nesta terça-feira

Conservatório Carlos Gomes comemora 95 anos com apresentações gratuitas

Pulsando a cultura de Campinas, o local se renova com ideias de ampliação do acesso da população às artes e promove apresentações gratuitas para marcar seus aniversário

Cibele Vieira/ [email protected]
15/11/2022 às 09:13.
Atualizado em 15/11/2022 às 09:53
As fachadas (antiga e atual) do tradicional conservatório que pretende levar sua arte para os bairros mais afastados (Divulgação)

As fachadas (antiga e atual) do tradicional conservatório que pretende levar sua arte para os bairros mais afastados (Divulgação)

Símbolo de resistência cultural na cidade, o Conservatório Carlos Gomes completa nesta terça-feira (15) 95 anos de fundação. A tradição instalada em 1927 e conduzida nas últimas cinco décadas pela sensibilidade artística de Léa Ziggiatti Monteiro, hoje com 82 anos, recebe um novo fôlego com a posse formal da musicista Lara Ziggiatti como nova diretora artística. Os planos desta renovação são ambiciosos e pretendem consolidar o conceito de centro de artes, levar mais cultura gratuita para bairros que não têm tanto acesso e implementar obras físicas que incluem a construção de um teatro para a comemoração do centenário, em 2027.

Para comemorar a data de fundação, um aniversário musical foi planejado para esta tarde na sede do Conservatório, instalado em uma chácara de cinco mil m² no Jardim Santa Cândida, região Leste da cidade. Em local aberto e em meio à natureza, a festa será descontraída, com exposição infantil e várias apresentações. Entre elas a cantata dos Meninos Cantores de Campinas (que comemoram seus 31 anos de criação) e a apresentação da Orquestra Carlos Gomes. No repertório estão composições históricas como "Cantata da Primavera", de Orlando Fagnani (1922 - 1977) - compositor de expressão nacional, que foi professor no Conservatório -, além de obras de Carlos Gomes, Rachmaninof, Guerra Peixe, Bach, Mozart e Villa-Lobos. A entrada será gratuita, mas quem quiser poderá doar alimentos não perecíveis que serão encaminhados à bancada solidária do Taquaral.

Arte renovada

A pandemia foi produtiva para a renovação física da sede e novos projetos surgiram. "Os arquivos foram reorganizados e a história revisitada por meio de documentos, fotos e vídeos, um rico acervo que tem sido digitalizado para preservar a memória", conta Lara. E história é o que não falta no mais tradicional centro de formação de artistas da cidade, nas áreas de música, teatro, dança e artes plásticas. Ao revisitar a memória, os músicos Lara Ziggiatti e Silas Simões decidiram retomar as programações culturais abertas à população.

Foi assim que começaram novos projetos, como a retomada da Orquestra Carlos Gomes (com 33 integrantes), que iniciou suas apresentações como camerata em setembro do ano passado. Em 2022, já foram realizados concertos gratuitos em locais considerados cartões postais da cidade, como o mercadão, o bosque e a praça do Jóquei. Agora, está em andamento o projeto para difundir a Música de Câmara em locais públicos, e nesta quarta, 16, às 19h, o duo formado por Lars Hoefs (violoncelo) e Aline Alves (piano) se apresenta gratuitamente no salão do Jockey Club, no Centro. Para 2023 já está programado, logo no início do ano, um projeto de música para a periferia, com concertos gratuitos nos distritos mais afastados do Centro.

O sonho do maestro

A criação do Conservatório Carlos Gomes nasceu do sonho do maestro e compositor Antônio Carlos Gomes (1836-1896), que queria construir em sua cidade natal um Conservatório de Música. O CCG foi fundado como uma escola de música em 1927 em iniciativa conjunta do maestro italiano Giovanni Rocella, Catharina Ziggiatti e a família Inglese Soares. Seu primeiro diretor foi o professor Miguel Ziggiatti, que obteve o reconhecimento oficial por parte do Governo do Estado de São Paulo em 1938. Na década de 1960, sob a direção da musicista, advogada e jornalista Léa Ziggiatti, o Conservatório adotou uma nova pedagogia de formação de artistas globais por meio da integração entre os vários ramos das artes.

Dentro de suas salas nasceu a orquestra que se transformou na Sinfônica de Campinas, o Coral Meninos Cantores de Campinas, e foi onde começaram a se desenvolver talentos de artistas de teatro e TV como Regina Duarte, de artes plásticas como Paulo Cheida e Jésus Seda, de dança como Dulce Mirian Schmidt, da música como Deise de Lucca e Paulo Steinberg, entre outros. Um levantamento informal indica que apenas pelos cursos técnicos já passaram mais de mil profissionais das artes. "Se por um lado a tradição tem sido preservada, por outro esse conhecimento acumulado funciona como impulso para a renovação", afirma Lara Ziggiatti.

Alma de artista

Por mais de cinco décadas Léa Ziggiatti Monteiro foi a mantenedora do Conservatório Carlos Gomes. Pedagoga, bacharel em Direito, jornalista e musicista (pianista e flautista doce por formação), é uma ativista cultural. Por muitos anos ela escreveu sobre cultura no Correio Popular e no extinto Diário do Povo. Hoje, mesmo depois de ter repassado a direção administrativa da escola, está sempre no local e acompanha com entusiasmo todas as atividades. A filha Lara comenta que "o CCG sempre foi um coração pulsando a cultura da cidade o tempo todo, hoje renovado por novos ares. Devemos isso à minha mãe, que nos contagiou com sua boa energia e sempre foi a alma e o cérebro dessa instituição".

PROGRAME-SE

Celebração dos 95 anos do Conservatório Carlos Gomes

Quando: terça-feira, 15/11, das 15h30 às 17h30

Onde: Conservatório Carlos Gomes - R. José Freitas Amorim, 155, Jd. Santa Cândida

Entrada gratuita (Sugestão de doação de 1 kg de alimento para a Bancada Solidária do Taquaral)

Informações: Tel.: 3253-0375 ou Instagram: @conservatoriocarlosgomessp

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por