A busca pelo conhecimento ganhou diferentes plataformas com ferramentas digitais que facilitam pesquisas, mas o espaço para troca de ideias e livros ainda é a biblioteca física
Campinas tem sete bibliotecas municipais que em 2023 totalizaram 11 mil atendimentos (Firmino Piton)
As novas ferramentas digitais que facilitam e ampliam o acesso a informações e livros chegaram há pouco mais de uma década com o prenúncio de esvaziamento da frequência das bibliotecas físicas. Entretanto, o que se vê atualmente é um movimento de evolução desses locais como espaços de convivência e compartilhamento de conhecimento.
“Há uma mudança de conceito”, afirma a diretora da Faculdade de Biblioteconomia da PUC-Campinas, Valéria Martins. Para ela, que também é bibliotecária na Escola de Educação Corporativa da Unicamp, “hoje as bibliotecas não representam mais apenas o local onde as pessoas vão fazer a consulta e sim um local de convivência perfeito para quem quer trocar experiências, fazer trabalhos coletivos, receber orientações sobre outras fontes seguras para pesquisa e, principalmente, para a troca de ideias”.
Essa constatação é um bom motivo para lembrar que nesta terça-feira (9) é celebrado o Dia Nacional da Biblioteca, graças a um decreto de 1980 que instituiu a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, bem como o Dia do Bibliotecário. Em Campinas, são sete bibliotecas municipais, que em 2023 totalizaram 11 mil atendimentos, número cerca de 28% maior que em 2022, considerando empréstimos, consultas e orientações, além de atividades de promoção à leitura. Já no primeiro trimestre deste ano, foram cedidos para leitura 2.525 exemplares, sendo 2.506 livros e gibis e 19 livros impressos em Braille, segundo informações da coordenadora das Bibliotecas Públicas Municipais, Dandewara Pereira. Esses números, entretanto, revelam que, apesar da melhora, ainda seguem abaixo de 2019, período anterior à pandemia, quando os atendimentos giraram em torno de 15.100 atendimentos anuais.
VIDA CULTURAL
“Como coordenadora e uma apaixonada por livros, cada dia mais tenho certeza de que as bibliotecas desempenham um papel vital como espaços culturais na cidade de Campinas. Além de serem fontes de conhecimento e informação, elas também são centros dinâmicos de expressão cultural, promovendo a diversidade, a criatividade e o diálogo intercultural”, afirma Dandewara. Ela acrescenta que esses locais preservam e celebram a história e a identidade local — por meio de coleções de documentos, fotografias e obras de referência — e ajudam a manter viva a memória coletiva da cidade, fortalecendo o senso de pertencimento entre os habitantes.
“As bibliotecas de Campinas não são apenas espaços de leitura e estudo, mas também centros vibrantes de atividade cultural que contribuem significativamente para o enriquecimento da vida comunitária e para a promoção da diversidade e da inclusão”, afirma.
Essa posição de compartilhamento cultural é confirmada por Suze Elias, responsável pela Biblioteca Pública Municipal Professor Ernesto Manoel Zink, instalada na região Central e a mais antiga da cidade, com 78 anos. Além do acesso a livros e recursos educacionais, o local sedia eventos e atividades culturais. Desde exposições de arte mensais até apresentações musicais, feiras literárias, de artes impressas e publicações independentes, campeonato de damas, sessões de contação de histórias e debates. Só para lembrar alguns exemplos, ela menciona que todo último sábado do mês tem o “Sarau Cirandas Literárias” e o encontro do “Clube de Xadrez”. No último domingo de cada mês, há a tradicional apresentação da “Roda de Violas & Violões”. Na última quarta, é a vez do “Clube de Leitura Poiesis”. A cada dois meses, acontece o “Encontro de Trovadores” (o próximo é dia 20/04) e, a cada quadrimestre, tem a “Convenção Base Estelar”.
NOVOS TEMPOS
“Muitas pessoas ainda acham que a biblioteca tem aquele conceito mais antigo de depósito de livros antigos, mas estamos vendo uma mudança de conceito e a inserção de ferramentas tecnológicas nos últimos dez anos, principalmente nas bibliotecas das universidades. Mas apesar de termos muitos recursos e materiais nas plataformas digitais, ainda falta orientação sobre seu uso”, pondera Valéria. Ela comenta que essa necessidade de orientação sobre fontes seguras virou, inclusive, disciplina na Faculdade de Biblioteconomia, chamada “Fontes de Informação”. Mas são nas bibliotecas físicas que a convivência com o conhecimento acontece e, para incentivar o presencial, muitos desses espaços estão se reformulando com a instalação de sofás e uma estrutura que permite tornar o ambiente adequado para convivência e com conforto.
SUGESTÕES DE FONTES DIGITAIS
Fontes Acadêmicas
✔ Google acadêmico: https://scholar.google.com.br/?hl=pt
✔ Scielo Brasil: https://www.scielo.br/
✔ Biblioteca Nacional Digital Brasil: https://bndigital.bn.gov.br/
Livros
✔ Portal de Livros Abertos da USP https://www.livrosabertos. abcd.usp.br/portaldelivrosUSP
✔ Sites com e-books gratuitos - UFscar: https://www.bso.ufscar.br/ news/sites
Fontes Literatura - Juvenil
✔ Portal Domínio Público: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp
Fontes livros infantis
✔ Portal Baixe Livros – Domínio Público https://www.baixelivros. com.br/acervo/criancasde-0-a-2-anos
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