DE MAÕS DADAS

Canais abertos e produtoras investem em parcerias

As coproduções estão cada vez mais frequentes na tevê aberta e garantem a diversidade da programação televisiva; um dos motivos é baixar os custos

TV Press
28/03/2016 às 07:14.
Atualizado em 23/04/2022 às 01:25
Cena da série "A Garota da Moto", produzida em parceria do SBT com a Mixer e a Fox: estreia no segundo semestre deste ano (TV Press)

Cena da série "A Garota da Moto", produzida em parceria do SBT com a Mixer e a Fox: estreia no segundo semestre deste ano (TV Press)

As coproduções estão cada vez mais frequentes na tevê aberta. Antes centralizadoras, as emissoras agora procuram parcerias para diversificar sua programação. Os motivos são os mais diversos: vão desde baixar os custos da produção e dar um olhar diferente até viabilizar recursos que não estão ao alcance de uma só empresa. A primeira coprodução da tevê aberta é antiga. "Abolição", exibida pela Globo em 1988, foi uma parceria com as produtoras Cininvest e Avan, de Paulo César Ferreira e Walter Avancini, respectivamente. No entanto, o mercado só foi aquecido na virada dos anos 1990 para os 2000. Globo e Record têm trabalhado bastante nesse esquema na teledramaturgia. Já a Band e a RedeTV! o utilizam menos; investem mais em produções "enlatadas". Recentemente, o SBT deu seu primeiro pontapé em relação às coproduções. No segundo semestre, a emissora de Silvio Santos vai exibir "A Garota da Moto", série em parceria com a Mixer e a Fox. "A gente já terceirizou algumas novelas. Mas, com coprodução, a gente consegue aportar mais dinheiro e fazer parte do fundo setorial", explica Fernando Pelégio, diretor de programação do SBT, citando o Fundo Setorial do Audiovisual, categoria do Fundo Setorial de Cultura, destinado ao desenvolvimento da indústria audiovisual brasileira. A série, toda produzida pela Mixer, também será exibida na Fox. Segundo Pelégio, a dupla divulgação não é um problema, já que só com uma divisão de custos a produção chegou no nível planejado pelas três empresas. "O acabamento ficou muito bom e ainda conseguimos trazer atores da Globo", diz o diretor, citando Christina Ubach e Daniela Escobar, respectivas mocinha e vilã da trama. A estreia do SBT na teledramaturgia no nicho das coproduções está pronta. Já a Record ainda está finalizando "Sem Volta", série em parceria com a Panorâmica. A trama, prevista para estrear em agosto, conta a história de montanhistas perdidos na mata e tem atores como Camila Rodrigues e Ângelo Paes Leme no elenco. A emissora vive um "caso" antigo com as produtoras. Em 2004, "Metamorphoses", novela que reinaugurou o investimento da Record na teledramaturgia, foi feita em parceria com a Casablanca Filmes. Depois, produções como "Milagres de Jesus" e "Conselho Tutelar" também foram concebidas no esquema de coproduções. Para Paulo Franco, superintendente artístico da emissora, abrir para as parcerias deu um outro "status" aos programas da casa. "As coproduções são um caminho sem volta. Realizar programas em conjunto não traz apenas ganho financeiro, mas permite uma troca de experiências que reflete diretamente na qualidade", pondera. Guel Arraes, diretor de dramaturgia semanal da Globo, foi um dos maiores incentivadores do modelo na emissora. Responsável pelos contratos com a Conspiração Filmes e a Casa de Cinema de Porto Alegre, ele está por trás de séries como "Luna Caliente", de 1998, "A Mulher Invisível", de 2011, e "Doce de Mãe", de 2012. "Antigamente, a emissora ficava esperando as produtoras lançarem os projetos. Agora, as coisas têm sido feitas com o tom de parceria que precisa haver. É um diálogo necessário e frutífero", aponta o diretor. Importação cara Entre primeiros passos e uma longa jornada na criação de coproduções na teledramaturgia, as emissoras já experimentaram se unir a produtoras em outros formatos. Os frequentes "reality shows", quase sempre importados, são feitos sempre em parceria. Em 2007, a RedeTV! se arriscou com a versão brasileira de "Desperate Housewives", chamada de "Donas de Casa Desesperadas". Sem audiência, o programa foi cancelado. A Band teve mais sucesso, ainda que pontual. Em parceria com a argentina Cuatro Cabezas, a emissora criou programas como "CQC", "A Liga", "P24" e "Agora É Tarde". Com coprodução com o Discovery Home & Health, a emissora também viabilizou o "badalado" "MasterChef", formato da Endemol Shine Group. Para Patrício Dias, diretor do "reality show" culinário, a exibição dupla acaba por trazer mais audiência para o programa. "Vemos mais como um horário alternativo. Além disso, o canal já passa as versões estrangeiras. Como é um formato já estabelecido, nada impede de ser exibido em horários tão diversos", diz o argentino.

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