tintas em novas versões

Campinas recebe mostra 'Inventário da Minha Arte' nesta sexta-feira

Pesquisador das artes gráficas, o artista Paulo Duarte reutiliza tintas para criar obras originais e efeitos de cor que serão exibidos na Casa de Vidro

Cibele Vieira/ [email protected]
24/05/2023 às 12:39.
Atualizado em 24/05/2023 às 12:39
Obras em Kromia, uma das técnicas de pintura artística que Paulo Duarte, morador do bairro São João, na região sudoeste de Campinas, leva para sua nova mostra na Casa de Vidro

Obras em Kromia, uma das técnicas de pintura artística que Paulo Duarte, morador do bairro São João, na região sudoeste de Campinas, leva para sua nova mostra na Casa de Vidro

Ele veio de Igaraçu (PE) para Campinas (SP) em 1975 - aos nove anos de idade, com a mãe e seis irmãos em busca de oportunidades - e posteriormente usou a experiência do trabalho em gráficas para desenvolver técnicas diferenciadas e inovadoras. Paulo Duarte, um artista autodidata, abre a mostra "Inventário da Minha Arte" na Casa de Vidro, nesta sexta-feira, 26, e surpreende ao usar as tintas gráficas de maneira criativa e sobre várias superfícies. "Me considero autor de pelo menos três técnicas artísticas: a Kromia, a FotoArteMetal e a Cartgravura, que desenvolvi a partir de muita pesquisa e experimentação, utilizando meu conhecimento como gráfico", explica o artista que já participou com suas obras de aproximadamente 150 exposições no Brasil, Portugal, Espanha e Itália. 

Nesta mostra ele expõe 40 obras com técnicas diferentes e pretende surpreender com algumas criações nunca exibidas antes, utilizando sua nova experimentação de design em superfícies digitais. Além de curioso e ousado, o artista tem uma preocupação social, tanto que nos últimos 20 anos levou para escolas da periferia - na região sudoeste da cidade, onde sempre morou - o despertar artístico para alunos na pré-adolescência. Esse ativismo social pelas artes lhe rendeu, inclusive, o título de cidadão campineiro e a medalha Carlos Gomes em 2004. O título e a honraria, entretanto, não bastaram para acomodar seu trabalho como voluntário. "Sou da periferia e hoje sou artista. A arte nos muda culturalmente e socialmente, nos dá outra visão do nosso entorno, por isso levo o fazer artístico para dentro das escolas", afirma Paulo. 

Na cerimônia de abertura da exposição, às 19h haverá apresentação musical de Luna Maris (ex The Voice Kids) e Kamila Lima, atém de performance artística de Adriana Ferreira Pires, do coletivo Centro Cultural Candeeiro e de Rosy Jesus Vaz. Durante o evento também será realizada a cerimônia de posse da diretoria regional da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil. 

Novas técnicas 

Paulo começou a trabalhar na área das artes gráficas (na época da tipografia), com apenas 13 anos e se profissionalizou como impressor tipográfico, depois impressor de Offset e colorista, trabalhando nesse ambiente por 30 anos. Nesse período desenvolveu várias pesquisas sobre a aplicação das tintas gráficas, criando uma técnica de pintura artística, denominada Kromia. "Sua técnica proporciona inúmeras possibilidades de pintura em suportes diversos, nos revelando cores, tons e formas de uma maneira única", diz a professora Maria Inês Teixeira Pinto Saba, que já fez a curadoria de suas obras em várias exposições. "Não existia nenhuma tinta que pudesse imprimir todos os tipos de trabalhos por ele idealizados. Elas precisavam combinar com os papéis ou suportes com a característica que ansiava por sobressaltar no impresso, até que encontrou essa técnica de combinação de materiais e reutilização das tintas", explica. 

Depois das tintas, a base das pinturas passou a ser objeto de pesquisa do artista. Usando as chapas de alumínio da indústria gráfica, ele criou um processo que começava no desenho em papel, que era digitalizado e gravado nessa chapa de impressão offset, para depois pintar sobre ela. Foram muitas experimentações até chegar ao resultado que o agradou e ele batizou o processo de "FotoArteMetal". Mas ele não se acomodou e, inspirado na técnica de xilogravura, resolveu se dedicar a criar uma matriz diferenciada, usando o papel cartonado (papel cartão duplex de 400g) que permitisse um resultado em perspectiva, profundidade, luz e sombra nas reproduções. Foi com essa busca que nasceu a "Cartogravura", ou seja, o desenho sobre o papel cartonado grosso que é entalhado com estilete, para depois receber tinta e ser reproduzido. Com o papel, entretanto, o molde não suporta mais que dez impressões. 

"Foram mais de cinco anos de pesquisa em cada técnica, testando, errando, fazendo novas combinações e aperfeiçoamentos, até chegar ao ponto atual", conta Paulo Duarte. "Suas atuais obras mostram que não chegou a elas por mero acaso. Não só é um artista que se destaca dos seus pares pela contemporaneidade que imprime à sua obra, mas por tremenda reviravolta no fazer arte gráfica, explorando tintas, técnicas e o mundo ao redor", complementa a curadora. 
Mas para quem pensa que já deu, ele surpreende com a série "Enigmas". O artista revela que agora começou a trabalhar com ferramentas digitais para manipular fotos no computador, criando formas abstratas para estampar superfícies como azulejos e papel de parede. E nesta exposição ela já exibe trabalhos inéditos nessa linha.

PROGRAME-SE

Exposição "Inventário da minha arte"

Quando: abertura na sexta-feira, 26/05, às 19h. Visitação de 29/05 a 24/06, de terça a sexta-feira, das 10h às 12h e das 14h às 17h, e aos sábados, das 10h às 14h

Onde: Casa de Vidro (Museu da Cidade) - Av. Heitor Penteado, 2145, Lago do Café - Taquaral

Entrada Gratuita

Informações: Tel.: 3296-1104 ou Instagram @pauloduarteartista

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