Histórias, fotos, curiosidades sobre técnicas e máquinas, além de detalhes sobre um acervo relevante de imagens e equipamentos estão no livro
Família Parodi em 1987: Rogério Scavone, Adriano Parodi, Dona Antonia Parodi e Marcos Parodi (André Boccato)
Considerado uma das principais coleções de documentos iconográficos e artefatos utilizados na prática da fotografia do País, o “Acervo Fotográfico da Família Parodi” é composto por cerca de 100 mil imagens e mais de 300 itens entre equipamentos, câmeras e acessórios. Todo esse material tem origem na família do imigrante italiano Nicolau Parodi que, ao longo de 116 anos, renovou cinco gerações de fotógrafos atuantes, inicialmente em Itatiba, mas também em Campinas e outras cidades do interior paulista. O livro "Os Fotógrafos da Família Parodi” resgata a história desses profissionais e mostra com imagens o que eles produziram, suas técnicas e equipamentos. A publicação será lançada nesta sexta-feira (12), das 18h30 às 20h, na Livraria Pontes, com uma exposição de fotos de vistas antigas de Campinas.
Essa exposição permanecerá aberta à visitação gratuita até o início de junho e é formada por oito vistas antigas da cidade, selecionadas do acervo produzido pelo fotógrafo João Parodi, entre 1938 e 1942. Entre elas, há uma vista noturna da Catedral na noite do encerramento do Primeiro Congresso Eucarístico Diocesano (julho de 1942), e outras imagens produzidas para a Administração Municipal de Campinas em 1938, como o Mercado Municipal, o Teatro, o Club Campineiro, o Liceu e a Escola Normal.
João Parodi foi representante da segunda geração da família de fotógrafos e atuou em Campinas entre 1930 e 1955, se destacando na produção de retratos, eventos sociais, vistas da cidade e reportagens. Seu estúdio fotográfico ficava na então Rua Francisco Glicério nº 1.068, praticamente em frente à Catedral.
O FOCO DO IMIGRANTE
O autor do livro, Rogério Scavone tem 63 anos, é jornalista, fotógrafo, pesquisador, escritor e trineto do pioneiro Nicolau Parodi. Ele conta que Nicolau Parodi passou pela primeira vez pelo Brasil em 1865, com 13 anos de idade, como grumete, em um roteiro para a Argentina. Ele retornou ao País em 1896, sem a família, para trabalhar em uma fábrica de bebidas na cidade de São Paulo. Ali, ele conheceu o arquiteto Tommaso Gaudenzio Bezzi, genovês como ele, responsável pelo projeto de construção do Museu do Ipiranga, onde também trabalhou. Depois, Nicolau se dedicou à instalação de máquinas de beneficiamento de café na região de Campinas e em fazendas na região de Itatiba, onde decidiu morar com a família. Em 1906, ele decidiu rever os parentes na Itália, quando conheceu o fotógrafo Giovanni Droghini, que trabalhava no famoso "Studio De Felici" (que até hoje presta serviços ao Vaticano).
Nicolau se interessou pela fotografia, arte e técnica que ganhavam popularidade na Europa, e, em pouco tempo, já dominava as operações básicas de um processo bem mais difícil e trabalhoso que a fotografia de hoje.
Rogério Scavone relata que, aos 55 anos de idade, Nicolau se entusiasmou com as possibilidades da fotografia, uma tecnologia de vanguarda que exigia diversas habilidades e conhecimentos de seus praticantes. “Uma nova paixão para quem já tinha sido grumete, marinheiro, viajante, pedreiro, carpinteiro, construtor e agricultor.” E foi assim que Nicolau, ao retornar ao Brasil, inaugurou (em 1907) a Casa Parodi, pioneira na atividade fotográfica em Itatiba.
Incêndio no Cine República em 1944 (Centro de Memória-Unicamp) (João Parodi)
UM RICO ACERVO
A partir dessa iniciativa, os descendentes da família Parodi continuaram se dedicando ao trabalho fotográfico atuando em Itatiba e Morungaba, além de ampliarem o trabalho para Campinas (entre as décadas de 1930 e 1950), Bragança Paulista (nas décadas de 1930 e 1940), Valinhos (a partir de 1955 até hoje), São Sebastião e Vinhedo.
Essa saga foi resgatada pelo trineto Scavone, que decidiu registrar toda a história no livro "Os Fotógrafos da Família Parodi – O trabalho de cinco gerações de fotógrafos atuando em Itatiba e no interior de São Paulo desde 1907".
A publicação tem 184 páginas e 246 fotos, mas para conseguir realizar esse trabalho, o autor precisou se dedicar, no período entre 1987 e 2022, à organização do acervo. Uma das imagens que ele destaca foi feita em Campinas, quando o fotógrafo João Parodi fotografou o incêndio do Cine República (inaugurado em 1926 na esquina das Ruas Francisco Glicério com a Costa Aguiar). O incêndio ocorreu em 23 de setembro de 1944 e a imagem integra hoje o acervo do Centro de Memória da Unicamp.
“No momento, o Acervo Foto Parodi está sendo transferido para o Arquivo Público Municipal de Itatiba, mas a intenção é viabilizar a criação de um museu da fotografia ou da imagem e do som na cidade”, conta Scavone. A intenção, explica, “é criar uma estrutura que viabilize o acesso de forma gratuita e democrática a todo o conteúdo do Acervo dos Fotógrafos da Família Parodi”.
Para a recuperação e preservação do acervo, ele contou com o apoio da União dos Fotógrafos do Estado de São Paulo e do Centro de Memória da Unicamp.
PROGRAME-SE
Lançamento do livro "Os Fotógrafos da Família Parodi"
Quando: sexta-feira, dia 12, das 18h30 às 20h
Onde: Livraria Pontes – Rua Dr. Quirino, nº 1.223, Centro, Campinas
Entrada Gratuita
Informações: Tel.: (19) 3236 0943
Instagram @fotoparodi @rogerio.scavone
Siga o perfil do Correio Popular no Instagram.