Os livros foram encomendados por Violante na década de 40 e estavam até então guardados
O jornalista José Tavares intermediou a entrega de livros (César Rodrigues/AAN)
A Biblioteca Pública Municipal “Professor Ernesto Manoel Zink”, de Campinas, recebeu na última sexta-feira a doação de uma coleção rara de obras do escritor português Eça de Queiroz (1845-1900). São 15 volumes datados de 1947, publicados pela Porto Lello & Irmãos Editores, de Portugal, e feitos sob encomenda para o colecionar paulistano Antônio Violante, todos com carimbo nominal. O acervo ficará na seção Obras Especiais do espaço, cujo acesso é restrito.Diferentemente dos demais títulos da biblioteca, nesse setor a consulta é permitida somente perante acompanhamento de um profissional e no local.Os livros foram encomendados por Violante na década de 40 e estavam até então guardados na casa do filho, Ronaldo, que mora em Campinas. Com a morte do colecionador, no ano passado, a família resolveu dar um destino mais adequado ao conteúdo. “Tínhamos grande cuidado com os livros, mas não era o armazenamento adequado. Separamos mais de oito caixas cheias de livros e começamos a direcionar para bibliotecas para que a história vá além da história, que meus filhos e netos também possam ver”, afirma o consultor de marketing Ronaldo Violante Filho, neto de Antônio, confessando que a coleção de Eça era a sua preferida dentre as reunidas pelo avô.A entrega foi feita por intermédio do jornalista José Carlos Tavares de Lyra, amigo da família Violante. “Precisamos quebrar dois mitos que vigoram. O primeiro é de que o livro fica velho. Todo livro não lido é novo para quem vai conhecê-lo. E outro que quem não estuda, não lê. Prego também o desapego, pois acredito que as obras devem ser compartilhadas”, disse Tavares. E as doações são bem-vindas, avisa a coordenadora das bibliotecas municipais, Rosângela Reis. “Todos os que tiverem vontade de doar material, podem nos procurar. A gente faz uma avaliação e direciona para o espaço mais adequado”, afirma.O próximo passo em relação à coleção será fazer um diagnóstico dos livros para verificar se têm alguma patologia, como fungos. Depois, o material será higienizado e restaurado, se necessário. “É feito um estudo caso a caso. Dependendo da necessidade, demorará um pouco mais para que fique à disposição das pessoas”, explica o diretor de Cultura, Gabriel Rapassi. Por isso, não há previsão exata ainda de quando a população poderá usufruir da coleção. Obras EspeciaisPor tratar-se de uma coleção rara, foi encaminhada à Biblioteca Central, onde há a seção Obras Especiais. O espaço foi inaugurado em 2002 com o intuito de preservar o conteúdo. “(O acervo) Ficava no setor de pesquisas, mas acabava deteriorando”, conta a bibliotecária Elaine Martins. Atualmente, existem 2.179 livros no segmento, incluindo biografias, obras de história do arte, do Brasil e do mundo. Entre eles, a 'Coleção Viagem Filosófica', de Alexandre Rodrigues Ferreira, obras de Shakespeare e edições especiais do século 19. O espaço é divido também com o Acervo de Campinas, que contém 2.240 livros e 634 folhetos.Leia matéria completa na edição impressa do Correio Popular deste sábado (12)