di cavalcanti a alceu amoroso

Cartas revelam conversor de pintor ao catolicismo

Durante o encontro, serão apresentadas também seis cartas inéditas trocadas entre o intelectual e o pintor Di Cavalcanti, um dos ícones do Modernismo

Da Agência Anhanguera
20/08/2019 às 14:34.
Atualizado em 30/03/2022 às 17:20

Uma promessa, um legado com dezenas de livros publicados, um arquivo que guarda 32 mil documentos, entre eles cartas trocadas com os maiores intelectuais brasileiros do século 20. A conjunção de tantos fatores tem como resultado a Jornada Tristão de Athayde – Seminário Alceu Amoroso Lima, cuja terceira edição será realizada em agosto em São Paulo (dia 22) e em Campinas (24). O evento organizado pelo neto de Alceu, Xikito Ferreira, convida para a mesa de debates pesquisadores brasileiros cujos trabalhos investigam a obra de Tristão de Athayde, pseudônimo usado pelo escritor Alceu Amoroso Lima, imortal da Academia Brasileira de Letras. O objetivo do encontro é manter vivo este legado, incentivando o diálogo entre os estudiosos. Diferentes enfoques serão abordados durante as palestras que compõem o evento. A existência de Deus e o protagonismo do jagunço Riobaldo, personagem do clássico Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, e as semelhanças na escrita de Alceu e de Ariano Suassuna serão alguns dos pontos discutidos. Pesquisadores irão ainda analisar a variedade de posições do pensamento católico brasileiro na primeira metade do século 20 a partir da comparação entre Alceu Amoroso Lima e seu cunhado, o escritor e jornalista Octávio de Faria, tanto no que diz respeito ao cenário político quanto ao cultural. Durante o encontro, serão apresentadas também seis cartas inéditas trocadas entre o intelectual e o pintor Di Cavalcanti, um dos ícones do Modernismo. Elas estavam guardadas em Petrópolis, no arquivo que reúne as correspondências recebidas por Amoroso Lima ao longo da vida. Os textos revelam um profundo interesse de Di Cavalcanti, comunista declarado, pelo universo católico de Alceu Amoroso Lima. Ao longo das cartas, datadas do início dos anos 40, o pintor fala sobre a sua conversão, sua fé, sem nunca abandonar o compromisso ideológico que possuía com o comunismo e uma preocupação com temática de denúncia revelada através de uma pintura que traduz os dramas e o dia a dia de uma parcela invisível da sociedade. Todo este movimento de estudo e pesquisa sobre a obra de Amoroso Lima tem origem em uma promessa. Pouco antes de morrer, em 2011, a filha mais nova de Amoroso Lima, Lia, fez um pedido ao sobrinho Xikito: que não deixasse a obra de seu pai cair no esquecimento. Chamada de Madre Teresa, ela viveu reclusa por 60 anos no mosteiro dos beneditinos em São Paulo. Ao longo das três primeiras décadas, recebeu cartas diárias do pai. Ciente da importância da obra do intelectual, ela não queria que as gerações futuras esquecessem o trabalho do homem que combateu a ditadura militar, se tornou imortal da Academia Brasileira de Letras e dedicou sua escrita ao Brasil. Esta é a terceira rodada de debates da Jornada Tristão de Athayde. A primeira ocorreu em 2015, no Rio de Janeiro, e contou com quatro palestras e com o lançamento da biografia escrita por Xikito, Memórias do meu avô Tristão – A biografia de Alceu Amoroso Lima, finalista do Prêmio Jabuti daquele ano. A segunda ocorreu no início de 2019, em Ouro Preto, Minas Gerais. Além dos debates, esta edição trouxe o livro Correspondência – Mário de Andrade & Alceu Amoroso Lima, de Leandro Rodrigues, com 58 cartas trocadas entre os dois intelectuais ao longo de 20 anos. PROGRAMAÇÃO Jornada Tristão de Athayde – Seminário Alceu Amoroso Lima: Entre Chesterton, Maritain e Bloy: os catolicismos de Alceu Amoroso – por Alessandro Silva Riobaldo e Alceu – um diálogo entre Grande Sertão: Veredas e A Voz de Minas – por Evelin Balbino Universal e regional conjugados em autores globais: Ariano Suassuna e Tristão de Athayde – por Guilherme Arduini Di Cavalcanti escreve a Alceu Amoroso Lima – tensões – por Leandro Rodrigues AGENDE-SE O quê: Jornada Tristão de Athayde – Seminário Alceu Amoroso Lima Quando: Dia 22/08, às 19h Onde: Casa Casulo (Rua Groenlândia, 160, Jardins, São Paulo) Quando: 24/8, às 10h Onde: Centro Cultural Poveda (Rua Dr. Quirino, 1.733, Centro, Campinas) Quanto: Entrada gratuita

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