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Campinas recebe o Festival de Música Contemporânea

Criado há dez anos, o evento acontece de 22 a 25 de maio em vários locais, com uma programação aberta e gratuita, e a participação presencial de João Bosco e Kilza Setti

Cibele Vieira/[email protected]
17/05/2024 às 11:28.
Atualizado em 17/05/2024 às 11:28
Concerto da Orquestra Sinfônica da Unicamp realizado durante o Festival de Música Contemporânea Brasileira em 2022 (Juliana Hilal)

Concerto da Orquestra Sinfônica da Unicamp realizado durante o Festival de Música Contemporânea Brasileira em 2022 (Juliana Hilal)

O principal Festival de Música Contemporânea Brasileira completa 10 anos e chega à sua 8ª edição presencial, recebendo Kilza Setti e João Bosco, que participam de uma programação especial envolvendo músicos, pesquisadores, estudantes e o público em geral, em quatro dias de atividades abertas e gratuitas. Esse formato inovador traz em seu conteúdo a ideia de homenagear a música brasileira e abrir espaço para apresentar as obras de compositores vivos, alguns conhecidos do grande público e outros nem tanto. “É uma oportunidade de unir a pesquisa, a performance musical e o público para mostrar a riqueza e a diversidade da música contemporânea brasileira, que tem muitas composições lindíssimas e ainda desconhecidas”, diz Thais Nicolau, criadora, curadora e diretora geral do evento.

O festival, agora realizado bianualmente, acontece na próxima semana, de 22 a 25 de maio, com atividades abertas e gratuitas que serão realizadas no Hospital Infantil Boldrini, no Instituto de Artes da Unicamp e no Teatro Municipal José de Castro Mendes.

Na Unicamp, serão providos dois dias de interação com os homenageados, em encontro aberto ao público, do qual participam músicos e pesquisadores que se dedicam a estudar as obras de Bosco e Setti. Já o Teatro Castro Mendes será palco dos concertos da Orquestra Sinfônica da Unicamp, de grupos de câmaras convidados e do encerramento com a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, executando obras dos homenageados e com participação especial de Kilza Setti e solo de João Bosco.

O evento nasceu da pesquisa de doutorado da pianista Thais Nicolau sobre a música contemporânea brasileira e ganhou destaque por “quebrar barreiras e abrir portas e aproximar o trabalho acadêmico do público, além de expandir o conceito de música contemporânea, revelando a diversidade e a qualidade de nossa música”, ressalta a curadora. A cada edição, são homenageados dois compositores brasileiros, que participam de todas as atividades, proporcionando um espaço de troca e interação entre os músicos e o público. Nessas atividades, pesquisadores, docentes e profissionais da música apresentam trabalhos inspirados nos homenageados em um profundo mergulho sobre suas obras, conta Thais. Toda a programação dos dez anos de festival, que já homenageou 16 compositores, tem sido gravada em audiovisual como resgate da memória dessa produção musical.

OINEDITISMO DE KILZA SETTI 

Entre os destaques do Festival, está a exibição do filme HÕKREPÖJ – pocket de Carlos Nascimbeni – que tem como guia a compositora, antropóloga e musicóloga Kilza Setti e o Núcleo Hespérides – Música das Américas. É uma obra inédita, que será apresentada durante o festival no dia 24, às 16h, na programação do Auditório do Instituto de Artes da Unicamp. Essa mesma música será executada na programação da noite, no Teatro Castro Mendes, com o Concerto de Câmara, às 20h, com regência de Fernando Hashimoto. As edições já realizadas do festival receberam até agora representantes de 18 países, de vários Estados brasileiros, e um público de cerca de 12 mil pessoas. Para a realização dessas edições, a Unicamp conta com parcerias de empresas e recursos de leis de incentivo cultural.

Kilza Setti, paulistana de 92 anos, é pianista e compositora que se entusiasma com a música desde os 5 anos de idade. Ativa e criativa, tem sido uma voz para os povos marginalizados, buscando sempre dar-lhes visibilidade por meio de sua arte, permeando sua carreira com experiências musicais e pesquisas etnomusicológicas. Sua obra, que inclui cerca de 150 composições e com apresentações em vários países, refleteum profundo compromisso com as culturas indígenas, tendo colaborado com diversos povos, como os Guarani-Mbyá e Xiripá, e os Krahô do povo Timbira.

Além de sua produção musical, Kilza é membro de associações musicais no Brasil e graduada em Piano pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, Kilza dedicou-se também a estudos sobre repertórios de tradição oral, tanto no Brasil como em Portugal.

A ORIGINALIDADE DE JOÃO BOSCO

Uma das novidades trazidas por João Bosco será a participação solo no concerto da Orquestra Sinfônica de Campinas, dia 25, onde ele apresenta a canção “O Canto da Terra, que integra seu novo álbum (gravado em CD e vinil) “Boca cheia de frutos”. Com uma trajetória musical de cerca de 50 anos, Bosco se diz “muito feliz pela homenagem”. O mineiro de 77 anos é considerado um dos mais originais violonistas e compositores da música popular brasileira.

Destaca-se em sua trajetória a parceria com Aldir Blanc, um acervo de cerca de uma centena de canções que habitam o patamar mais alto da chamada MPB – sigla que designava popularmente a música popular brasileira, para diferenciá-la da música pop e do rock (uma divisão que João Bosco jamais respeitou). O triângulo virtuoso completou-se quando, no início da década de 1970, Elis Regina gravou “Bala com Bala” e “Dois pra lá, dois pra cá”. Suas criações transitam num caldeirão onde cabem universos musicais diversificados, que vão da música brasileira pré-bossa nova, como Angela Maria e Cauby Peixoto, como o rock raiz de Elvis Presley e Little Richard.

PROGRAME-SE:
Festival de Música Contemporânea Brasileira

Quando: de 22 a 25 de maio

  • Dia 22, às 10h

Hospital Infantil Boldrini
Oficina de Musicoterapia para os pacientes,
na Brinquedoteca

  • Dia 23, das 10h às 17h30

Auditório do Instituto de Artes da Unicamp
Encontro aberto de músicos, pesquisadores e público
com João Bosco

  • Dia 23, às 20h

Teatro Municipal José de Castro Mendes
Concerto Retrospectiva FMCB, com Orquestra Sinfônica
da Unicamp

  • Dia 24, das 10h às 17h

Auditório do Instituto de Artes da Unicamp
Encontro aberto de músicos, pesquisadores e público
com Kilza Setti

  • Dia 24, às 20h

Teatro Municipal José de Castro Mendes
Concerto de Câmara com obras de João Bosco e
Kilza Setti

  • Dia 25, às 20h

Teatro Municipal José de Castro Mendes
Concerto de encerramento com a Orquestra Sinfônica
Municipal de Campinas com obras de João Bosco
(com participação solo) e Kilza Setti

Entrada gratuita em todos os eventos
*No teatro, os ingressos poderão ser retirados com uma
hora de antecedência

Informações: https://fmcb.com.br/ ou Instagram @fmcbsp

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