grupo politizado

Colarinho Preto puxa roda de samba em Barão

A proximidade do carnaval, a necessidade das pessoas de sacudirem a poeira dos dias para lá de sufocantes, tudo é motivo para mais uma roda de samba

Jary Mércio
08/02/2019 às 10:54.
Atualizado em 05/04/2022 às 09:02

A proximidade do carnaval, a necessidade das pessoas de sacudirem a poeira dos dias para lá de sufocantes, tudo é motivo para mais uma roda de samba em Barão Geraldo comandada pelo Colarinho Preto, o grupo musical mais politizado do distrito boêmio de Campinas. Formado há dois anos, na Unicamp, por Claudinei Calixto (vocal), Ronaldo Gomes (violão), Raul Pinheiro (pandeiro) e “Presidente” Souza (cavaquinho) e agregando a cada apresentação outros músicos, cantores e cantoras convidados, o Colarinho vai desfilar, a partir das 22h desta sexta-feira, no Goma Arte e Cultura, sambas e pagodes de Jovelina Pérola Negra, Royce do Cavaco, Candeia, Raça Negra, Geraldo Filme, Branca de Neve, Roque Ferreira e outros bambas dos dois gêneros musicais. A noite terá também, na abertura e no encerramento dos trabalhos, a presença do requisitadíssimo DJ Xegado no comando das picapes.  O samba e o pagode vão rolar soltos e sem muita conversa, como sempre acontece nas apresentações do Colarinho Preto, mas a política estará presente nas entrelinhas do repertório. Já começa, na verdade, no próprio nome do grupo: “Sim, é claro que o nome Colarinho Preto tem fundo político porque se contrapõe à expressão ‘crime do colarinho branco’ e à ideia de poder ali circunscrita”, diz o vocalista Claudinei Calixto. Anunciar uma postura polítca já no nome, diz Claudinei, “não é nenhuma exclusividade, mas também não é algo que se vê muito por aí”. Ele – que, não por acaso, é formado em Ciências Políticas pela Unicamp – conta que a própria criação do Colarinho foi consequência de uma tomada de posição política dos integrantes do grupo em relação a uma certa exclusão do pagode “A gente via, nas rodas de samba tradicionais de Barão das quais participávamos, que o pagode não era muito bem-vindo, e isso, aliás, é bem comum em ambientes em que se cultiva o chamado ‘bom gosto musical’: o samba é bem aceito, porque faz parte da tradição da música popular brasileira, já o pagode é, quando muito, tolerado. É a hierarquização dos gêneros musicais a partir da hierarquia social, não tem nada a ver com a qualidade intrínseca da música, da letra, mas tem tudo a ver com aquela parcela da população representada pelo pagode e que é excluída.” E Claudinei sempre se viu muito bem representado pelo pagode. Paulistano de Guaianases, distrito da Zona Leste, ele viveu na adolescência a explosão do gênero nas periferias. Sua diversão nos fins de semana era dançar samba e pagode nas rodas de samba no Itaim, em São Miguel e outras paradas da Zona Leste. “O pagode agrega, porque está na memória afetiva das pessoas, então elas se reconhecem ali como pessoas de uma mesma época e que dividem uma mesma lembrança musical”, explana o cantor do Colarinho. E porque valoriza o encontro é que o Colarinho Preto, para Claudinei, é muito mais do que o seu quarteto base: “Em cada apresentação, e nesta sexta também será assim, temos a participação de outros músicos, cantores e cantoras em uma verdadeira roda de samba.”. Ele diz que a participação de outras pessoas é a própria essência do Colarinho: “É a razão maior para que o nosso trabalho continue sendo feito e para que essas pessoas possam fazer o trabalho conosco.” AGENDE-SE O que: Samba com Balanço (roda de samba com colarinho Preto e discotecagem do DJ Xegado) Quando: hoje, a partir das 22h Onde: Goma Arte e Cultura, Avenida Santa Isabel, Avenida Santa Isabel, 518, Barão Geraldo, Campinas Quanto: R$ 10

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