CULTURA

Bridgerton: cenário clássico, romance contemporâneo

Segunda parte da 3ª temporada acaba de chegar à Netflix e fãs da série em Campinas compartilham impressões sobre a produção, que é um fenômeno de público

Aline Guevara/[email protected]
13/06/2024 às 18:40.
Atualizado em 13/06/2024 às 18:40
‘Bridgerton’ desenvolve a história amorosa de um dos irmãos da família que dá nome à série e que mora em uma Inglaterra do período regencial, no início do século XIX (Divulgação)

‘Bridgerton’ desenvolve a história amorosa de um dos irmãos da família que dá nome à série e que mora em uma Inglaterra do período regencial, no início do século XIX (Divulgação)

Os fãs de “Bridgerton”, série fenômeno da Netflix, precisaram esperar um mês para terem acesso à conclusão da história do casal Penelope e Colin. Os quatro últimos episódios, com o restante da terceira temporada que começou em 16 de maio, finalmente estão disponíveis na plataforma. A estratégia do streaming, sem dúvida, estendeu o engajamento e a discussão em torno de um dos seus seriados mais populares: segundo dados divulgados pela Netflix, a terceira temporada ultrapassou a audiência de estreia das duas anteriores, com 45,1 milhões de visualizações nos quatro primeiros dias. 

A cada temporada, “Bridgerton”, que é baseada na série de livros homônima da escritora norte americana Julia Quinn, foca em desenvolver a história amorosa de um dos irmãos da família que dá nome à série e que mora em uma Inglaterra do período regencial, no início do século XIX. No novo ano, foi a vez de Colin Bridgerton e Penelope Featherington protagonizarem a trama que trabalha com um arquétipo comum nas histórias de romance, o do “friends to lovers”, de amigos a amantes.

ROMANCE DE ÉPOCA COM RESSALVAS 

A jornalista e educadora campineira Caroline Pereira, fã da série, analisa os aspectos que considera motivadores no sucesso de “Bridgerton”. “A estética atrai bastante. A Europa colonialista se estabeleceu como a sofisticação estética maior, e a gente admira isso, os vestidos, a arquitetura, a música. E a série mostra a sociedade rica dessa época”, afirma Caroline, indicando que o universo retratado é aquele do luxo e riqueza dos bailes, das roupas refinadas e dos personagens que, em sua maioria, não precisam se preocupar com trabalho ou com pagar contas.

“Bridgerton” estabelece um cenário de época com elementos contemporâneos e um elenco diverso etnicamente. As roupas do período regencial têm toques mais modernos, como cores saturadas e estampas, os atores ganham penteados e maquiagem que não condizem com o tempo da história, e a trilha sonora, ainda que instrumental, é composta de hits de artistas pop atuais. “A série pega o melhor de dois mundos e é anacrônica mesmo. É aquilo que agrada na contemporaneidade, como a música do Pitbull, com aquele chique histórico, mas sem a parte chata, desagradável e desconfortável desse período”, comenta Caroline. Ela ainda aponta para um ponto fundamental da série: o lado erótico voltado para o público feminino. “A sociedade atual está pronta para lidar com um romance com sexo, coisa que não acontecia na época de Jane Austen e seus romances de época. Acho lindo mulheres se empoderando sexualmente com Bridgerton, principalmente com a Penelope, uma mulher gorda, fora dos padrões, encontrando amor e encontrando sexo.” 

DOS LIVROS PARA A TV

Lívia Vieira, mestranda em Teoria e História Literária, conheceu a história de “Bridgerton” pelos livros em 2014, seis anos antes da série estrear. “Sou meio romântica, então, o gênero e a capa do primeiro livro me atraíram enquanto eu andava pela Bienal do Livro. Gosto da química dos personagens e como a sociedade da época se adapta nessa narrativa.” Ela concorda com Caroline que um dos diferenciais da narrativa é o romance mais explícito e apimentado. “Quando pensamos em ‘Orgulho e Preconceito’, o casal protagonista nem se beija. O simples tocar na mão é o ápice do contato físico. Em “Bridgerton”, temos cenas de beijo, sexo e sedução. A dinâmica da relação é levada para outro nível de paixão, mas ainda de uma maneira delicada, que se encaixa na época ”, analisa.

Para Lívia, a adaptação para seriado é muito boa, apesar de existirem várias diferenças. “O foco em personagens secundários, como as irmãs de Penelope e a rainha Charlotte, também acrescenta mais humor e expande o universo. A gente acaba vendo mais do que só o casal principal. Dessa forma, acho que a série acrescenta ao livro, pois deixa o universo ainda mais complexo”. Como a série muda tramas e ordem de acontecimentos, a fã dos livros se declara ansiosa para os episódios novos. “Eu sei o final pelos livros, mas ainda assim fico nervosa pensando no que poderá acontecer.”

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