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Associação lança livro 100 Melhores Filmes Brasileiros

Em formato retangular, como livro de arte, e fartamente ilustrado, a publicação reúne textos dos mais importantes críticos e estudiosos de cinema em atividade sobre os filmes que mais se destacaram

João Nunes
30/08/2016 às 20:41.
Atualizado em 22/04/2022 às 22:35
Selton Mello em Lavoura Arcaica (2001), apontado pela crítica como um dos melhores filmes brasileiros (Cedoc/RAC)

Selton Mello em Lavoura Arcaica (2001), apontado pela crítica como um dos melhores filmes brasileiros (Cedoc/RAC)

A Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), o Canal Brasil e a Editora Letramento lançam nesta quinta -feira, dentro da programação do 44º Festival de Cinema de Gramado, o livro 100 Melhores Filmes Brasileiros. Em formato retangular, como livro de arte, e fartamente ilustrado, a publicação reúne textos dos mais importantes críticos e estudiosos de cinema em atividade sobre os filmes que mais se destacaram na história de nossa cinematografia. Com 440 páginas e acabamento luxuoso, é um livro para permanecer e ser estudado e discutido, diz Paulo Henrique Silva, presidente da Abraccine e organizador do livro. “Daqui a dez anos, ainda estaremos falando dele, sobre a perspectiva de um cinema em determinada época”, afirma. O diferencial do livro, diz ele, vai além do mero ranking quando se vê a qualidade dos textos de viés ensaístico. “Demos total liberdade aos autores para se aprofundarem ou buscarem algum recorte. Alguns desses ensaios certamente se tornarão referência na análise dos filmes abordados”. Segundo Paulo, houve, por parte dos críticos, postura reticente com movimentos como Chanchada, Boca do Lixo, cinema erótico e filmes populares como dos Trapalhões, e percebe-se a valorização da Retomada. “São textos que reconhecem a importância da busca por caminhos diferentes e de uma linguagem baseada na pluralidade identitária brasileira. Não se trata de um único, mas de vários Brasis”. Este é o primeiro de uma série de livros sobre cinema e atividade crítica que a Abraccine pretende lançar, lembra o presidente da entidade cuja meta é fazer um lançamento por semestre. “É uma maneira de valorizar o exercício crítico e a discussão de cinema, principalmente o brasileiro, cada vez mais alijados da mídia”. O objetivo é alternar livros mais comerciais com trabalhos “que lancem luz para um nome ou tema do cinema brasileiro ainda pouco estudado”. O próximo será sobre Jean-Claude Bernardet, um dos maiores estudiosos de cinema do mundo, que completa 80 anos em 2016. O ranking é resultado de votação entre os associados da Abraccine, entidade criada em 2011, e convidados. O arco é amplo e parte de Limite, de Mário Peixoto, a mais antiga produção presente na lista, lançada em 1931, e analisado por Enéas de Souza, até chegar a produções recentes como Que Horas Ela Volta?, de Anna       Muylaert, analisado por Adriana Androvandi. É a primeira vez que uma publicação reúne, nesse tipo de seleção, curtas-metragens, representados por obras como Di, de Glauber Rocha, e Ilha das Flores, de Jorge Furtado, com textos de Amanda Aouad e André Dib, respectivamente. O crítico de cinema do Correio Popular também participa da publicação, tendo escrito um ensaio sobre Lavoura Arcaica (Luis Fernando Carvalho, 1998) (leia trecho nesta página). Campinas, a propósito, é a única cidade que não é capital que tem um integrante na Abraccine. Canal Brasil O importante parceiro do livro é o Canal Brasil. Entre as comemorações do canal, que completa 18 anos neste mês, está prevista uma mostra que vai ao ar a partir do dia 12, sempre à meia-noite e quinze, com vinte dos cem filmes do livro. TRECHO Lavoura Arcaica faz sensível reflexão sobre o tempo a partir do próprio título. “O tempo e suas águas inflamáveis, esse rio largo que não cansa de correr, lento e sinuoso”, dizia o patriarca da família no sonolento sermão à mesa do jantar debaixo de enorme relógio na parede. “O tempo é versátil, faz diabruras, brincava comigo, se espreguiçava provocadoramente, era um tempo só de esperas”, evoca o André adulto rememorando a infância feliz. Toda a história é narrada por um André maduro que recorre ao passado e faz acerto de contas com o tempo. “O tempo, esse algoz às vezes suave, às vezes mais terrível, demônio absoluto conferindo qualidade a todas as coisas, é ele ainda hoje e sempre quem decide e por isso a quem me curvo cheio de medo”, diz André. ***Do capítulo dedicado a Lavoura Arcaica, de autoria do crítico João Nunes SAIBA MAIS 100 Melhores Filmes Brasileiros Ed. Letramento R$ 79,90 Lançamento nesta quinta em Gramado; disponível nas principais livrarias do País

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