O talento feminino no humor gráfico inclui artistas campineiras na mostra ‘Batom, Lápis & O Que Elas Quiserem’, que pode ser visitada em Piracicaba até 6 de abril
A campineira Aya Andrade (@aya_andade) é artista visual, quadrinista e ilustradora, graduada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e, desde 2020, participa da Ala de Artistas. (Divulgação)
As mulheres estão presentes onde querem, inclusive em salões de humor. Uma prova disso é a mostra de humor gráfico "Batom, Lápis & O Que Elas Quiserem", que reúne 120 obras de 78 artistas de 16 países no Parque do Engenho Central, Armazém 14, em Piracicaba. Entre elas, várias campineiras tiveram seus trabalhos selecionados em caricatura, pintura ou escultura.
A exposição, parte da programação oficial do Salão Internacional de Humor, destaca a força feminina no humor gráfico. Os trabalhos incluem cartuns, caricaturas, tiras, charges e esculturas, abordando temas como empoderamento feminino, desafios sociais e liberdade de expressão.
O Salão Internacional de Humor de Piracicaba foi pioneiro, em 2011, ao criar uma mostra dedicada exclusivamente às mulheres. Para Junior Kadeshi, organizador do evento, "este é um espaço essencial para dar visibilidade e ampliar a diversidade de vozes nesse universo artístico, que sempre foi um território predominantemente masculino, equilibrando essa representatividade e inspirando outras mulheres a participar". De Campinas, participam as artistas Aya Andrade, Flávia Tonelli, Glauci Venturelli, Maria Rita Almeida Correa, Paula Brolezi, Synnove e Rosana Amorim, entre outras.
TIRINHAS DA AYA
A campineira Aya Andrade (@aya_andade) é artista visual, quadrinista e ilustradora, graduada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e, desde 2020, participa da Ala de Artistas. Sua estreia foi marcada pelo lançamento independente da coletânea de tirinhas "Aventuras da Aya", criadas em 2009, quando tinha apenas 13 anos, como uma forma de registrar momentos curiosos de seu dia a dia. Com o tempo, percebeu o interesse das pessoas pelos quadrinhos e isso a incentivou a publicar as tirinhas online. Este ano, escolheu tirinhas em que a personagem principal está acompanhada de familiares. Ela comentou a maior presença de participantes mais jovens nesta edição da mostra.
MULHERES FORTES
Synnöve Dahlström Hilkner (@synnove_arts) participa com duas caricaturas que homenageiam mulheres fortes: Fernanda Torres — que ganhou vários prêmios e foi indicada ao Oscar pela atuação em "Ainda estou aqui" — e Gisele Pelicot, a francesa que foi violentada por anos, sendo dopada pelo marido e que, no tribunal, recusou-se ao sigilo, dizendo que a vergonha precisa mudar de lado, já que é dos criminosos e não da vítima. Nesses trabalhos, ela usa aquarela digital, mas também cria com aquarela, nanquim e outras mídias. Dedicada às artes visuais desde 2012, já foi premiada por três vezes no Salão Internacional de Piracicaba (2017, 2019, 2024), com caricaturas-esculturas em que trabalhou principalmente com porcelana fria. Nascida na Finlândia, chegou ao Brasil com 7 anos de idade e os gibis a ajudaram no idioma e costumes.
PINTURA E SAÚDE MENTAL
A caricatura de Sônia Braga, feita por Maria Rita Almeida Correa (@mariaritaalmeidacorrea), foi selecionada e está exposta no Salão. Aquarelista e cartunista, ela começou a estudar desenho e pintura em 2001 e passou a participar de exposições, colecionando vários prêmios com pinturas em aquarela, seu instrumento preferido. Nascida em Bebedouro, morou em São Paulo e veio para Campinas em 1981, quando fez pós-graduação em Saúde Mental na Unicamp e passou a trabalhar como psiquiatra na rede pública. "A pintura é bem mais que um relaxamento, é um trabalho que exige muito investimento, estudo, esforço, concentração e tempo. Mas a gente pinta porque é uma paixão", afirma.
TÉCNICAS VARIADAS
Desde criança, Glauci Venturelli era apaixonada pelas artes, o que a levou a estudar Comunicação Social e Educação Artística. A arte se tornou uma forma de expressão e comunicação que sempre lhe acompanha. Atualmente, estuda com Paulo Branco e um grupo de seu atelier, onde trabalha com técnicas variadas como aquarela, gravura, fotografia e colagem, se inspirando nas cores, na natureza, sutilezas do cotidiano e na cultura brasileira. Essa é a quarta vez que participa da Mostra, com uma caricatura em homenagem ao educador Paulo Freire e uma caricatura-escultura da cantora britânica Amy Winehouse (1983-2011). Professora de arte no ensino médio, compartilha seus conhecimentos com os alunos.
RECONEXÃO COM A ARTE
Paula Brolezi (@paulabrolezi) sempre gostou de artes, mas antes atuou na Odontologia e na área de design de interiores, até se render de maneira mais profunda à atividade artística. Em 2018, passou a frequentar as aulas do professor Paulo Branco e se uniu ao grupo do Atelier C9, da artista Synnöve Hilkner. "Desde então, tenho me reconectado com a arte, desenvolvendo meu próprio estilo e linguagem artística, misturando elementos da pintura e desenho, com grande interesse pelo humor gráfico e produções contemporâneas." A participação em Salões de Humor, especialmente os de Piracicaba, tiveram uma importância crucial nesse processo, revela. Neste ano, exibe a caricatura de Fernanda Montenegro como uma forma de homenagear a artista brasileira e a representatividade da presença feminina que sua personalidade trouxe para o campo artístico brasileiro e mundial.
PROGRAME-SE
Mostra de humor gráfico ‘Batom, Lápis & O Que Elas Quiserem’
Quando: até 6 de abril, com visitação às sextas-feiras, das 9h às 17h, e aos sábados e domingos, das 9h às 14h
Onde: Parque do Engenho Central, Armazém 14, em Piracicaba
Entrada Gratuita
Informações: Instagram @salaodehumordepiracicaba
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