NOMEADO

Carlos Prazeres é o novo maestro da Sinfônica de Campinas

A escolha do prefeito e da secretária municipal de Cultura e Turismo foi anunciada ontem e o regente já anunciou que virá a Campinas nos próximos dias

Cibele Vieira e Aline Guevara
11/05/2022 às 10:22.
Atualizado em 11/05/2022 às 15:02
O maestro, que está à frente da Sinfônica da Bahia, foi nomeado ontem à tarde pelo prefeito Dário Saadi (Orquestra Sinfônica da Bahia)

O maestro, que está à frente da Sinfônica da Bahia, foi nomeado ontem à tarde pelo prefeito Dário Saadi (Orquestra Sinfônica da Bahia)

“Quero um choque de renovação, uma orquestra engajada com a sociedade”. Esta é a expectativa do novo regente da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC), Carlos Prazeres, de 48 anos, anunciado no fim da tarde de terça-feira (10). A apresentação do novo maestro em Campinas está prevista para ocorrer ainda nesta semana.

Ele, que concorria ao cargo com o italiano Alessandro Sangiorgi, o português Bruno Borralinho e o mexicano Enrique Diemecke, foi escolhido pelo prefeito Dário Saadi e pela secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli. Após a tão aguardada decisão - a orquestra ficou mais de quatro meses sem um titular -, um comunicado foi enviado à Associação dos Músicos da Orquestra Sinfônica e aos demais candidatos. 

Regente titular da Orquestra Sinfônica da Bahia desde 2011, ele conta que quando deixou o eixo musical Rio/SP tinha o intuito de pensar e descobrir uma nova maneira de enxergar a música de uma orquestra sinfônica, “que deve trocar, comungar com a sociedade”. 

Como convive no meio desde seus 17 anos, ele tem a impressão que a música sinfônica é organizada para exercer a função de “civilizar a sociedade”. Entretanto, ele pensa no organismo sinfônico “como algo flexível, que muda com o tempo e tem que se preocupar com o público do século 21, que é muito diferente do público da época de Beethoven”. O maestro ressalta ainda que o importante é mudar na cabeça das pessoas o que se tem no inconsciente coletivo sobre a imagem das orquestras. “Não precisamos mudar o repertório, mas a forma de levá-lo ao público”. 

Prazeres defende que uma orquestra precisa ser muito mais engajada às novas tendências. “As pessoas convivem com uma central midiática na palma da mão e precisamos saber como levar nossa música para esse público”, diz. Pela experiência nesses 11 anos na Bahia, ele avalia que sua proposta traz resultados, já que o público da Sinfônica de lá aumentou 194%, segundo a contagem de frequência nos concertos realizados no Teatro Castro Alves, conforme pesquisa realizada há quatro anos. “O fato é que conseguimos ampliar o público, engajamos a orquestra com a sociedade, os baianos estão muito próximos de nós e todos os públicos gostam – de crianças a idosos”, completa. 

A chegada com garra

A ideia do maestro Carlos Prazeres é replicar essa expertise em Campinas para ter uma orquestra “muito engajada com a sociedade”. Ele, que já conduziu a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas como regente em pelo menos duas oportunidades afirma que foram ótimos encontros e confessa: “Desde então alimento o sonho de trabalhar com ela”. Agora, o sonho será, enfim, realizado!

Ele pretende vir a Campinas ainda esta semana para acertar detalhes e revela que seu objetivo “é ser diretor das sinfônicas da Bahia e de Campinas concomitantemente”. Está em seus planos alugar um apartamento aqui para vivenciar a cidade. “Quando estiver regendo em Campinas, vou morar na cidade, farei as reuniões online e vice-versa. É uma prática natural no ambiente sinfônico. Vários maestros fazem isso, inclusive porque os músicos precisam do distanciamento do maestro”, comenta. E ressalta que apenas duas horas de voo separa Campinas de Salvador. Ele já teve essa experiência sendo regente titular da Orquestra Sinfônica da Bahia e, por oito anos seguidos, também exercia o papel de regente assistente da Orquestra Petrobras Sinfônica do Rio de Janeiro. 

Prazeres conta ainda uma história interessante de sua vivência por aqui. Ele começou a gostar de Campinas ainda jovem, quando foi estudar oboé e participava das oficinas de verão de Curitiba, quando ele e o irmão conheceram músicos que estudavam na Unicamp. Assim, em fevereiro, eles vinham para Campinas, se hospedavam no apartamento de um amigo na Rua Culto à Ciência e aproveitavam a calmaria do Carnaval para “assistir concertos, ver filmes de arte e ir ao Giovanetti com os amigos”.

UM CURRÍCULO DE PESO

A arte está no sangue do carioca Carlos Prazeres. Ele é filho do maestro Armando Prazeres, que criou a Petrobras Sinfônica, e também é sobrinho do produtor cultural Perfeito Fortuna, um dos criadores do Circo Voador e responsável pela Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. O maestro iniciou os estudos de regência com Isaac Karabtchevsky e graduou-se em oboé na UNI-Rio. Posteriormente, fez pós-graduação na Academia da Orquestra Filarmônica de Berlim/Fundação Karajan.

Apesar de jovem, o novo maestro da Sinfônica de Campinas tem um extenso currículo com experiências nacionais e internacionais. Além de ser regente titular da Orquestra Sinfônica da Bahia desde 2011 e de ter trabalhado durante oito anos como regente assistente de Karabtchevsky na Petrobras Sinfônica, ele esteve à frente, como maestro convidado, da Orchestre National des Pays de la Loire, da Sinfônica de Roma, da Youth Orchestra of the Americas, da Junge Philharmonie Salzburg, da Filarmônica de Montevideo, da Filarmônica de Mendoza, da Orquestra do Instituto Politécnico do México, da OSESP, da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, da Orquestra Amazonas Filarmônica e da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo. Também foi convidado pelo maestro Wagner Tiso para o projeto de música popular MPB & JAZZ, em que acompanhou artistas como Gilberto Gil, João Bosco, Ivan Lins, Stanley Jordan e Milton Nascimento.

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