Peça será apresentada hoje, às 20h, no Centro Cultural Etnus, em Monte Mor, e amanhã, às 19h, no Teatro Estrada, em Indaiatuba
O monólogo ‘Colchão de ver estrelas’ é produzido, criado e interpretado por Bruno Mariani, abordando os sentimentos e lembranças de um escritor e morador em situação de rua (Karina Couto)
O monólogo “Colchão de ver estrelas”, produzido, criado e interpretado por Bruno Mariani e com direção de Érika Cunha, estreia hoje (dia 22) em Monte Mor, às 20h, e amanhã (dia 23) será apresentado em Indaiatuba, às 19h. Segundo Mariani, a peça aborda os sentimentos, lembranças e devaneios de um escritor e morador em situação de rua, dividido entre as realidades que o permeiam. O enredo provoca no público um olhar subjetivo sobre onde o protagonista está naquele momento, “na borda entre um quarto e a rua”. A peça tem como base a vivência do autor, de quase uma década no atendimento de pessoas em situação de rua.
“A peça é um chamado à interpretação individual, que depende da subjetividade e do olhar de quem recebe os dilemas e caminhos que o texto percorre. Sem deixar de lado os momentos de humor, com a proposta de envolver e emocionar o público, mas também com a abordagem densa que o tema exige”, afirma o ator e produtor Bruno Mariani.
A trama se passa no quarto pequeno de um escritor que se divide entre os dois mundos – o do confinamento e o das ruas –, trabalhando a ideia sobre onde o personagem se insere nesse contexto.
Entre os dois universos, o personagem cria “seus filhos”, pássaros que vêm contar o que viram e o que viveram, enquanto migram entre as cidades. Há um debate entre a clausura do quarto e a liberdade da rua, entre a necessidade da ordem e do esquecimento do caos. “É uma peça tocante, envolvente, mas eu garanto que ninguém vai embora do espetáculo deprimido. A ideia é justamente sair pensando sobre a vida”, disse Mariani.
O espetáculo tem duração de 65 minutos, com classificação indicativa de 16 anos. Em Monte Mor, será apresentado no Centro Cultural Etnus, com entrada liberada por ordem de chegada. A contribuição é voluntária, o valor fica a critério do público. Amanhã, em Indaiatuba, o espetáculo acontece no Teatro Estrada, no Centro da cidade, e os ingressos podem ser adquiridos pelo site https://wa.me/5519995631354. A peça é contemplada pela Lei Paulo Gustavo (LPG) do Estado de São Paulo.
HISTÓRIAS DE VIDAS
Para produzir e criar a trama, Mariani utilizou dez textos de sua autoria, que escreveu durante os seus nove anos de atuação como médico no Consultório de Rua, em Campinas. De acordo com o autor da peça, a sua formação também em artes cênicas permitiu que ele utilizasse esse espaço de atendimento e contato com moradores em situação de rua, com pessoas provenientes de abrigos, casas de passagem e de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), para disseminar o trabalho de oficinas de teatro, cultura e arte, em que era atuante na época. "Agora, essa minha vivência foi condensada neste espetáculo.”
A trama, informou, é uma mistura de ficção com histórias que ele viveu e ouviu durante seus trabalhos de assistência e cuidado ao longo dos anos.
Mariani afirma que o texto é um tributo e uma homenagem a todos que passaram pela sua vida durante os anos de atendimentos voltados à saúde e aos trabalhos de arte que foram desenvolvidos simultaneamente.
“Trabalhar nas ruas muda a vida permanentemente. Hoje, vivo só da dramaturgia, mas o meu olhar de mundo permanece o mesmo.” A maioria das pessoas, acrescentou, inicialmente pode ter um olhar pesado sobre a peça, mas é algo que vai além, que diz respeito à vida, a capacidade e intensidade de enfrentar a dureza, preservar a beleza e de gerar amor e empatia. Segundo Mariani, cada apresentação do espetáculo é única e especial em relação à recepção do público, sempre positiva. O teatro, acrescentou, exerce uma relação importante com as pessoas por abrir outras possibilidades de expressão.
TALENTOS
De acordo com o dramaturgo, o seu trabalho com a arte permitiu que ele tivesse contato com centenas de pessoas talentosas, como desenhistas, pintores, cantores, músicos, artísticas cênicos e bailarinos. Porém, ressaltou, não há a ilusão e a garantia de que, mesmo descobrindo esses talentos, as vidas dessas pessoas terão uma grande mudança. “A arte no Brasil é extremamente mal financiada, por isso não podemos ter essa perspectiva, principalmente na realidade de pessoas em situação de vulnerabilidade, com um histórico de sofrimento, sem uma rede de apoio para lidar com inúmeras dificuldades.”
Entretanto, o ator garantiu que são visíveis os reflexos que o trabalho artístico gera ao expandir a ideia de capacidade e aptidão. “Muitos, ao terem contato com as oficinas de teatro, arte e cultura, descobrem o afeto consigo mesmo; a chance de alçar novos voos e construir novos sonhos. Este é um processo, e a arte ajuda a construir o caminho. Essa é a função da arte para o mundo. Só não podemos romantizar essa realidade.”
PROGRAME-SE
Peça ‘Colchão de Ver Estrelas’
Quando e Onde: Hoje, dia 22, às 20h, no Centro Cultural Etnus, na Rua Visconde do Rio Branco, n˚ 11, Jardim Santo Antônio, Monte Mor.
Ingressos no chapéu, contribuição voluntária.
Classificação indicativa: 16 anos
Informações: (19) 94122-1676
Amanhã, dia 23, às 19h, Teatro Estrada, Rua Cinco de Julho, nº 1.552, Centro, Indaiatuba.
Venda de ingressos pelo link: https://wa.me/5519995631354
Classificação indicativa: 16 anos
Informações: (19) 99563-1354
Siga o perfil do Correio Popular no Instagram