Thiago Lacerda é enfático sobre suas preferências artísticas. Adoro os heróis e nunca escondi isso de ninguém. Tenho um apreço especial pelos personagens éticos e íntegros, afirma
O ator caracterizado como o personagem da novela: "Diria que o Darcy e a Elisabeta me lembram Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare" (Divulgação)
Thiago Lacerda é enfático sobre suas preferências artísticas. “Adoro os heróis e nunca escondi isso de ninguém. Tenho um apreço especial pelos personagens éticos e íntegros”, afirma. Essa predileção profissional sempre esteve bastante clara ao longo de seus projetos na tevê. Porém, nos últimos anos, o ator viu sua carreira ser pautada pelos vilões, como o mau-caráter Marcos, de Alto Astral, e o ambicioso Ciro, de A Lei do Amor. Após viver histórias obscuras e pesadas, Thiago ansiava pelo reencontro com os protagonistas românticos, como é o caso do correto Darcy, de Orgulho & Paixão, atual novela das seis. “Fazer vilão é divertido, mas tem uma hora que dá saudade dos mocinhos. Estou muito feliz de viver esse cara heroico e íntegro. Minha carreira é cheia desses papéis no teatro e, especialmente, na televisão. Os personagens mais difíceis são os mocinhos”, coloca. Aos 40 anos e com metade desse tempo na tevê, Thiago encara o atual momento profissional como um período de mudança e amadurecimento. Na televisão desde 1997, quando estreou em Malhação, o ator ganhou repercussão ao participar da minissérie Hilda Furacão, de 1998. Mas foi o italiano Matteo, de Terra Nostra, que alçou Thiago ao posto de galã na Globo. Ao longo dos seus anos de tevê, ele alternou personagens de destaque e protagonistas. “Mudei muito nesses 20 anos. É normal. Vamos vivendo, fazendo novas coisas e nos transformando. Sou muito diferente do que era há 20 anos. Fiz 40 anos e estou parando para repensar a vida. Rever meus conceitos e valores. É uma mudança bem-vinda e benéfica”, explica. A carreira de Thiago Lacerda é extensa. Ao longo de pouco mais de duas décadas na tevê, o ator passeou por tipos românticos, estrangeiros, históricos e antagonistas. No entanto, aos 40 anos, ele ainda vê uma variada possibilidade de trabalhos inéditos no futuro. “Tenho muitos personagens que desejo fazer. Se eu for listar, vamos ficar aqui para sempre (risos). Tem muita história boa para ser contada ainda na televisão”, explica. O dramaturgo inglês William Shakespeare, inclusive, está entre os principais projetos de Thiago. Nos últimos anos, o ator esteve envolvido com alguns textos do escritor, como Hamlet, Medida por Medida e Macbeth. Ao lado do diretor Ron Daniels, ele pretende se aprofundar em novas obras. “A gente ainda não terminou nossa pesquisa com Shakespeare. Vamos preparar novos projetos para colocar em cartaz em breve. O Daniels foi um grande parceiro que ganhei nesses últimos anos”, planeja. Em “Orgulho & Paixão”, você volta ao posto de mocinho da trama após alguns vilões. O que o atraiu para o projeto? Thiago Lacerda - Fiquei encantado como esse personagem lida com a dissonância do tempo e com o fato de ter pensamentos tão avançados para a época. Além disso, acho importante a discussão da obra de Jane Austen e a importância do espaço feminino nas relações. Também pude voltar a contracenar com a Nathalia e eu adoro estar em cena com ela. Temos uma química muito bacana. O personagem Darcy é baseado no protagonista homônimo de Orgulho & Preconceito, escrito pela inglesa Jane Austen. Como foi seu processo de construção para o papel? A própria obra da Jane Austen já oferecia muita base para o personagem. Por isso, me debrucei sobre os livros. Mas tentei aplicar um pouco de Darcy Ribeiro também para dar uma abrasileirada no papel. Os livros são uma inspiração e um ponto de partida. O Marcos (Bernstein) não tem responsabilidade com a obra original. Ele apresenta referências, mas desdobra a história de um jeito próprio e novo. Achei isso muito interessante. Na história, apesar de estarem apaixonados, Darcy e Elisabeta vivem em uma eterna incompatibilidade de gênios. Como essa relação de amor e ódio dos dois