A obra Paisagem Infinita, de Aline Moreno, baseada em fotos de satélite (Aline Moreno / Divulgação)
As regiões geograficamente acidentadas e atravessadas pela linha férrea são historicamente caracterizadas pelas passagens, rasgos e transitoriedades. Essas paisagens marcaram os artistas visuais Aline Moreno e Jeff Barbato, que reproduziram suas sensações em obras para a exposição "O Vazio Abarcado", que será aberta ao público no Museu da Cidade - Casa de Vidro neste sábado (9), com entrada gratuita.
São 10 obras grandes, entre esculturas, objetos e relevos, que mostram a topologia subjetiva das cidades e seu entorno. Enquanto Aline usou fotos de satélite para criar painéis de pintura para representar paisagens, Jeff se apropriou de pedras e materiais de construção com fissuras e vazios, mostrando um pouco do tecido urbano com suas rachaduras. O curador Jurandy Valença - que é artista, poeta e jornalista - comenta que os visitantes terão oportunidade de "apreciar uma arte contemporânea produzida por dois jovens artistas com uma qualidade de trabalho surpreendente e em um local incrível".
Produzidas durante a pandemia, as obras propõem reflexões acerca do envolvimento dos artistas com o interior do estado de São Paulo, em específico com os municípios de Sorocaba e Campinas. Aline e Jeff possuem um processo de criação que se conecta por interesses geopolíticos geralmente pautados nas elevações geográficas, territórios e passagens. Sobre esse trabalho, o curador ressalta: "o que vemos são pedaços de uma cartografia afetiva na qual o vazio é abarcado e ilumina zonas de sombras da nossa memória".
Uma cartografia diferente
Os artistas discutem a representação da natureza, da paisagem por meio de operações poético-visuais que remetem à cartografia. "Mas não aquela que entendemos como a representação geométrica plana, simplificada e convencional da superfície terrestre ou de parte dela", explica Jurandy Valença. Para ele, é "uma cartografia em cuja superfície repousa o tempo e suas fissuras".
Jeff Barbato vive e trabalha em Sorocaba, é bacharel em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e sua pesquisa transita por multilinguagens, tendo o desenho e a fotografia como base para a criação de objetos, esculturas e pinturas expandidas. Aline Moreno é formada em Artes visuais com habilitação em Escultura na Universidade de São Paulo (USP) e mestranda em Poéticas Visuais na mesma instituição. Os artistas exibem, cada um a seu modo, um ‘trompe l'oeil, expres’ - expressão francesa e um recurso técnico-artístico empregado com a finalidade de criar uma ilusão de ótica para "enganar o olho", comenta o curador.
Além da exposição, o projeto propõe uma fala pública com a dupla de artistas e curador acerca dos trabalhos expostos, em uma conversa remota com os interessados, em data a ser agendada. "É uma forma de democratizar e expandir o acesso aos diálogos que permeiam as pesquisas dos artistas", afirma Jurandy. Como a exposição é realizada com apoio do ProAC, serão oferecidas também visitas guiadas voltadas para estudantes da rede pública.
PROGRAME-SE
Exposição "O Vazio Abarcado"
Quando: de 9 de julho a 31 de agosto - de terça a sexta-feira, das 10h às 17h e sábados, das 10h às 14h
Onde: Museu da Cidade / Casa de Vidro - Av. Dr. Heitor Penteado, 2145, Parque Taquaral - Campinas
Entrada Gratuita
