novo prêmio

Câmara do Livro lança o Jabuti Acadêmico

Marcelo Knobel, físico e ex-reitor da Unicamp, é escolhido como curador do novo prêmio literário que começa em 2024 abrangendo 27 categorias de diferentes áreas do conhecimento

Cibele Vieira/ [email protected]
15/10/2023 às 19:15.
Atualizado em 15/10/2023 às 19:15
Marcelo Knobel, físico e ex-reitor da Unicamp (Ricardo Lima)

Marcelo Knobel, físico e ex-reitor da Unicamp (Ricardo Lima)

O Jabuti, prêmio literário mais importante do País, está se desdobrando para dar origem a um novo prêmio, o Jabuti Acadêmico. Concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), ele terá sua primeira edição em 2024 e reconhecerá obras cientificas, técnicas e profissionais. O curador da primeira edição é o físico Marcelo Knobel, pesquisador do Instituto de Física "Gleb Wataghin" da Unicamp, e que foi reitor da universidade entre 2017 e 2021. "O prêmio é inovador e trará à tona as publicações de segmentos fundamentais para a formação de recursos humanos no País, que era pouco contemplada na premiação tradicional, apresar de ter uma produção imensa no Brasil", explica Knobel.

Embora com a construção do edital ainda em andamento, o curador adianta que serão 27 categorias nas diferentes áreas do conhecimento e duas premiações especiais. Podem se inscrever - sem limite de quantidade - editoras e autores de livros impressos ou digitais. A comissão julgadora prevê três curadores por categoria, o que totalizará 90 pessoas atuando como juradas. O edital deverá ser lançado ainda em novembro, com as inscrições previstas para serem abertas entre o final de dezembro de 2023 ou início de janeiro de 2024, com a primeira premiação já agendada para julho de 2024. Esse reconhecimento pretende homenagear os autores que se dedicam a esses segmentos, mas também incentivar a excelência da produção acadêmica no Brasil, diz a nota da CBL que anunciou o novo Jabuti Acadêmico.

Sevani Matos, presidente da Câmara Brasileira do Livro, destaca que "o Prêmio Jabuti Acadêmico é um marco importante para reconhecer e evidenciar a produção editorial meticulosa e indispensável da área técnica, científica e profissional. A criação desse prêmio reforça a relevância desse segmento, incentivando ainda mais a sua produção e contribuição para a sociedade". Já o curador do Prêmio Jabuti deste ano, Hubert Alquéres, acrescenta que é uma extensão natural e necessária da rica literatura brasileira em todas as suas formas. "Muito se fala na valorização da ciência no Brasil. A nova premiação é uma contribuição da CBL para que isso aconteça, que irá refletir a riqueza da produção acadêmica científica no País. Estamos ansiosos para celebrar talentos e obras imprescindíveis", afirma.

FOCO EM TODAS AS ÁREAS DO CONHECIMENTO

A nova premiação é diferente do tradicional Jabuti, que realiza suas premiações em dezembro. "Fiquei feliz e honrado por ter sido convidado para ser curador desta primeira edição e estou envolvido na discussão de várias questões para a montagem do edital, mas a ideia é envolver todas as áreas do conhecimento, de maneira integral", diz. A escolha das 27 categorias deverá abranger toda a diversidade de áreas do saber e algumas premiações especiais, como ilustração e divulgação cientifica, além de homenagens como as que acontecem no Jabuti tradicional. Segundo o curador, "são segmentos absolutamente necessários para a formação das pessoas e no dia a dia do trabalho tecnológico".

Poderão ser inscritos livros inéditos publicados durante o ano de 2023, com autores brasileiros (ou residentes no País). Por isso as inscrições serão abertas em breve, para que os jurados possam ter tempo de fazer suas análises e julgamento no primeiro semestre, a tempo da premiação em julho. "Um dos desafios é o trabalho nada trivial de conseguir as pessoas que farão parte do júri. O que não é simples pela abrangência das áreas de conhecimento, pois temos muitas pessoas capacitadas e já estou começando a buscá-las", afirma Knobel.

Como o Prêmio Jabuti tem uma categoria (de livros de Não Ficção) que abrange algumas dessas áreas, o curador acredita que para o próximo ano haverá uma discussão para rever esse critério, de forma a não duplicar premiações. "Quando se cria algo novo, é natural que o que já existe seja repensado e reestruturado", comenta.

A VEZ DOS TRABALHOS UNIVERSITÁRIOS

O novo prêmio tem importância especial para editoras universitárias, que trabalham com publicações segmentadas, embora qualquer tipo de editora possa participar. "É um reconhecimento a esse trabalho árduo e necessário para o desenvolvimento do País e muito importante, embora tenha um público muitas vezes restrito. Mas sem estas publicações que lidam com esses setores mais técnicos e específicos, teríamos dificuldades para continuar na formação das pessoas, avançar no conhecimento e no dia a adia da ciência e tecnologia", ressalta Knobel.

Ele lembra, entretanto, que existe uma premiação bastante relevante promovida pela Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABU), que também foca nesse tipo de obras acadêmicas, mas é uma premiação destinada exclusivamente ao segmento de editoras universitárias.

Questionado sobre o número de categorias do novo Jabuti Acadêmico, o curador faz um exercício de memória sobre a diversidade de segmentos abrangidos. "Imagine pensar em medicina, veterinária, agricultura, direito, ciências sociais, filosofia, ou seja, tem toda uma produção acadêmica, seja para livros didáticos nessas áreas e livros técnicos em outras áreas do conhecimento, como por exemplo as engenharias, as químicas, a biotecnologia. Enfim é um mercado forte e bem abrangente, que atende públicos diversos. Só de universitários temos hoje 9,5 milhões de estudantes no Brasil", argumenta. Ele comenta ainda que não consegue ter uma expectativa quanto ao número de inscrições que serão recebidas, já que são estimadas milhares de publicações anuais contemplando essas áreas.

"Como é um prêmio novo, naturalmente vem com toda bagagem, conhecimento e reputação do Jabuti. Mas o que importa é a qualidade da produção e que os premiados tenham seu trabalho valorizado", afirma. Esta nova premiação vinha sendo discutida no âmbito da CBL há algum tempo, mas com a pandemia foi adiada e o lançamento é feito "nessa retomada, num momento que considero adequado", diz.

Marcelo Knobel nasceu em Buenos Aires, Argentina, mas mora há mais de 45 anos em Campinas. Veio para a cidade ainda criança, em 1976, quando a família acompanhou o pai, um psiquiatra contratado para dar aulas na Unicamp. A mãe, psicóloga, ainda viva, também atuou na área acadêmica, dando aulas na PUC-Campinas e na Unicamp. Isso fez com que ele crescesse cercado pelo ambiente acadêmico. Esta é sua primeira participação na esfera do Prêmio Jabuti.

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