funciona? Diria que o Darcy e a Elisabeta me lembram Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare. Os dois têm um temperamento muito parecido, mas a Elisabeta está à frente do Darcy em questão de pensamento. Ela funciona como a evolução do Darcy. Eles têm um encontro e uma identificação imediata, mas, por conta da turbulência do momento, não se entendem. Vão ser muitos encontros e desencontros até o final da novela. O Darcy é um personagem com muitos conflitos. Como assim? Ele é um homem da cidade, do mundo e um industrial inglês, mas, ao mesmo tempo, é um humanista. Esse elemento provoca o conflito. Como ser um homem de negócios no auge da industrialização e ainda manter características humanas? Ele tenta estabelecer um equilíbrio nessa relação, mas é algo complexo e que se choca em determinados momentos. Darcy é um homem que pertence a uma época, mas com um pensamento muito à frente. Apesar de ter alguns vilões no currículo, você ficou conhecido pelos tipos heroicos e românticos. Em relação às possibilidades cênicas, como se sente mais uma vez no posto de mocinho da história? Acho que o mocinho é muito difícil de ser feito. Como já conheço os caminhos do herói, meu desafio é como passear por essa trajetória de forma nova e fresca. Precisa ser um trabalho vivo e revelador. Como se eu nunca tivesse feito esse papel. Isso mantém você atento e curioso com o projeto. Estava com saudade de fazer um mocinho. Por quê? Venho de uma leva de vilões nos últimos trabalhos. O Ciro, de A Lei do Amor, foi um personagem complicado de lidar. Eu sofria bastante com as barbaridades que falava para o Tarcísio Meira em cena. Agora, em Orgulho & Paixão, nós fazemos pai e filho e temos uma relação mais tranquila. Estamos no caminho da luz (risos). O Darcy veio para lavar a minha alma. Você frequentemente é escalado para viver galãs. Como lida com esse rótulo? Nunca me senti galã e não será agora, aos 40, que passarei a me preocupar com isso. Isso é algo que vem de fora e a gente precisa aprender a lidar. É algo que escuto desde o início da minha carreira. As pessoas têm uma necessidade de etiquetar. Como ator, meu papel é não me preocupar com o que está escrito na etiqueta. Meu trabalho sempre manteve o foco nos personagens e nas histórias. O que me interessa mesmo é contar boas histórias. Esse foi o compromisso que firmei comigo e com a minha carreira. É nisso que gosto de estar imerso e tenho prazer. Você está na tevê desde 1997, quando estreou em Malhação, e mantém uma frequência constante de trabalhos. Em algum momento, você pensa em desacelerar sua atividade no vídeo? Acho que a idade traz a necessidade de me preservar cada vez mais. Ficar no silêncio. A vida do showbiz ou de figuras públicas tem muito ruído. Minha personalidade tem a necessidade do silêncio. Talvez esse seja um caminho cada vez mais concreto na minha vida, em que eu queira ficar sozinho, com meus livros, filmes e filhos. A gente trabalha muito e tem uma rotina muito puxada. Sempre trabalhei bastante e, quando paro, me dou o direito de ficar com meus filhos porque eles sentem esse dia a dia corrido também. INSTANTÂNEAS Thiago Lacerda praticou natação dos 3 aos 18 anos e ganhou cerca de 150 medalhas em diversos campeonatos. Atuando ao lado de Maurício Destri, que vive o ingênuo Camilo de Orgulho & Paixão, Thiago e o ator dividiram o mesmo papel em A Lei do Amor. Thiago já interpretou três italianos nas novelas: Matteo, de Terra Nostra, Giuseppe Garibaldi, de A Casa das Sete Mulheres, e o Toni, de Joia Raia. O ator também interpretou Giuseppe Garibaldi na peça A República em Laguna. 4 Thiago Lacerda praticou natação dos 3 aos 18 anos e ganhou cerca de 150 medalhas em diversos campeonatos. 4 Atuando ao lado de Maurício Destri, que vive o ingênuo Camilo de Orgulho & Paixão, Thiago e o ator dividiram o mesmo papel em A Lei do Amor.4 Thiago já interpretou três italianos nas novelas: Matteo, de Terra Nostra, Giuseppe Garibaldi, de A Casa das Sete Mulheres, e o Toni, de Joia Raia.4 O ator também interpretou Giuseppe Garibaldi na peça A República em Laguna.