Banda dos Homens de Cor comemora 80 anos

A segunda banda criada em Campinas — A Banda dos Homens de Cor —, que é também a mais antiga em atividade, comemorou 80 anos de fundação com uma apresentação na Praça do Largo do Pará.

Mais como um “ensaio aberto”, a banda executou um repertório com músicas que encantaram quem passava pelo local.

A corporação musical, criada por músicos negros em 1933, virou símbolo de respeito, amizade e trabalho ao longo dos anos.

Sua composição original era somente com músicos negros, já que eles não tinham autorização para integrar bandas de brancos. Essas histórias são lembradas pelo “seo” José Antônio, que participa da corporação desde o início.

Hoje, aos 91 anos, ele não pode comparecer ao evento devido a problemas de saúde. “A banda é bastante heterogênea, com músicos profissionais e amadores. E tudo é feito com muito amor. A apresentação foi uma decisão de comum acordo entre todos os músicos e a ideia é levar isso para outros lugares”, diz a pianista e regente da Corporação Campineira dos Homens de Cor, Christina Cardoso.

A mesma condição imposta na época de sua fundação, quando os músicos encontraram uma forma de participar da vida cultural da cidade, é aplicada nos dias atuais. “Os instrumentos são dos próprios músicos, que também fazem sua manutenção. A sede, na Rua Luzitana, é a mesma desde o início, mas precisa de reparos e não há dinheiro para isso. Mesmo assim, ninguém desanima”, garante Cristina.

Quem passou pelo Largo do Pará na manhã de sábado gostou do que viu.

O autônomo Ovídio José de Castro disse que se lembrou de quando as bandas se apresentavam nas praças de Campinas. “É meio saudosista mesmo, mas acho muito interessante”, revela.

Os resultados do ensaio apareceram no mesmo dia. O coordenador de projeto social Modesto Teixeira dos Santos, que mora em Hortolândia, disse que vai convidar a banda para uma apresentação no próximo dia 28 num projeto para jovens que incentiva o interesse pela música.