Campinas recebe exibição de dois filmes bem brasileiros: um suspense cativante e o ‘O Último Goool’

Dois filmes brasileiros muito diferentes podem ser vistos a partir desta quinta-feira (4) em Campinas. “Uma Família Feliz”, que entra em cartaz nos cinemas comerciais, é um suspense psicológico estrelado por Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini. Ele é roteirizado por Raphael Montes (do livro e série “Bom dia, Verônica”), que transformou o texto do longa em um livro homônimo, recentemente publicado pela editora Companhia das Letras e que, apenas uma semana depois de ser lançado, chegou à lista dos mais vendidos.

Já “O Último Goool”, filme com cenas rodadas em cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), faz três sessões gratuitas na cidade, sendo a primeira nesta quinta-feira, às 14h, no Museu da Imagem e do Som. Todas as exibições serão seguidas por um bate-papo com o diretor e roteirista Luiz Humberto Siqueira e com Dinho Bomfim, responsável pela direção de fotografia e montagem da obra. 

O CORREIO JÁ VIU

Em “Uma Família Feliz”, Eva (Grazi Massafera) tem uma vida aparentemente muito boa. É mãe de duas meninas gêmeas graciosas e brincalhonas; é casada com um advogado (Reynaldo Gianecchini) apaixonado por ela; mora em um condomínio fechado e tem condições de dar brinquedos caros ou ir ao restaurante celebrar uma conquista; trabalha em casa com o que ama fazer e ainda está grávida de um menino. Está construindo a tal família feliz do título. Mas a primeira coisa que o filme nos apresenta é a protagonista, num futuro, enterrando o que parece ser uma pessoa morta, escutando os gritos desesperados do marido do outro lado do telefone, e colocando uma das filhas no carro, que ela dirige perigosamente em uma estrada tortuosa. 

“Uma Família Feliz”, portanto, não perde tempo para nos mostrar que a foto desse núcleo familiar feliz, perfeito, e que é o fundo de tela do celular de Eva, esconde situações sinistras e verdades incômodas. Uma olhada com maior atenção para a protagonista evidencia a realidade de uma mãe sobrecarregada, lidando com um passado familiar do qual não fez parte e que é pouco respeitada em seus sonhos e objetivos. São pequenas agressões diárias que podem parecer pouco individualmente, mas, somadas a algumas delicadas situações que passam a acometer os membros da família, criam contextos explosivos.

O diretor José Eduardo Belmonte cria uma atmosfera incômoda para contrastar com as cenas da “família perfeita do comercial de margarina”. Uma das ferramentas para isso é a trilha sonora da compositora e musicista Júlia Teles e seu theremin, um instrumento eletrônico russo que entrega aqui notas estranhas e arrepiantes, que nunca deixam o espectador completamente tranquilo. A partir de uma edição bastante interessante do próprio diretor, que também é montador (e assina como Jota Santos), é difícil não se envolver nessa história que vai sendo revelada de forma sagaz e na busca por entender como aqueles personagens chegaram ao ponto que vimos na sequência inicial do filme. 

A atuação de Grazi Massafera é um destaque da produção, especialmente nos momentos mais vulneráveis da personagem. Mas é no roteiro que está a principal força e fraqueza do filme. Por um lado, o texto de Raphael Montes estrutura personagens complexos, tenta debater temáticas atuais e apresenta uma trama interessante dentro de um gênero (infelizmente) ainda pouco explorado no cinema nacional. Mas ele também falha em desenvolver as situações que nos levam aos principais pontos de virada da história e várias das cabulosas hipóteses apresentadas pelo filme parecem surgidas do nada, sem embasamento para sustentá-las. Talvez em seu livro (que não li), o escritor tenha conseguido trabalhar melhor a construção das especulações e das explicações de sua narrativa. De qualquer maneira, “Uma Família Feliz” é uma boa dica para quem quer assistir a um suspense cativante. 

“O ÚLTIMO GOOOL” TRAZ AMIZADE E RIVALIDADE NO FUTEBOL 

A trama do filme “O Último Goool” retrata a final de um importante campeonato entre Corinthians e Palmeiras, tendo como protagonistas o Seo Osmar (Joel Barbosa), um barbeiro corintiano que está passando por dificuldades, e o Seo Zuza (Joel Dornelas), palmeirense e seu amigo inseparável desde a infância, que conquista a todos com seu alto astral. A trama de contrastes, de amor e ódio, e conflitos entre presente e passado coloca à prova uma amizade de 50 anos.

O filme foi realizado com recursos de edital do ProAC e teve cenas rodadas em Campinas, em lugares como o MIS, o Conservatório Carlos Gomes e o Teatro Sotac, além de locações em Valinhos e Sumaré. 

“Concluir este filme significa a realização de um grande e velho sonho. Tem muita gente talentosa e competente nesse projeto. Assim nasceu ‘O Último Gool!’, um jogo de resiliência e sonhos. Estrear em Campinas é um ato de gratidão, pois foi esta cidade maravilhosa que nos presenteou com lindos cenários paisagísticos e arquitetônicos, dando ao filme uma beleza cenográfica ímpar!”, destaca o diretor Luiz Humberto Siqueira, que convida estudantes de audiovisual e cinema da RMC para conversar sobre os temas abordados no filme, a importância da preservação histórica e os desafios da produção cinematográfica.

PROGRAME-SE

Exibições de “O Último Goool”

Quando:  4 de abril, às 14h

Onde: MIS Campinas - Rua Regente Feijó, 859, Centro

Quando: Dia 10/04, às 9h30 

Onde: Casa do Lago, na Av. Érico Veríssimo, 1.011 Cidade Universitária

Quando: 18/04, às 19h30 

Onde: Cineplex Cinemas Prado Boulevard Campinas, 

Av. Washington Luiz, 2.480 Vila Marieta

As três sessões são gratuitas

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