Conservatório é transferido para uma chácara no Jardim Santa Cândida, em Campinas, com o objetivo de aprimorar suas atividades artísticas e educativas
Léa Ziggiatti dirige o Conservatório desde os anos 1960: "preocupação de que a criança se volte para a cultura" ( Carlos Sousa Ramos/AAN)
Com o objetivo de aprimorar cada vez mais suas atividades, o Conservatório Carlos Gomes (CCG), apesar de ainda não ter feito a inauguração oficial, está funcionando em uma nova sede, em uma chácara de 4 mil metros quadrados de área no Jardim Santa Cândida. E promete mais inovações. “Aqui teremos possibilidade de criar o espaço físico do Museu de Arte Infantil, construir um auditório, promover exposições e contar com vários espaços de ensaio”, adianta a diretora, Léa Ziggiatti Monteiro. “Mais que uma escola, queremos transformar o conservatório em um centro de Artes”, reforça a musicista Lara Ziggiatti Monteiro, filha de Léa e terceira geração a assumir a escola de artes. Prestes a completar 90 anos, em 2017, o Conservatório foi criado em 1927, como escola de música, a primeira de Campinas, resultado da união do maestro italiano Giovanni Rocella, Catharina Ziggiatti e a família Inglese Soares, tendo como primeiro diretor o professor Miguel Ziggiatti. Nos anos 1960, a musicista, advogada e jornalista Léa Ziggiatti assumiu a direção da escola, imprimindo um novo conceito e ampliando o leque de atuação. Além de música, a escola passou a oferecer formação em dança, teatro e artes plásticas. “Minha proposta sempre foi de agregar as várias artes, de fazer uma fusão de todas as expressões desde a iniciação”, coloca Léa, que defende a filosofia de integração entre as várias áreas de arte. Além do curso de iniciação para crianças, a escola oferece curso básico abrangendo teatro, dança, música, circo e artes plásticas; e curso técnico profissionalizante em teatro, música e dança, reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). “E queremos estender também para artes plásticas”, afirma Léa. “Mais que trabalhar talentos, tenho a preocupação de que a criança se volte para a cultura. Mesmo que ela não siga profissionalmente, terá uma visão geral das artes.” O diferencial é que na iniciação, ao contrário do que ocorre com aulas de educação artística, as crianças têm salas e professores específicos para cada área. Museu de Arte Infantil Léa lembra que um desenho do artista plástico Paulo Cheida Sans, de 1964, quando ele começou a estudar no conservatório, inspirou a criação do primeiro Museu de Arte Infantil do Brasil. “Ele desenhou uma cabeça de Cristo em vermelho e amarelo, uma obra linda, que foi a primeira peça do museu”, diz a diretora. Ela conta que tem um acervo bem consistente de arte infantil, de vários blocos e coleções, como 'Criança Vê Campinas'; 'Monumentos Históricos', 'Criança Vê Bernardo Caro'; 'Via Sacra' e outros. Se Cheida inspirou a criação do museu, o filho Evandro Ziggiatti Monteiro, que é arquiteto e sempre se envolveu com artes, levou a diretora a promover instalações nas dependências do Conservatório, integrando as variadas linguagens artísticas. O Conservatório começou suas atividades em um casarão da Rua Regente Feijó, depois transferiu o Departamento Infantil para a Rua José de Alencar, passou por vários endereços no Cambuí, funcionou nos últimos oito anos na Nova Campinas e agora está na Rua José Freitas Amorim, 155, Jardim Santa Cândida, atendendo atualmente 400 alunos nos três períodos. 90 Anos Para marcar os 90 anos de fundação, Léa Ziggiatti Monteiro já está planejando uma série de atividades, em torno do tema 'A Profissionalização da Arte - Um Sonho Possível'. “A ideia é reunir ex-alunos que atuam profissionalmente com arte e fazer mesas-redondas, debates, palestras, durante todo o ano”, adianta. Além de Paulo Cheida Sans, passaram pelo Conservatório os músicos Cláudia Alvarenga, Walter Ansante e Ivana Paris, respectivamente, flautista, violinista e violista da Sinfônica de Campinas; o sapateador Derick Jacinto, que acaba de conquistar o primeiro lugar em sua categoria no Festival de Dança de Joinville; a atriz e cenógrafa Daniela Galli, que atualmente interpreta na Broadway, em Nova York, o espetáculo 'The Other Mozart' ('A outra Mozart'), monólogo que apresenta ao público a irmã do compositor; e Alexandre Reinecke, considerado o principal diretor de comédia na cena paulista, para citar só alguns.