Escuras, úmidas e cheias de mistério. Assim são as grutas e cavernas da Serra do Mar, e as mais incríveis se concentram nas regiões do Alto Ribeira e do Vale do Ribeira. Foi para lá que viajamos em família, dispostos a explorar o mundo subterrâneo. As cavernas que conhecemos formam cenários espetaculares, com salões gigantes, dunas, cachoeiras, abismos e formações rochosas que mais parecem esculturas. Nosso primeiro destino foi o Parque Turístico do Alto Ribeira, o Petar, com mais de 35 mil hectares, entre as cidades de Apiaí e Iporanga, no interior de São Paulo. Fundado em 1958, é o mais antigo do Estado e o segundo maior do Brasil em concentração de cavernas: 474, mas apenas 12 são abertas ao público. Reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como um patrimônio da humanidade, o Petar também é formado por cachoeiras, trilhas e sítios arqueológicos, e recebe mais de 40 mil visitantes por ano. Ali dentro, só se passeia acompanhado de guia. O nosso foi Pedro Ernesto, da Primatas Aventura, que conhecemos no Núcleo Caboclos, onde visitantes e pesquisadores podem acampar. O parque fica a 388 quilômetros de Campinas, numa viagem que dura pouco mais de quatro horas. O acesso ao Núcleo Caboclos se dá no Km 294 da Rodovia SP – 250 (a 26 km de Apiaí e 37 km de Guapiara). Após passar pela recepção, percorre-se mais 17 quilômetros de uma alameda de terra, chamada de Estrada do Espírito Santo, cercada de mata e lírios selvagens, até chegar ao Núcleo Caboclos. A entrada custa R$ 15,00 (visita diária) e R$ 18,00 o pernoite, para quem vai acampar. O camping fica numa clareira no meio da mata, no centro do Petar, perto de duas pequenas cavernas, Chapéu Mirim I e Chapéu II, logo no começo da trilha que leva para outras duas cavernas maiores: Chapéu das Aranhas e Gruta do Chapéu. Chegamos ao final da tarde e a primeira coisa que fizemos foi montar nossa barraca. Então, subimos até o local de um antigo alojamento, com choupanas de madeira utilizadas como suporte por pesquisadores, guias, visitantes e guardas. Uma delas é a casa de Laureano Remigio de Siqueira, o ‘Seo’ Amoroso, vigia do parque, que nos ajudou a acender fogueira para passarmos a noite. Após um banho frio num dos alojamentos, subimos até a casa de Amoroso, que nos convidou para ouvi-lo tocar sanfona. O ambiente quente e acolhedor fez nossa filha, Maria Paula, dormir rapidamente. Quando voltamos para a nossa barraca, fazia um belo luar, o suficiente para enxergarmos a trilha até a área de camping – onde a nossa fogueira já havia cedido ao frio. Na manhã do dia seguinte, saímos com Pedro e a estagiária em monitoria ambiental Karine Pacheco para explorar as cavernas mais acessíveis às crianças. A primeira foi a Gruta do Chapéu. Com capacetes e lanternas, adentramos a grande e escura boca de pedra. Lá dentro, o visual é espetacular. Com 200 metros de extensão, a caverna possui um córrego em sua entrada, e o encontro entre estalactites (formações rochosas que se originam no teto de uma gruta ou caverna, crescendo para baixo, em direção ao chão) e estalagmites formações que crescem a partir do chão e que vão em direção ao teto), formam colunas de diversos formatos e diâmetros, lembrando a de uma igreja. Saindo dali, caminhamos pela trilha até a Caverna das Aranhas, com cerca de 100 metros de extensão, onde vivem os opiliões, animais que pertencem à classe dos aracnídeos, mas não podem ser chamados de aranha, pois não tecem teias nem possuem veneno. Voltamos ao camping para preparar o almoço e levantarmos acampamento até o nosso próximo destino, a cerca de 75 km dali: o Núcleo Santana, também no Petar, onde fomos explorar mais cavernas. Contaremos mais na nossa próxima reportagem. Carlota Cafiero e Claudio Vitor Vaz são jornalistas e escrevem para o site Maria Paula na Estrada.