SERÍ(E)SSIMA

Chega ao Brasil a segunda temporada de 'Orphan Black'

Exibição da série de ficção científica no País ocorre com quase um ano de atraso: intérprete de Felix, responsável pelos momentos cômicos, Jordan Gavaris tem como tônica o improviso

Fábio Trindade
22/02/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 00:23
Cenas do primeiro episódio da segunda temporada da série 'Orphan Black' ( Divulgação)

Cenas do primeiro episódio da segunda temporada da série 'Orphan Black' ( Divulgação)

Elas são patenteadas. Ou seja, qualquer liberdade prometida não passará de uma grande mentira. Afinal, Sarah, Cosima, Alison, Helena e companhia são todas prioridade de alguém, só não se sabe ainda de quem, apenas que Rachel trabalha para eles. Para piorar, Kira e Siobhan desapareceram, deixando Sarah sem rumo e completamente desesperada. Esse foi o final arrasador da 1ª temporada de 'Orphan Black', conseguindo criar ainda mais perguntas do que o número de questões respondidas sobre a existência de clones ao longo dos dez primeiros episódios. O que é ótimo, pois estamos falando de uma ficção científica e, como qualquer produção do estilo que se preze, a ideia é justamente essa.   Depois de quase um ano de atraso, finalmente a continuação desta excelente série chegou ao País, dessa vez, pelo canal A&E, que tirou os direitos da BBC no Brasil e vai exibir a 2ª temporada com exclusividade. A estreia está marcada para terça-feira, às 21h, com a exibição dos dois primeiros episódios do novo ano.   A série fez sucesso mundial, apesar de não figurar nos principais prêmios internacionais — nem mesmo a extraordinária atriz canadense Tatiana Maslany, que se desdobra para dar vida a nove personagens simultaneamente, com diferentes sotaques, histórias de vida e de diversas nacionalidades, recebe o devido reconhecimento. Tatiana é a alma de 'Orphan Black', como todos os fãs sabem, mas acredite: na 2ª temporada, ela está ainda melhor — assim como a trama (e o único reconhecimento em 2015 foi a indicação ao SAG Awards na categoria Melhor Atriz de Série Dramática).   Sim, muitas respostas virão nos próximos dez episódios, como o fato de os clones se verem não somente presos em meio a um experimento científico, mas também na briga entre duas facções: os Neoevolucionistas do Instituto Dyad, que vêm monitorando Sarah e suas réplicas em busca da “evolução perfeita”, e os Prolethians, um grupo de ultrarreligiosos que considera os clones como uma abominação que vai contra a vontade de Deus (com algumas surpresas no meio). Mais do que isso: elas não estão sozinhas no mundo.   Além da história cativante, repleta de reviravoltas e, muitas vezes, com dramas bem reais, há também comédia em 'Orphan Black', concentrada principalmente no divertido personagem Felix, o irmão de Sarah interpretado pelo ator Jordan Gavaris. O ator canadense falou sobre seu papel e o que o público pode esperar do novo ano.Serí(e)ssima — O personagem evoluiu consideravelmente da 1ª para a 2ª temporada. Como tem sido isso para você e a que você atribui esse crescimento? Jordan Gavaris — Chegamos num tempo em que personagens gays estão no centro de tramas televisivas, o que é importantíssimo para nos fazer lembrar que eles não se resumem apenas em suas sexualidades. Há, antes de mais nada, um ser humano multidimensional e multifacetado, indiferente de quem eles levam para a cama. Para mim, como ator, tem sido ótimo porque eu pude trabalhar com outras camadas do personagem, de forma mais profunda. E isso veio, eu acho, por eu não ter tentado planejar cada passo do Felix, por não chegar para trabalhar pronto para teatralizar as cenas separadas para aquele dia. Quando as câmeras ligavam, eu não sabia o que ia acontecer, eu apenas conhecia o personagem muito bem, quem ele era, qual seu sotaque, o que ele pensa. Então, o que surgisse em frente às câmeras seria a verdade mais plena que eu poderia entregar, as minhas dúvidas, as minhas angústias, os meus medos. Isso o tornou mais humano.A química entre Felix e Alison é fantástica. Como vocês construíram isso? Boa pergunta, porque eu jamais pensaria que isso fosse possível. Mas, eu acho que eles se dão bem justamente porque são muito diferentes entre si. Qualquer dupla de comédia boa ao longo dos anos só deu certo por isso, porque os personagens se completavam por ser diferentes, como 'O Gordo e o Magro', 'The Odd Couple', 'Se Meu Apartamento Falasse' e por aí vai. Eles compartilham alguma coisa, mas têm personalidades bem distintas. A comédia vem de pessoas diferentes fazendo coisas diferentes, oferecendo contrastes o tempo todo. Essa é a graça. E Alison e Felix são completamente loucos, mas de formas diferentes. Ela quase literalmente, e ele nas atitudes.Vocês improvisam em cena ou tudo precisa ser levado exatamente como está no roteiro?   Há improvisação o tempo todo. E eles adoram, produtores, diretores, principalmente quando eu faço também. É incrível. Eu improviso o tempo todo, mas a Tatiana tem muita bagagem disso, pois fez muitas peças pequenas nas quais ela podia improvisar sem qualquer censura. Então ela consegue ter êxito na improvisação muito mais do que eu, o que me impulsiona, me faz me soltar mais. Em cada cena, sempre existe aquela palavra-chave que marca o final dela. E não importa quantas vezes a gente grave, a palavra final de uma cena nunca é igual a outra, porque eu acabo mudando o tempo todo. E eu adoro isso. Muitos ficam tímidos na hora de improvisar, mas esse não é o meu caso.Você tem um clone favorito?   Cosima. Eu amo a Cosima. Ela é sensacional, é o tipo de pessoa com quem eu quero sair para me divertir, beber, para ter uma conversa séria, ela é a melhor em qualquer situação. Uma verdadeira amiga. Agora, se você me perguntar quem o Felix gosta mais, ele pode até te dizer que Alison é uma ótima companhia, mas sem dúvida Sarah é a sua preferida, o que dá para entender, afinal, eles são irmãos.   Haverá muitos novos personagens na 2ª temporada, mas eu queria que você falasse um pouco sobre o personagem de Peter Outerbridge, Hank Johanssen. Peter é um ator fantástico de se trabalhar, com uma longa carreira, e é legal que na série ele é o centro do enredo mais dramático, contraditório da 2ª temporada. O Hank é um cara muito desagradável, pervertido, o cabeça dos Prolethians, que apesar de ser um grupo religioso extremamente conservador, ele, no fundo, quer manipular o Project Leda para usá-lo em seu benefício. Não quero revelar ainda como, mas é muito interessante e importante para o desenrolar de 'Orphan Black'.

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