Composição gravada pelo Instituto Anelo vence o "Festival de Música 100 anos de Rádio no Brasil"

Uma inspiração que ele "escutou lá dentro e teve o dedo de Deus, pois quando as pessoas ouvem sempre comentam que é tocante e com uma energia boa". Assim o músico Marcelo Louback comenta sobre a composição do frevo "Sem Perder Tempo", que foi o grande vencedor na categoria Música Instrumental do concurso realizado pela Rádio MEC e Rádio Nacional. Nascido em Americana e morador de Nova Odessa, Louback é voluntário do Instituto Anelo - associação civil sem fins lucrativos que há 22 anos oferece aulas gratuitas de música no distrito do Campo Grande -, que realizou a gravação do single já disponível tanto no YouTube quanto no Spotfy da entidade.

Com uma formação pouco comum - com violão, contrabaixo, acordeon, bateria e saxofone soprano - este é o primeiro frevo que ele compôs. "Primeiro veio a melodia na minha cabeça e, enquanto eu compunha, visualizava a imagem da nossa correria diária, quando sempre temos mais coisas a fazer do que tempo para as realizar, aquela sensação de que os dias estão cada vez mais curtos e não há tempo a perder. Isso me levou à escolha do título e do frevo, que é um ritmo mais rápido, mas também técnico e exige uma boa preparação", explica Louback , que é saxofonista, flautista, compositor e arranjador.

"Sem Perder Tempo" é um frevo instrumental moderno, tanto na harmonia quanto no compasso, fato que o distingue de um frevo tradicional. Com arranjo do próprio autor, a gravação foi realizada no estúdio do Instituto Anelo e teve Louback no saxofone, Guilherme Ribeiro no acordeon, Josias Teles no baixo, Josimar Prince no violão e Léo Pelegrin na bateria, sob a direção geral de Guilherme Ribeiro.

"Para mim a premiação foi uma honra gigantesca, por ser um festival nacional com mais de mil inscritos. Foi uma surpresa ter sido selecionado e premiado. Penso que é um momento importante para passar a mensagem sobre a necessidade de nós - brasileiros, músicos, artistas - valorizarmos a nossa cultura, a nossa música. Isso arde dentro de mim", salienta Louback. Ele começou a participar do Instituto Anelo - onde integra a Orquestra e o Sexteto - há três anos. Ele conta que conheceu o projeto social a convite de outro músico. "Fiquei apaixonado pelo trabalho, por isso me tornei voluntário, tocando nos grupos e ensinando. Se tornou minha família", relata.

O poder da música

Marcelo sempre diz: "a música me salvou" e explica o porquê. Aos 13 anos - hoje tem 44 - era gago, com muitos problemas emocionais que o impediam de se expressar naturalmente. Foi quando a música o encontrou, por meio de um curso oferecido pela escola pública onde estudava. "Comecei no sax e à medida que me aprofundava no estudo fui aprendendo a fazer com as palavras o que fazia com a música, que nos treina a sempre pensar à frente". Foi assim que ele controlou totalmente a gagueira e até resgatou a relação com o pai, que era difícil.

Com formação clássica e popular, Marcelo Louback participou, ao longo de sua carreira como músico profissional, de festivais, gravações, programas de TV e espetáculos de teatro, entre eles "O Beijo da Mulher Aranha", com Claudia Raia. Também já se apresentou com artistas como Chico César, Mônica Salmaso, Mazinho Quevedo e Toquinho. Além dos grupos musicais do Instituto Anelo, participa das bandas sinfônicas de Americana e de Nova Odessa.

O anúncio dos vencedores do "Festival de Música 100 anos de Rádio no Brasil" aconteceu na última terça-feira, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. Além de Marcelo Louback na categoria Música Instrumental, também foram premiados os músicos: Juliani Carla Ribeiro (melhor Música Infantil com "Dia de Cão"), Álvaro Carriello (melhor Música Clássica com "Introdução e Dança para Violino e Piano"), Tais Reganelli (melhor Música Popular com "Medo") e Genário Manuel (prêmio Melhor Música Regional Alto Solimões com "Turimã").