COMIC CON

Caderno C acompanha painel do ator Ator Ethan Hawke

O ator afirmou que tentou transformar a história dos índios apache em um filme, mas desistiu da ideia por inúmeros problemas de produção

Fábio Trindade
06/10/2016 às 21:01.
Atualizado em 22/04/2022 às 22:04
Ethan Hawke e Greg Ruth durante painel na Comic Con no lançamento da HQ Indeh - A Story of the Apache Wars  (Divulgação)

Ethan Hawke e Greg Ruth durante painel na Comic Con no lançamento da HQ Indeh - A Story of the Apache Wars (Divulgação)

Caminhar por entre Arlequinas e Supergirls, Batmans e Shreks, Alunos de Hogwarts, Flashs e Arrows, um exército de Stormtroopers ou mesmo personagens desconhecidos — bom, ou não tão conhecidos assim como aqueles que frequentemente estão nos cinemas e nas telinhas. Essa é a primeira missão que qualquer visitante precisa enfrentar ao chegar na New York Comic Con, a segunda maior convenção do entretenimento pop dos Estados Unidos. Aliás, isso acontece antes de passar por um dos portões de entrada do Javits Convention Center, em Manhattan, onde acontece o evento. Os super-heróis por um dia — os famosos cosplays — estão por todas as partes: saindo do metrô, dos táxis, de ônibus, estacionando os carros no entorno da 34th street ou só caminhando pelas ruas que dão acesso ao local que, desde ontem — e até domingo —, reúne os apaixonados por quadrinhos, cinema e TV. Quando os portões foram abertos na manhã da quinta-feira, uma multidão já esperava ansiosa para conferir as maiores novidades do meio, com estandes espelhados pelos 170 mil metros quadrados do Javits Center, além da intensa programação de painéis, sessões de autógrafos e shows que acontecendo durante todo o dia. É tanta coisa para fazer, que o ator quatro vezes indicado ao Oscar Ethan Hawke (de Boyhood e atualmente em cartaz com Sete Homens e Um Destino) começou pontualmente às 11h o painel de Indeh: A Story of the Apache Wars (seu quarto livro, o primeiro em HQ) com menos da metade da capacidade da sala. O ator, que também é roteirista, se juntou ao quadrinista Greg Ruth para falar sobre o longo conflito dos índios apache, dando vida a essas batalhas em traços impressionantes. Foram seis anos dedicados ao projeto (quase nada se comparado com os 12 anos que Hawke levou gravando Boyhood). “Eu sempre fui próximo dos quadrinhos. Na minha infância, ganhava muita coisa, como muitos moleques, então eu até lia, via Homem-Aranha no ônibus. Mas nunca criei uma relação. Isso veio mais tarde e passar seis anos vendo esse cara trabalhar me fez me apaixonar ainda mais pelas HQs”, contou Hawke. O ator afirmou que tentou transformar a história dos índios apache em um filme, mas desistiu da ideia por inúmeros problemas de produção. A vontade foi esquecida até que, num dia, enquanto estava com seu filho na loja de quadrinhos de Nova York Forbidden Planet, veio a ideia da HQ. “Há tantos recursos, há tanta intensidade, que seria um jeito excelente de contar com detalhes essa história.” Se envolver em projetos longos tem ajudado Hawke a enfrentar um problema que ele considera grave quando o assunto é atuação: os altos e baixos. “Me dar a oportunidade de ficar anos trabalhando numa mesma coisa, como a oportunidade de trabalhar com o Greg, me faz ser um estudante de novo. E ter paciência é o que eu mais tenho aprendido. Mas o engraçado é que esses projetos longos estão chegando ao fim num mesmo momento, o que tem deixado minha vida bem estranha”, confessa, aos risos. Como Indeh: A Story of the Apache Wars é toda em preto em branco, quando as perguntas foram abertas ao público, um jovem citou o trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado, que diz que a ausência de cores desperta a imaginação e as mais secretas sensações. “Vocês concordam com isso”, perguntou. Greg Ruth disse que sim, e acrescentou ainda um outro problema que a cor pode trazer. “Se você reparar nas propagandas de Donald Trump e Hilary Clinton, sempre que entra depoimentos importantes eles são todos em preto e branco. A cor pode tirar a sua atenção da mensagem, pode fazer você prestar atenção no blazer azul e não no que a pessoa está falando.” O jovem é o brasileiro Diego Areias Munhoz, de 16 anos, de Belo Horizonte. Faz dois anos que ele mora em Nova York e esta é a segunda vez que ele participa da New York Comic Con. Apaixonado por quadrinhos, ele conta que gosta de vir porque “é uma oportunidade única para conversar com os maiores nomes das HQs. Eles ficam todos no Artist Alley e são muito acessíveis. Ano passado tinham muitos quadrinistas brasileiros, mas este ano não veio quase nenhum. Deve ser a crise.” Autógrafos Assim que o painel chegou ao fim, Ethan Hawke foi para a sala ao lado, onde autografaria os livros comprados na feira. Aliás, as sessões de autógrafos estão entre as programações mais procuradas. Afinal, é o momento que o fã tem com seu ídolo. Mas há um detalhe: paga-se para isso — e muito. Para conseguir um autógrafo do lendário Stan Lee, o valor é de US$ 100,00 (quem quiser uma foto individual, precisa ainda desembolsar mais US$ 100). E a fila se esgota muito antes da sessão começar. Não só dele, mas a maioria. As filas para os astros de Doctor Who, Matt Smith e Jenna Coleman, também ficaram sem vaga muito cedo. Já para conseguir uma foto com Jack Gleeson, o Joffrey de Game of Thrones, tudo foi mais tranquilo. Com valores de US$ 60.00 (autógrafo) e US$ 65.00 (fotos), a fila do rapaz terminou cedo e quem passava pelo local pode vê-lo sentado ali, mexendo no celular, esperando mais gente. Lenda Quem chegou cedo também conseguiu um lugar no disputado painel com o ator e dublador Adam West — marcado para às 17h30, mas com a disponibilidade esgotada por volta das 14h. O eterno Batman esteve no primeiro dia da NYCC para participar da première mundial da animação Batman: Returno of the Caped Crusaders, que contou também com o diretor Rick Morales. Já a atriz Geena Davis (Thelma & Louise) falou sobre outro clássico: O Exorcista. Ela e o produtor Jeremy Slater deram detalhes sobre a novíssima série inspirada no longa de 1973. A produção vai ao ar no Brasil pelo canal FX, às sextas, à meia-noite. Nesta sexta A grande atração desta sexta é o painel especial de Doctor Who que acontece, a partir das 10h30 (11h30 no Brasil), no Teatro do Madison Square Garden. O evento vai marcar a estreia de Peter Capaldi, atual estrela dessa série de mais de 50 anos, na NYCC e vai apresentar ao público, pela primeira vez, a atriz Pearl Mackie, que entra na produção como uma médica, e o retorno de Matt Lucas como Nardole. O Caderno C, claro, vai conferir esse marco de Doctor Who e conta tudo para você no sábado. Acompanhe.

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