tamanha beleza. Eu sou apaixonado por isso.”

Sempre que está de férias, Maccari retorna ao Paraná para reviver seus cenários de pertencimento. É lá que ele desenha e esboça seus novos trabalhos, que são concluídos ao retornar para Valinhos, regados à música caipira e suas variadas cores da vida. Para ele, ser o protagonista de um livro e uma exposição é tudo o que um artista poderia sonhar, com o marco de sua trajetória e empenho. Assim, Maccari classificou o momento promovido pelo Ocupe.Arte como uma felicidade completa e um feito inesquecível.

O coletivo Ocupe.Arte busca enaltecer a contribuição absoluta do artista para a cultura de Valinhos e percorrer, através das obras do acervo, os mais de 50 anos de trabalho e criações que fazem de Maccari reconhecido por retratar o cotidiano do homem no campo. Toda a exposição conta com um ambiente acessível para cadeirantes. A proposta do livro é garantir a extensão e eternização da homenagem e da história do artista. Com tiragem de 2 mil cópias, os volumes de pré-venda se esgotaram antes do lançamento.

TRAJETÓRIAS 

Segundo o produtor do projeto “Trajetórias”, Tomás Cajueiro, o Ocupe.Arte nasceu em 2017, em Valinhos, na tentativa de levar arte onde as pessoas estão, seja nas ruas ou nos espaços públicos, por isso a ideia do “ocupar”: disseminar e tornar a cultura acessível. As ações do coletivo são itinerantes, com palcos diversos para exposições e dinâmicas culturais. “Nossa ideia é trabalhar com a criatividade. E o propósito é fazer com que as pessoas criem o hábito de consumir cultura.”, afirma o produtor.

O Ocupe.Arte desenvolveu o projeto “Trajetórias”, como um de seus braços culturais, com o objetivo de promover e homenagear a arte de Valinhos, divulgando os artistas locais e de renome do município. O projeto é promovido por meio do Programa de Ação Cultural (Proac), da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo. A primeira edição ocorreu em 2022, intitulada “A Imensidão dos Sonhos”, dedicada à arte de Marcos Guimarães. O artista demorou 20 anos para finalizar uma de suas obras e a concluiu para compor a homenagem prestada pelo coletivo. Porém, ele faleceu antes que a exposição fosse inaugurada.

A segunda edição contemplou o artista Genivaldo Amorim, com a exposição “Andanças por Terras Estranhas”, que destacou os trabalhos do artista em 30 anos de carreira. Essa mostra foi além da cidade e circulou por quatro municípios do Estado. Os três artistas homenageados durante o projeto, acrescentou, são considerados os principais nomes da arte e cultura de Valinhos nas últimas décadas.

O Ocupe.Arte tem a pretensão de promover uma nova edição a cada ano. “Por trás do Trajetórias, há 13 pessoas atuando. A maioria é moradora de Valinhos. Estamos aqui na espera de receber o que há de mais importante, o tempo e a atenção das pessoas, e que estas consumam cultura. Afinal, continua sendo uma luta viver de arte e cultura”, ressaltou Cajueiro.

JERCI MACCARI 

O artista nasceu em Santa Catarina e ainda criança mudou-se, junto com a família, para o Paraná. Seu olhar artístico despertou aos 6 anos e se desenvolveu em sua essência na juventude, quando ingressou em um seminário com a pretensão de seguir a carreira religiosa. Na mesma época, o também amante da música decidiu começar o estudo de violino. Valinhos tornou-se o cenário da trajetória cheia de cor e sons de Maccari a partir de 1970 e, desde então, o município tem sido palco de sua história artística, criativa e de expressão.

PROGRAME-SE 

Jerci Maccari–Das sementes que o vento leva 

Quando: Visitação disponível até o dia 5 de abril. De terça-feira a sábado, das 9 às 12 horas e das 13 às 17 horas. 

Onde: Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos (Feav)–Rua Antônio Nicolau, nº84, bairro Bom Retiro, Valinhos. 

Informações: instagram.com/ocupe.arte. Fone+34677154320 (Tomás Cajueiro) e Turquesa Literata (assessoria de imprensa): 1998198-7411

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