Corpo da escritora Nélida Piñon é velado na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro

O corpo da escritora Nélida Piñon foi velado na quinta-feira (29) na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio de Janeiro. A despedida da primeira mulher a presidir a ABL em 100 anos (cargo que ela ocupou entre 1996 e 1997) se deu no salão Petit Trianon. Na tarde de quinta-feira, após a cerimônia que contou com a presença de imortais, admiradores e familiares, ocorreu o sepultamento no mausoléu da ABL, no Cemitério São João Batista, no bairro Botafogo.

Junto ao corpo da escritora estavam as cinzas do cachorro Gravetinho, de quem ela era tutora. Da raça pinscher, ele morreu aos 11 anos, em 2017, e suas cinzas estavam guardadas no escritório de Nélida na capital fluminense.

Nélida morreu no último dia 17, em Lisboa, Portugal, após uma cirurgia na vesícula e complicações nas vias biliares. Ela tinha 85 anos. O traslado do corpo para o Brasil levou 11 dias e chegou aqui na quarta-feira. Ela foi a quinta ocupante da Cadeira 30 da ABL, sucedendo Aurélio Buarque de Holanda, eleita em 1989 e recebida em maio de 1990 pelo acadêmico Lêdo Ivo. A primeira mulher presidente de uma instituição literária publicou nove romances, três contos, ensaios, memórias e infantojuvenis. Seus livros foram traduzidos para sete idiomas e publicados em mais de 20 países. Sua última obra foi "Um Dia chegarei a Sagres", publicado em 2020.

Segundo a ABL, entre os prêmios que ela recebeu estão o Prêmio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe, em 1995 (pela primeira vez para uma mulher e para um autor de língua portuguesa); o Bienal Nestlé, categoria romance, pelo conjunto da obra, em 1991; o da APCA e o Prêmio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance "A república dos sonhos".

O site da ABL informa que fará uma Sessão da Saudade no dia 2 de março, no Salão Nobre, em homenagem à autora, que foi uma das maiores representantes da literatura brasileira.