VIRADA CULTURAL

Banda colombiana Monsieur Periné faz caldeirão sonoro

Grupo que funde o jazz cigano com música latina se apresentará em Campinas: confira o clipe

Marita Siqueira
12/05/2013 às 14:05.
Atualizado em 25/04/2022 às 16:28
Os músicos da banda colombiana Monsieur Periné (Divulgação)

Os músicos da banda colombiana Monsieur Periné (Divulgação)

Uma colorida fusão de ritmos da França dos anos 30 e 40, inspirados especificamente no guitarrista de origem cigana Django Reinhardt (1910-1953). Assim os músicos da banda colombiana Monsieur Periné definem seu trabalho, que será apresentado pela primeira vez em Campinas no dia 26, à 0h30, durante a Virada Cultural Paulista. O grupo encerra a programação da madrugada de sábado para domingo, na Estação Cultura. Para o show, preparam o repertório do disco Hecho A Mano, Suin a La Colombiana.

Monsieur Periné surgiu de um encontro, no mínimo, improvável, entre três músicos e uma antropóloga. Numa tarde de Semana Santa, em 2007, em meio a uma prosa e outra, os rapazes Santiago Prieto, Camilo Parra e Nicholas Junca, começam a tocar seus instrumentos (cordas, sopro e guitarra, respectivamente). A garota, Catalina Garcia, resolveu acompanhá-los e descobriu-se, naquele momento, uma cantora afinada de voz suave que nunca tinha cantado a sério antes.

Atualmente, o grupo é uma das sensações da música latina. Fabian Penaranda (contrabaixo), Miguel Guerra (percussão) e Daniel Chebair (bateria) se juntaram ao quarteto. Eles compõem em quatro idiomas (português, inglês, espanhol e francês) e tem o jazz manouche (cigano) de Reinhardt como base para suas misturas de cumbia, salsa, bolero e bossa nova. Além do material autoral, Monsieur faz versões de clássicos latinos, como Sabor a Mi, música mexicana muito conhecida na América Latina, e Cou Cou, do lendário Reinhardt.

Segundo Santiago Prieto, também produtor da banda, a sonoridade do grupo é resultado de vários anos de experimentação com a música popular americana e swing. “Nós começamos a tocar gypsy jazz, que ficou famoso por Django Reinhardt na década de 30, em Paris. Nós começamos a fundir o pompe (forma de percussão para acompanhar a guitarra) com ritmos latino-americanos. Aos poucos, fomos moldando o som que nós temos atualmente”, diz. E o ritmo brasileiro não fica de fora dessa mistura. “No início, interpretamos muitas canções da bossa nova. Em geral, gosto de música brasileira: desde a música clássica, Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha... Gosto de artistas populares, como Luiz Gonzaga, Orlando da Silva, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Lenine, BNegão. Essa é uma lista que nunca termina”, afirma o músico.

Catalina complementa, dizendo que a música popular latino-americana, que é diversificada e extensa, traz sangue misturado nas veias (mistura de negros, índios e colonos) com músicas populares do mundo, especialmente com o jazz das décadas de 30 e 40. “Tem cantores de bolero como Benny, de Cuba, e Alvaro Cuba Cariilo, do México, além de grandes intérpretes da música latino-americana como Chavela Vargas, Maria Bethania e Susana Baca e compositores colombianos que redefiniram os rumos da cumbia no século 20, como Bermudez e Pacho Galán — que criou o merecumbe (estilo musical colombiano). Expoentes de MPB e intérpretes contemporâneos do pop rock se misturam com The Beatles, Reinhardt, Luis Armstrong, Édith Piaf”, afirma a cantora.

Há três anos, a cantora largou a universidade para dedicar-se ao grupo.

“Desde então, é um trabalho em tempo integral, que embora não seja de escritório, obrigou-nos a ajustar as nossas rotinas. Nosso estilo de vida mudou-se também. Hoje é nômade por um prazo indefinido, estamos convencidos de que queremos viajar com a nossa música. Passear pelo mundo é a maior fonte de experiências que podemos desfrutar, mais o conhecimento da universidade sistematizado. Viver de música implica em se mover e evoluir com ela.”

A antropologia, segundo ela, ajuda na maior consciência com relação à procura de identidade artística. “Queríamos desenvolver uma linguagem cênica, visual, estética e um complemento que comunica o que a nossa música quer expressar. Nossa identidade é o que nos separa dos demais. Quando os projetos musicais alcançaram identidade própria e público que se aproprie dele, entoa num intercâmbio cultural. Falamos da Colômbia, indagamos a nossa cultura latino-americana, evocamos referências do imaginários da música pop. Colocamos para o diálogo elementos culturais de origem diferente (ou jazz manouche e vários gêneros populares latino-americanos) e vamos circulando e alimentando este processo por lugares que nunca esperamos atingir, e isso contribui para o rumo que estamos trilhando”, reflete.

Monsieur Periné encerra as primeiras oitos horas ininterruptas de atividades artísticas da Virada Cultural Paulista em Campinas. Será feito um intervalo entre o show da banda colombiana e o concerto da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), às 11h, no Teatro Municipal José de Castro Mendes. Já no palco da Estação Cultura, o show seguinte será às 14h, com Diego Moraes.

Serviço

Show da banda Monsieur Periné

Dia 26, à 0h30

Na Estação Cultura (Praça Marechal Floriano Peixoto, s/n - Centro). Telefone: (19) 3705-8000

De graça

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