UM TRIBUTO MÁGICO A LOBATO

Curta que homenageia Monteiro Lobato foi rodado em Sumaré

o curta-metragem “Danda, o Capa Preta: Lobato” é do diretor campineiro Wendell Stein

Aline Guevara/ [email protected]
17/02/2024 às 17:31.
Atualizado em 17/02/2024 às 17:31
Filme dirigido pelo campineiro Wendell Stein usa elementos do realismo fantástico: lançamento deve ser feito ainda no primeiro semestre deste ano (Divulgação)

Filme dirigido pelo campineiro Wendell Stein usa elementos do realismo fantástico: lançamento deve ser feito ainda no primeiro semestre deste ano (Divulgação)

O realismo fantástico – um estilo de narrativa que combina elementos mágicos ao cotidiano – foi usado pelo cineasta campineiro Wendell Stein para construir um filme que homenageia Monteiro Lobato. “Danda, o Capa Preta: Lobato” é seu novo curta-metragem, cujas filmagens foram finalizadas no início deste ano, todas feitas em Sumaré e com um elenco composto completamente por artistas da região de Campinas. O diretor está concluindo a produção e preparando o seu lançamento para o primeiro semestre de 2024.

No filme, Danda, vivido por Ton Crivelaro, é uma figura – não é possível dizer se é homem, bruxo ou entidade – que vaga pelo Brasil, desfazendo mandingas e enfrentando assombrações. Ele percebe que o portal que vincula o mundo humano ao folclórico está se fechando e, assim, decide ir atrás de seu velho conhecido Monteiro Lobato (interpretado por Wagner Kampynas) para convencê-lo a fazer a travessia antes que a entrada se feche completamente.

O filme mescla referências importantes na história do cineasta. Seu protagonista, Danda, é uma versão mais sombria, maliciosa e adulta do personagem que o amigo e parceiro de Wendell, Álvaro Barbosa, usava em seus filmes. E as obras de Monteiro Lobato foram responsáveis por formá-lo como leitor.

“Para mim, o cinema é a arte da mentira, mas que, muitas vezes, conta mais verdades que a própria realidade”, aponta o cineasta. O roteiro do curta, também escrito pelo diretor, adapta um trecho de seu livro “Danda, O Capa Preta: E a Maldição de Scofield”.

GRAVAÇÕES E ELENCO DA REGIÃO

Financiada pela Lei Paulo Gustavo, a obra foi inteiramente filmada em um sítio, em Sumaré, numa realização das produtoras SDV Eventos e Produções e a Steinfilmes Produções. O cineasta procurou um local que lembrasse o Sítio do Pica-Pau Amarelo descrito nas obras de Lobato, assim como a morada rural do escritor. Ele lembra uma história curiosa: a cena externa do filme, que envolve a aparição de um Saci, poderia ter sido gravada em duas horas, mas foi concluída em 10 horas. “Deu uma ventania inexplicável naquela noite, parecia que ia cair o mundo. Nesse mesmo dia, eu vi um redemoinho. É como se o próprio Saci não nos deixasse filmar. Mas incorporamos isso na filmagem, inclusive no áudio, e deu um clima bacana. Acho que toda vez que mexemos com o folclore, o sobrenatural, tem alguma coisa no ar”, sugere.

O elenco é formado por atores da região. Além dos premiados Ton Crivelaro e Wagner Kampynas, o filme conta com o ator de Campinas, Juscelino dos Santos Augusto, o Jurssa, que tem uma participação forte no movimento Hip Hop. “Em nossa região, temos artistas que não devem nada a outros do resto do Brasil e do mundo. Às vezes, ganhamos reconhecimento fora do País, prêmios, mas aqui não há distribuição comercial e muitos ficam sem ser conhecidos na própria terra, mesmo filmando o nosso interior”, lamenta Wendell. Ele convida a seguir o seu Instagram (@wendellstein) para acompanhar o lançamento de “Danda” e seus novos trabalhos.

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